[ CAPÍTULO 6 ]
Com o pequeno histórico no qual avançamos bastante, podemos ao menos começar a discutir o tema desse livro: a eterna validade da alma. Mesmo quando estamos explorando outros temas, estaremos tentando ilustrar o aspecto multidimensional desse ser interior. Há muitos conceitos errôneos relacionados a isso e, primeiro de tudo, devemos tentar descartá-los.
Primeiro, uma alma não é algo que você tenha. Ela é algo que você é. Normalmente uso o termo “entidade”, ao invés do termo “alma”, simplesmente porque esses conceitos errôneos não são particularmente relacionados à palavra “entidade” e suas conotações são menos religiosas em termos de sentido organizacional.
O problema é que normalmente você considera a alma, ou entidade, como uma coisa finda, estática, que lhe pertence mas que não é você. A alma ou entidade – em outras palavras, sua mais intima e poderosa identidade interior está e precisa estar sempre mudando. Não é algo, no entanto, como uma peça de herança apreciada. É viva, responsiva, curiosa. Ela forma a vividez e o mundo que você conhece e ela está num estado de vir a ser.
Agora, na realidade tridimensional na qual seu ego tem seu foco principal, vir a ser pressupõe chegada, ou um destino – um final para o qual existe o estado de vir a ser. Mas a alma, ou entidade, tem sua existência basicamente em outras dimensões e nelas a completude não depende da chegada a nenhum ponto, espiritual, ou ao contrario.
A alma, ou entidade, está sempre num estado de fluxo, ou de aprendizado, e de desenvolvimentos que têm a ver com a experiência subjetiva mais do que com o tempo ou espaço. Isso não é tão misterioso quanto pode soar. Cada um de meus leitores joga um jogo no qual a consciência egotista do eu finge não saber o que o eu completo definitivamente sabe. Considerando que o ego é definitivamente uma parte do eu completo, então necessariamente ele deve estar basicamente atento a tal conhecimento. Em seu intenso foco na realidade física, porém, finge não saber, até que se sinta capaz de utilizar a informação em termos físicos.
Você tem acesso ao ser interior, no entanto. Você é cortado abruptamente de sua alma ou entidade. O ego prefere considerar a si mesmo o capitão no leme, por assim dizer, já que é o ego que na maioria das vezes lida com os tumultos marítimos momentâneos da realidade física e ele não quer ser distraído nesta tarefa.
Canalizações, psicológicas e físicas, sempre existem, enviando comunicações aqui e ali através dos vários níveis do eu e o ego aceita essa informação necessária da porção do interior da personalidade, sem questionar. Sua posição, de fato, depende em grande parte dessa aceitação sem questionamentos da informação interior.
O ego, em outras palavras, o eu “exterior” que você pensa como seu eu – aquela porção de você, mantém sua segurança e seu aparente comando precisamente porque as camadas interiores de sua própria personalidade constantemente o apóiam, mantendo o corpo físico em operação e mantendo comunicação com os numerosos estímulos que vêm de ambos os lados, das condições interiores e das condições exteriores. A alma, ou entidade, não é diminuída, mas expandida através das reencarnações, através da existência e da experiência nas realidades prováveis – algo que explicarei adiante.
É apenas porque você tem uma concepção altamente limitada de sua própria entidade que você insiste na quase estéril singularidade. Há milhões de células em seu corpo, mas você chama seu corpo de uma unidade e o considera seu mesmo. Você o forma, de dentro para fora e, ainda assim, você o forma de substancia viva e cada partícula mínima tem sua própria consciência de vida. Há partículas de matéria e a esse respeito há partículas de consciência, individuais cada uma delas, com seu próprio destino, habilidades e potenciais. Não há limitações para sua própria entidade; consequentemente, como sua entidade, ou alma, teria fronteiras, pois fronteiras fechariam-na e lhe negariam a liberdade.
Geralmente parece que a alma é pensada como uma pedra preciosa, a ser apresentada, finalmente, como um presente para Deus, ou considerada como algumas mulheres costumavam considerar suas virgindades – algo altamente premiado que precisa ser perdido; a perda disso, sendo significada como um bom presente para quem recebe.
