A sonda espacial IBEX (Interstellar Boundary Explorer – Explorador da fronteira interestelar), lançada há exatamente um ano, começou a traçar o primeiro mapa da fronteira entre o Sistema Solar e o espaço exterior. E a revelar muitas surpresas.
A IBEX coletou dados durante seis meses, o que já foi suficiente para questionar as teorias atuais sobre a heliosfera – uma espécie de “bolha” formada pelas emanações de partículas solares, o chamado “vento solar” – e fornecer informações para as quais ainda não houve tempo suficiente para a fundamentação de novas teorias.
Fronteira do Sistema Solar
O “vento solar” é uma corrente de partículas carregadas que viajam continuamente a partir do Sol em todas as direções. É como se esse “vento” inflasse uma gigantesca bolha no espaço – é essa bolha que se chama heliosfera, a região do espaço dominada pela influência do Sol e no interior da qual ficam os planetas.
Ao mesmo tempo, nosso Sistema Solar move-se velozmente ao redor do centro da Via Láctea, o que o faz colidir com “ventos interestelares,” uma chuva de partículas emitidas pelas outras estrelas.
Em um determinado ponto, ainda não precisamente localizado no espaço, o vento solar e o vento interestelar se encontram. O local onde suas pressões se equivalem determina a fronteira do Sistema Solar.
Formato da heliosfera
Desta forma, traçar a fronteira do Sistema Solar equivale a desenhar o formato da heliosfera. Esse formato tem sido alvo de acalorados debates há décadas. Os únicos dados concretos disponíveis até hoje haviam sido coletados pelas duas sondas Voyager, os primeiros objetos construídos pelo homem a deixar o Sistema Solar.
Viajando em direções opostas, as duas históricas Voyager fizeram descobertas surpreendentes quando cruzaram a fronteira do Sistema Solar. Mas seus instrumentos já antigos, e o fato de tomarem medidas de apenas dois pontos de uma “bolha” de proporções descomunais, não deixavam dúvidas de que os dados pontuais eram insuficientes para quaisquer conclusões definitivas.
Átomos energéticos neutros
Ao contrário da maioria das sondas e telescópios espaciais, que coletam luz, a IBEX coleta partículas. Mais especificamente, partículas chamadas átomos energéticos neutros – ENA na sigla em inglês (Energetic Neutral Atoms).
Os átomos energéticos neutros são criados na região da fronteira interestelar quando as partículas eletricamente carregadas e quentes do “vento solar” colidem com as partículas frias do “vento interestelar,” roubando-lhes um elétron. Essa colisão não produz luz em nenhum comprimento de onda que pudesse ser observada pelos telescópios.
Já os ENAs viajam na direção do Sol com velocidades que variam entre 160.000 km/h e quase 4 milhões de km/h. A sonda IBEX possui dois detectores de ENAs. Orbitando a Terra e rotacionando de forma precisa, a sonda captou esses átomos neutros energéticos vindos de todas as direções, traçando o primeiro mapa de grande precisão do que acontece nessa zona de choque de partículas.
Mapa da heliosfera
Usando também dados da sonda Cassini, que está observando Saturno desde 2004, o grupo de cientistas da IBEX construiu 14 mapas que colocaram os dados das sondas Voyager em seu devido contexto, demonstrando a importância da obtenção de medições globais.
“Pela primeira vez, nós estamos colocando nossas cabeças para fora da atmosfera do Sol e começando a entender realmente nosso lugar na galáxia,” comemorou o Dr. David McComas, coordenador da missão IBEX.
Em vez de uma heliosfera circular e homogênea, os dados indicam a presença de uma faixa estreita e extremamente “brilhante” serpenteando pelo céu – onde brilhante não se refere a nenhuma luz, mas a uma elevada concentração de átomos energéticos neutros.
Nessa faixa, a energia dos ENAs varia entre 0,2 e 0,6 keV (kiloeletron volts) e a atividade dos átomos energéticos neutros é de duas a três vezes maior do que no restante da heliosfera.
“Nós esperávamos ver variações espaciais pequenas e graduais na fronteira interestelar, a cerca de 16 bilhões de quilômetros de distância da Terra. Entretanto, a IBEX está nos mostrando uma faixa muito estreita que é duas a três vezes mais brilhante do que qualquer outro objeto no céu,” disse McComas.
Novas teorias
Apesar dos seis artigos científicos publicados nesta sexta-feira a partir dessas medições iniciais, os cientistas afirmam que será necessário mais tempo para que se entenda perfeitamente os dados coletados pela IBEX.
O formato da heliosfera, por exemplo, ainda não encontrou um consenso entre os cientistas. “Os resultados da IBEX são absolutamente extraordinários, com emissões que não podem ser explicadas por nenhuma teoria existente,” diz McComas.
Entretanto, como a faixa parece ter seu desenho traçado pelo campo magnético interestelar, fora da heliosfera, as observações sugerem que o ambiente interestelar tem muito mais influência sobre o formato da heliosfera do que qualquer teoria existente até hoje sugeria.
Viagens espaciais do futuro
A sonda também foi a primeira a coletar hidrogênio e oxigênio do meio interestelar, o que ajudará os cientistas a terem uma ideia mais precisa sobre a composição do espaço além das fronteiras do Sistema Solar.
Estas observações são importantes para as viagens espaciais do futuro pois, da mesma forma que a atmosfera terrestre nos protege da radiação do espaço exterior, a heliosfera protege o Sistema Solar dos raios cósmicos interestelares.
Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br
Fronteira do Sistema Solar possui uma faixa brilhante e
misteriosa
Mapa espacial
A sonda espacial IBEX (Interstellar Boundary Explorer –
Explorador da fronteira interestelar), lançada há
exatamente um ano, começou a traçar o primeiro mapa da
fronteira entre o Sistema Solar e o espaço exterior. E a
revelar muitas surpresas.
