Homeopatia é alternativa para a agricultura familiar

O desenvolvimento sustentável é o objetivo do projeto que tem como foco principal os produtores orgânicos.

Flávia Martini

Um projeto de extensão, coordenado pelo professor Carlos Bonato, agrônomo do Departamento de Biologia, está capacitando pequenos produtores rurais para o uso da homeopatia na agricultura familiar.

As pesquisas, que começaram a ser desenvolvidas há cinco anos, deram subsídios para dez monografias, para a criação de um grupo de estudos e resultaram no projeto que conta com um laboratório e uma cartilha editada com apoio do CNPq.

O grupo trabalha ministrando palestras e cursos a famílias de agricultores, técnicos e agrônomos. Os interessados em utilizar a homeopatia, para combater pragas e doenças em plantas ou corrigir água e solo contaminados e até tratar animais, aprendem a preparar os medicamentos na propriedade. O projeto já atendeu cerca de mil agricultores, a grande maioria no Oeste paranaense, onde o grupo trabalha em parceria com o Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor, de Marechal Cândido Rondon.

Na região Noroeste algumas propriedades também estão sendo atendidas. É o caso da Fazenda Santa Juliana, em Sarandi, que cultiva orgânicos e estava infestada por saúvas. Em Cruzeiro do Oeste, o problema é com formigas lava-pés em culturas orgânicas de acerola. “Os resultados têm sido animadores, uma vez que não existem métodos eficientes de combate a esses insetos nem na agricultura convencional”, diz o extensionista rural Marcos André Collet.

O medicamento, uma solução que utiliza o próprio inseto como substância, é colocado nos olheiros dos formigueiros. “É uma aplicação prática e apesar de as formigas não morrerem ficam desorientadas e acabam se reintegrando ao ambiente. Trata-se de uma ferramenta e tanto, pois é simples e tem se mostrado eficiente”, dizem Bonato e Collet.

Outro resultado importante foi constatado na cultura da uva. Depois da poda, a planta entra em um processo natural denominado dormência. “Para que ela desperte e brote é necessário o uso de um produto químico, comprovadamente cancerígeno e mutagênico, e nós conseguimos um homeopático que quebra a dormência sem impacto ambiental”, afirma Bonato.

Cultivo Orgânico – O pesquisador diz que, nas palestras ministradas a pequenos produtores rurais, descobriu que a maioria partiu para o cultivo orgânico depois de contaminação severa por agrotóxicos. Estes defensivos e os adubos solúveis são os dois grandes vilões da agricultura convencional: ambos contaminam o homem e o ambiente, atingindo solos, nascentes de rios e lençóis freáticos quando utilizados de maneira irracional e desenfreada. “Só para se ter uma idéia, durante o ciclo da maçã, são entre 20 e 30 aplicações de agrotóxicos. E se conhecemos os malefícios para quem aplica e para o ambiente, não sabemos ao certo quais os efeitos cumulativos no organismo de quem consome esses alimentos”, constata.

Práticas como a agricultura orgânica e a homeopatia surgiram para mudar esse contexto, segundo Bonato. “Por atuar de forma integrada, restabelecendo o equilíbrio dos seres vivos e do ambiente, a homeopatia é uma grande aliada da agricultura orgânica, que não admite produtos químicos e é a modalidade de cultivo que mais cresce no Paraná, em torno de 30% ao ano”, acrescenta.

Na visão do pesquisador, a homeopatia tem potencial até para ser utilizada na agricultura convencional. Ele observa que a Universidade Federal de Viçosa também realiza pesquisas na área e é parceira da UEM. Lá, já foram defendidos 16 trabalhos entre dissertações de mestrado e teses de doutorado, com alto rigor científico. “Em Minas, a homeopatia é utilizada, por exemplo, em mais de um milhão de pés de café”, diz Bonato.

Equilíbrio – Na opinião do pesquisador, é fácil trabalhar uma cultura convencional. “O agricultor usa adubos e aplica venenos e acabou a história. Com a orgânica é muito mais complicado e por isso ela está se estabelecendo na pequena propriedade”, diz. Ele observa, entretanto, que se um grande produtor não tem como transformar uma cultura convencional em orgânica, de uma vez só, pode começar em uma pequena parte da propriedade e aprender com o sistema. É como em um doente acostumado com antibiótico. Primeiro ele precisa se desintoxicar para então encontrar a harmonia e começar a produzir. O mesmo ocorre com a homeopatia. “No Oeste do Paraná, por exemplo, nosso projeto presta assistência à uma propriedade com 200 hectares de soja orgânica”, diz. E a técnica, além de equilibrar o ambiente como um todo, garante bons índices de produtividade, tem ainda custo muito baixo, uma grande vantagem, principalmente para os pequenos produtores. “O uso da homeopatia na agricultura é uma realidade, pois é baseado em fatos e resultados concretos, não há mais como negá-la”, finaliza.

Fonte: http://www.jornal.uem.br

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