Em muitas filosofias esse tipo de idéia ainda é retida – a alma retornando para um doador primário, ou sendo dissolvida no estado nebuloso de algum lugar entre ser e não ser. Porém, a alma é, em primeiro lugar, criativa. Ela pode ser discutida a partir de muitos pontos de vista. Suas características podem ser dadas até certo ponto e, realmente, a maioria de meus leitores encontraria essas características por si mesmos se eles estivessem altamente motivados o bastante e se essa fosse sua principal preocupação. A alma, ou entidade, é a mais altamente motivada, a mais altamente energizada e a mais potente unidade de consciência conhecida em qualquer universo.
É energia concentrada num nível bastante inacreditável para você. Ela contém potenciais ilimitados, mas ela precisa trabalhar sua própria identidade e formar seus próprios mundos. Dentro de si ela carrega o fardo de todo o ser. Consigo estão os potenciais de personalidade além de sua compreensão. Lembre-se, isso é sua própria alma, ou entidade, da qual estou falando, bem como da alma ou entidade em geral. Você é uma manifestação de sua própria alma. Quantos de vocês quereriam limitar sua realidade, toda sua realidade, à experiência que agora você conhece? Você faz isso quando imagina que seu eu atual é sua personalidade inteira, ou insiste em que sua identidade seja mantida inalterada através da infinita eternidade. Tal eternidade realmente estaria morta.
Sob muitas formas a alma é um deus incipiente e, mais à frente neste livro, discutiremos o “conceito deus”. Por agora, porém, estaremos interessados simplesmente na entidade ou alma, o eu maior que sussurra, até mesmo agora, nos recessos escondidos da experiência de cada leitor. Espero, nesse livro, não apenas assegurar-lhe da eterna validade de sua alma, ou entidade, mas ajudá-lo a sentir sua realidade vital dentro de si mesmo. Primeiro, porém, você precisa ter alguma idéia de sua própria psicologia e estrutura física. Quando você entender que até certo ponto quem você é, então poderei explicar mais claramente quem e o que eu sou. Espero lhe familiarizar com esses aspectos profundamente criativos de seu próprio ser, assim você pode usá-los para estender e expandir toda sua experiência.
Muitos indivíduos imaginam que a alma seja um ego imortalizado, esquecendo-se que o ego, como você o conhece, é apenas uma pequena porção do eu, assim essa seção da personalidade é simplesmente projetada progressivamente, ad infinitum, por assim dizer. Porque as dimensões de sua realidade são tão pouco entendidas, seus conceitos são compelidos à limitação. Ao considerar “imortalidade”, o gênero humano parece esperar por um desenvolvimento egoísta e, ainda, ele contesta a idéia de que tal desenvolvimento pode envolver mudança. Ele diz, através de suas religiões, que tem uma alma realmente, sem mesmo perguntar o que uma alma é, e frequentemente ele parece considerar, novamente, a alma como um objeto de sua possessão.
Agora a personalidade, mesmo como você a conhece, constantemente muda, e nem sempre de modos antecipados – freqüentemente, na realidade, de modos imprevisíveis. Você teima em focar sua atenção sobre as semelhanças que são tecidas através de seu próprio comportamento; e sobre essas semelhanças você constrói uma teoria de que o eu segue um padrão que você, ao contrário, transpôs. E o padrão transposto lhe impede de ver o eu como ele realmente é. Então, você também projeta esse ponto de vista distorcido em sua concepção da realidade da alma. Então, você pensa na alma, sob a luz de concepções errôneas que você mantém considerando até mesmo a natureza de seu eu mortal.
Até mesmo o eu mortal, você vê, é mais milagroso e maravilhoso do que você percebe; e possui muito mais habilidades do que você imputa a ele. Você ainda não entende a verdadeira natureza da percepção, nem mesmo no que o eu mortal está interessado, e por isso você mal pode entender as percepções da alma. Pois a alma, acima de tudo, percebe e cria. Lembre-se novamente que você é uma alma agora. A alma dentro de você, portanto, está percebendo agora. Seus métodos de percepção são os mesmos agora que foram antes de seu nascimento físico, e como serão após sua morte física. Basicamente, sua porção interna, as coisas da alma, não mudará repentinamente seus métodos de percepção, tampouco suas características após a morte física.