A IBEX coletou dados durante seis meses, o que já foi
suficiente para questionar as teorias atuais sobre a
heliosfera – uma espécie de “bolha” formada pelas
emanações de partículas solares, o chamado “vento solar”
– e fornecer informações para as quais ainda não houve
tempo suficiente para a fundamentação de novas teorias.
Fronteira do Sistema Solar
O “vento solar” é uma corrente de partículas carregadas
que viajam continuamente a partir do Sol em todas as
direções. É como se esse “vento” inflasse uma gigantesca
bolha no espaço – é essa bolha que se chama heliosfera, a
região do espaço dominada pela influência do Sol e no
interior da qual ficam os planetas.
Ao mesmo tempo, nosso Sistema Solar move-se velozmente ao
redor do centro da Via Láctea, o que o faz colidir com
“ventos interestelares,” uma chuva de partículas emitidas
pelas outras estrelas.
Em um determinado ponto, ainda não precisamente
localizado no espaço, o vento solar e o vento
interestelar se encontram. O local onde suas pressões se
equivalem determina a fronteira do Sistema Solar.
Formato da heliosfera
Desta forma, traçar a fronteira do Sistema Solar equivale
a desenhar o formato da heliosfera. Esse formato tem sido
alvo de acalorados debates há décadas. Os únicos dados
concretos disponíveis até hoje haviam sido coletados
pelas duas sondas Voyager, os primeiros objetos
construídos pelo homem a deixar o Sistema Solar.
Viajando em direções opostas, as duas históricas Voyager
fizeram descobertas surpreendentes quando cruzaram a
fronteira do Sistema Solar. Mas seus instrumentos já
antigos, e o fato de tomarem medidas de apenas dois
pontos de uma “bolha” de proporções descomunais, não
deixavam dúvidas de que os dados pontuais eram
insuficientes para quaisquer conclusões definitivas.
Átomos energéticos neutros
Ao contrário da maioria das sondas e telescópios
espaciais, que coletam luz, a IBEX coleta partículas.
Mais especificamente, partículas chamadas átomos
energéticos neutros – ENA na sigla em inglês (Energetic
Neutral Atoms).
Os átomos energéticos neutros são criados na região da
fronteira interestelar quando as partículas eletricamente
carregadas e quentes do “vento solar” colidem com as
partículas frias do “vento interestelar,” roubando-lhes
um elétron. Essa colisão não produz luz em nenhum
comprimento de onda que pudesse ser observada pelos
telescópios.
Já os ENAs viajam na direção do Sol com velocidades que
variam entre 160.000 km/h e quase 4 milhões de km/h. A
sonda IBEX possui dois detectores de ENAs. Orbitando a
Terra e rotacionando de forma precisa, a sonda captou
esses átomos neutros energéticos vindos de todas as
direções, traçando o primeiro mapa de grande precisão do
que acontece nessa zona de choque de partículas.
Mapa da heliosfera
Usando também dados da sonda Cassini, que está observando
Saturno desde 2004, o grupo de cientistas da IBEX
construiu 14 mapas que colocaram os dados das sondas
Voyager em seu devido contexto, demonstrando a
importância da obtenção de medições globais.
“Pela primeira vez, nós estamos colocando nossas cabeças
para fora da atmosfera do Sol e começando a entender
realmente nosso lugar na galáxia,” comemorou o Dr. David
McComas, coordenador da missão IBEX.
Em vez de uma heliosfera circular e homogênea, os dados
indicam a presença de uma faixa estreita e extremamente
“brilhante” serpenteando pelo céu – onde brilhante não se
refere a nenhuma luz, mas a uma elevada concentração de
átomos energéticos neutros.
Nessa faixa, a energia dos ENAs varia entre 0,2 e 0,6 keV
(kiloeletron volts) e a atividade dos átomos energéticos
neutros é de duas a três vezes maior do que no restante
da heliosfera.
“Nós esperávamos ver variações espaciais pequenas e
graduais na fronteira interestelar, a cerca de 16 bilhões
de quilômetros de distância da Terra. Entretanto, a IBEX
está nos mostrando uma faixa muito estreita que é duas a
três vezes mais brilhante do que qualquer outro objeto no
céu,” disse McComas.
Novas teorias
Apesar dos seis artigos científicos publicados nesta
sexta-feira a partir dessas medições iniciais, os
cientistas afirmam que será necessário mais tempo para
que se entenda perfeitamente os dados coletados pela
IBEX.
O formato da heliosfera, por exemplo, ainda não encontrou
um consenso entre os cientistas. “Os resultados da IBEX
são absolutamente extraordinários, com emissões que não
podem ser explicadas por nenhuma teoria existente,” diz
McComas.
Entretanto, como a faixa parece ter seu desenho traçado
pelo campo magnético interestelar, fora da heliosfera, as
observações sugerem que o ambiente interestelar tem muito
mais influência sobre o formato da heliosfera do que
qualquer teoria existente até hoje sugeria.
Viagens espaciais do futuro
A sonda também foi a primeira a coletar hidrogênio e
oxigênio do meio interestelar, o que ajudará os
cientistas a terem uma ideia mais precisa sobre a
composição do espaço além das fronteiras do Sistema
Solar.
Estas observações são importantes para as viagens
espaciais do futuro pois, da mesma forma que a atmosfera
terrestre nos protege da radiação do espaço exterior, a
heliosfera protege o Sistema Solar dos raios cósmicos
interestelares.
http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.ph
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sa&id=010830091016&ebol=sim
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