Você pode descobrir o que a alma é agora, portanto. Ela não é algo esperando por você em sua morte, tampouco algo que você precisa salvar ou remir, e ela também não é algo que você possa perder. O termo “perder ou salvar sua alma” tem sido grosseiramente mal interpretado e distorcido, pois ela é a sua parte que realmente é indestrutível. Entraremos nesse assunto particular numa parte do livro onde falamos sobre religião e o conceito deus.
Sua própria personalidade, como você a conhece, aquela porção de você que você considera muito preciosa, exclusivamente você, também nunca será destruída ou perdido. É uma porção da alma. Não será engolida pela alma, nem apagada por ela, tampouco, por outro lado, pode ao menos ser separada. Ela é, não obstante, o único aspecto de sua alma. Sua individualidade, independente da forma como você a pense, continua a existir em seus termos.
Ela continua a crescer e a se desenvolver, mas seu crescimento e desenvolvimento são altamente dependentes de sua realização que, embora seja distinta e individual, é também uma manifestação da alma. Na extensão em que ela entende isso, ela aprende a se desdobrar em criatividade e a usar essas habilidades que são inerentes a ela.
Agora, infelizmente, seria muito mais fácil simplesmente lhe dizer que sua individualidade continua a existir e deixar por isto. Embora isso compusesse uma parábola bastante razoável, foi dito dessa forma particular antes e há perigos na mesma simplicidade do conto. A verdade é que a personalidade que você é agora e a personalidade que você tem sido e será – nos termos em que você entende “tempo” –, todas essas personalidades são manifestações da alma, de sua alma.
Sua alma então, a alma que você é – a alma de quem você é parte – essa alma é um fenômeno muito mais criativo e miraculoso do que você previamente supôs. E quando isso não é claramente entendido, e quando o conceito é enfraquecido em causa da simplicidade, como mencionado anteriormente, então a intensa vitalidade da alma nunca pode ser entendida. Sua alma, então, possui a sabedoria, a informação e o conhecimento que é parte da experiência de todas essas outras personalidades; e você tem dentro de si o acesso a essa informação, mas apenas se você percebe a verdadeira natureza de sua realidade. Deixe-me enfatizar novamente que essas personalidades existem independentemente no íntimo e são partes da alma, e cada uma delas é livre para criar e se desenvolver.
Há uma comunicação interna, porém, e o conhecimento de uma está disponível para qualquer outra – não depois de morte física, mas agora, em seu momento presente. Agora a própria alma, como mencionado anteriormente, não é estática. Ela cresce e se desenvolve, até mesmo através da experiência dessas personalidades que a compõem, e ela é, para ser tão simples quanto possível, mais do que a soma de suas partes.
Agora, não há nenhum sistema fechado na realidade. Em seu sistema físico a natureza de suas percepções limita sua idéia de realidade até certo ponto, porque você, propositalmente, decide focar dentro de um determinado “local”. Mas, falando basicamente, a consciência nunca pode ser um sistema fechado, e todas as barreiras de tal natureza são ilusão. Então, a própria alma não é um sistema fechado. Porém, quando você considera a alma, você normalmente pensa nela em tal luz – inalterável, uma fortaleza física ou espiritual. Mas fortalezas não apenas mantém invasores distantes, elas também previnem a expansão e o desenvolvimento.
Há muitos assuntos aqui muito difíceis de expressar em palavras, pois você é tão temeroso de seu senso de identidade que resiste à idéia de que a alma, por exemplo, é um sistema espiritual aberto, um poço de energia de criatividade que se lança em todas as direções – e, ainda, é realmente este o caso.
Digo-lhe isto, e ao mesmo tempo o lembro de que sua personalidade presente nunca é perdida. Agora, outra palavra para a alma é entidade. Você vê, não é uma simples questão de lhe dar uma definição de uma alma ou entidade, para, ao menos, ter um vislumbre, em termos lógicos, de que você a entenderia em termos espirituais, psíquicos e eletromagnéticos, e entendesse a natureza básica da consciência, bem como da ação. Mas você pode, intuitivamente, descobrir a natureza da alma, ou entidade, e de muitos modos o conhecimento intuitivo é superior a qualquer outro tipo.
Uma condição prévia para tal compreensão intuitiva da alma é o desejo de alcançá-la. Se o desejo for bastante forte, então você será conduzido automaticamente a experiências que resultarão em conhecimento vívido, inconfundivelmente subjetivo. Há métodos que o permitirão fazer isto, e eu lhe darei alguns mais ao fim deste livro.
Por agora, eis um exercício bastante efetivo mas simples. Feche seus olhos após ter lido este capítulo neste ponto, e tente sentir dentro de você a fonte de poder da qual sua própria respiração e forças de vida vêm. Alguns de você farão isto com sucesso na primeira tentativa. Outros podem levar mais tempo. Quando você sentir dentro de si mesmo essa fonte, então tente sentir este fluxo de poder externo através de todo o seu ser físico, através das pontas dos dedos das mãos e dos pés, através dos poros de seu corpo, em todas as direções, consigo mesmo como centro. Imagine os raios sem diminuí-los, alcançando, através das folhagens e das nuvens acima, através do centro da terra, abaixo, estendendo-se até mesmo para alcances mais distantes do universo.
Agora, não quero dizer que esse seja um exercício meramente simbólico, pois embora ele possa começar com a imaginação, ele é baseado em fatos e as emanações de sua consciência e a criatividade de sua alma alcançam o externo realmente dessa maneira. O exercício lhe dará alguma idéia da verdadeira natureza, criatividade e vitalidade da alma, a partir da qual você pode tirar sua própria energia e da qual você é uma porção individual e única.
Esta discussão não tem a intenção de ser uma apresentação esotérica com um pouco de sentido prático em sua vida diária. O fato é que enquanto você mantém conceitos limitados de sua própria realidade, então você não pode praticamente tirar vantagem de muitas habilidades que são suas; e embora você tenha um conceito limitado da alma, em certo ponto você se priva da fonte de seu próprio ser e da criatividade.
Agora estas habilidades operam, saiba você disso ou não, mas frequentemente elas operam a despeito de você, melhor ainda com sua cooperação consciente; e frequentemente, quando você se pega usando-as, você se torna amedrontado, desorientado, ou confuso. Não importa o que lhe foi ensinado, você precisa entender, por exemplo, que, basicamente falando, percepções não são físicas na forma como o termo é comumente usado. Se você se pegar percebendo a informação através de outros que não sejam seus sentidos físicos, então você precisa aceitar o fato de que essa é a forma como a percepção trabalha.
O que freqüentemente acontece é que sua concepção de realidade é tão limitada que você teme sempre que percebe qualquer experiência que não se ajusta à sua concepção. Agora, não estou falando meramente das habilidades livremente chamadas de “percepção extra-sensorial”. Essas experiências lhe parecem extraordinárias apenas porque você negou por muito tempo a existência de qualquer percepção que não vinha através dos sentidos físicos.
A denominada percepção extra-sensorial lhe dá uma idéia crua e distorcida das formas básicas, nas quais o ser interior recebe a informação; mas os conceitos construídos ao redor da percepção extra-sensorial são, no mínimo, próximos da verdade e, como tais, representam um aperfeiçoamento sobre a idéia de que toda percepção é basicamente física.
Agora, é quase impossível separar uma discussão sobre a natureza da alma de uma discussão sobre a natureza da percepção. Muito brevemente, deixe-nos revisar alguns pontos: Você forma a matéria física e o mundo físico que você conhece. Na verdade pode ser dito que os sensos físicos criam o mundo físico, nisso eles o forçam a perceber um campo disponível de energia em condições físicas, e impõe um padrão altamente especializado neste campo de realidade. Usando os sensos físicos, você pode perceber realidade de nenhum outro modo.
Na verdade, pode ser dito que os sentidos físicos criam o mundo físico, no qual o forçam a perceber um campo disponível de energia em termos físicos, e impõem um padrão altamente especializado neste campo de realidade. Usando os sentidos físicos, você não pode perceber a realidade sob nenhum outro modo.
Esta percepção física não altera a percepção livre, nata, básica, que é a característica do ser interior, a porção do ser interior da alma que está dentro de você. O ser interior conhece sua relação com a alma. Ele é uma porção do eu que atua, você poderia dizer, como um mensageiro entre a alma e a personalidade presente. Você precisa também perceber que embora eu use termos como “alma” ou “entidade”, “ser interior” e “personalidade presente”, faço isso apenas em causa da conveniência, pois um é parte do outro; não há nenhum ponto onde um comece e outro termine.
Você pode ver isso facilmente por si mesmo se você considerar a forma com a qual os psicólogos usam os termos “ego”, “subconsciente” e até mesmo “inconsciente”. O que parece subconsciente num instante pode ser consciente no próximo. Um motivo inconsciente pode também ser consciente num certo ponto. Mesmo nesses termos, sua experiência deve lhe dizer que as palavras por si mesmas fazem divisões que não existem em sua própria experiência.
Você vê para perceber exclusivamente através de seus sentidos físicos e, ainda assim, você tem apenas que estender suas idéias egoísticas da realidade e encontrará seu ser egoísta aceitando bastante prontamente a existência da informação não física.
Quando isso acontece, suas próprias idéias sobre sua própria natureza mudarão automaticamente e se expandirão, pois você removeu as limitações de seu crescimento. Agora, qualquer ato da percepção muda o percebedor, e muda a alma, considerada como um percebedor, também precisa mudar. Não há divisões reais entre o percebedor e a coisa aparentemente percebida. De muitos modos, a ciosa percebida é uma extensão do percebedor. Isso pode parecer estranho, mas todos os atos são mentais, ou, se você preferir, atos psíquicos. Essa é uma explicação extremamente simples; mas o pensamento cria a realidade. Então, o criador do pensamento percebe o objeto e não entende a conexão entre si mesmo e a coisa aparentemente separada.
Essa característica de materializar pensamentos e emoções em realidades físicas é um atributo da alma. Agora, em sua realidade, esses pensamentos são feitos físicos. Em outras realidades, eles podem ser “construídos” de uma forma inteiramente diferente. Sua alma, que é você, constrói sua realidade física diária para você a partir da natureza de seus pensamentos e expectativas.
Então, você pode ver prontamente quão importante seus sentimentos subjetivos realmente são. Este conhecimento – de que seu universo é construção de idéia – pode, imediatamente, lhe dar pistas que o permitem mudar seu ambiente e as circunstâncias vantajosamente. Quando você não entende a natureza da alma e não percebe que seus pensamentos e sentimentos formam a realidade física, então você se sente impotente para mudar isto. Em capítulos posteriores deste livro, espero lhe dar algumas informações praticas que lhe permitirão alterar praticamente a mesma natureza e estrutura da vida diária.
A alma percebe toda a experiência diretamente. A maioria das experiências, da qual você está atento, vem empacotado em envoltório físico e você pega o envoltório pela experiência em si e não pensa em olhar dentro do pacote. O mundo que você conhece é um de materializações infinitas deduzido pela consciência, e como tal é válido.
Porém, a alma não precisa seguir as leis e princípios que são uma parte da realidade física, e isto não depende de percepção física. As percepções da alma são de atos e eventos que são mentais, que mentem, por assim dizer, sob eventos físicos, como você os conhece. As percepções da alma não são dependentes do tempo porque o tempo é uma camuflagem física e não se aplica à realidade não física.
Agora, é difícil lhe explicar como a experiência direta na verdade trabalha, pois ela existe – um campo totalmente perceptivo, inocente das pistas físicas como cor, tamanho, peso e sentidos, com os quais são percepção física é vestida.
Palavras são usadas para contar uma experiência, mas elas obviamente não são a experiência que tentam descrever. Sua experiência subjetiva física é tão envolvida com pensamentos em palavras, no entanto, que é quase impossível para você conceber uma experiência que não seja um pensamento orientado através de palavras.
Agora, cada evento ao qual você está atento já é uma tradução de um evento interior, um evento psíquico ou mental que é percebido diretamente pela alma, mas traduzido pelas porções fisicamente orientadas do eu em termos de sentidos físicos.
Sem contar que a alma não requer um corpo físico para os propósitos da percepção; que a percepção não é dependente dos sentidos físicos; que a experiência continua, esteja você nessa vida ou noutra; e também que os métodos básicos da percepção da alma estão também operando com você agora mesmo em que você está lendo esse livro.
Sua experiência no sistema físico é dependente da forma física e dos sentidos físicos – novamente, porque eles interpretam a realidade e traduzem-na em informações físicas. Algumas sugestões da experiência direta da alma podem ser ganhas através do não uso momentâneo dos sentidos físicos – recusando-se a usá-los como percebedores e usando outros métodos. Agora, você faz isso num certo ponto no estado de sonho, mas mesmo aí, em muitos sonhos você ainda tende a traduzir a experiência em termos físicos alucinatórios. A maioria dos sonhos dos quais você se recorda é dessa natureza.
Em certos níveis do sono, no entanto, a percepção da alma opera relativamente livre de obstáculos. Você bebe, por assim dizer, do puro bem da percepção. Você se comunica com os níveis de seu próprio ser e com a fonte de sua criatividade.
Estas experiências, não sendo traduzidas fisicamente, não permanecem de manhã. Você não se lembra delas como sonhos. Sonhos, no entanto, podem ser formados da informação adquirida durante o que chamaremos de “profundidade da experiência”. Esses não serão exatos ou com uma tradução próxima da experiência, mas mais próximos da natureza de parábolas do sonho – uma coisa inteiramente diferente.
Agora, esse nível particular de consciência, ocorrido no estado de sono, não foi definido por seus cientistas. Durante esse nível, energia é gerada, que faz com que o estado de sonho em si mesmo seja possível. É verdade que os sonhos permitem que o eu fisicamente orientado digira a experiência corrente, mas também é verdade que a experiência atual seja devolvida a seus componentes iniciais. Isso acontece separadamente, por assim dizer. Porções dela são retidas como informações físicas passadas dos sentidos, mas toda a experiência retorna a seu estado direto inicial.
Ela existe, então, “eternamente”, separada da veste física que você precisa de forma a entendê-la. A existência física é um modo que a alma escolhe para vivenciar sua própria realidade. A alma, em outras palavras, criou um mundo para que você resida e possa mudar – uma esfera completa de atividades nas quais novos desenvolvimentos e, de fato, novas formas de consciência possam emergir.
De certa forma, você continuamente cria sua alma conforme ela continuamente cria você. Agora, a alma nunca é diminuída, tampouco qualquer porção do eu.
A alma pode ser considerada como um campo de energia eletromagnética do qual você é parte. É um campo de ação concentrada quando você considerá-la sob esta luz – um poço de energia de probabilidades ou ações prováveis, buscando ser expressa; um agrupamento de consciência não física que, não obstante, se conhece como uma identidade. Olhe desse modo: A jovem mulher através de quem falo, uma vez, declarou em um poema que agora cito uma parte: “Estes átomos falam, e se chamam meu nome”.
Agora, seu corpo físico é um campo de energia com uma certa forma, porém, e quando alguém lhe pergunta seu nome, seus lábios falam isto – e, ainda, o nome não pertence aos átomos e moléculas nos lábios que proferem as sílabas. O nome só tem significado para você. Dentro de seu corpo você não pode pôr seu dedo em sua própria identidade. Se você pudesse viajar dentro de seu corpo, você não poderia achar onde sua identidade reside, contudo você diz “Este é meu corpo” e “Este é meu nome”.
Se você não pode ser encontrado, nem mesmo por você mesmo, dentro de seu corpo, então onde está essa sua identidade que reivindica manter as células e órgãos como seus mesmos? Sua identidade, obviamente, tem alguma conexão com seu corpo, já que você não tem problema em distinguir entre seu corpo e a cadeira, digamos, sobre a qual você pode sentar.
De uma maneira geral, a identidade da alma pode ser vista a partir do mesmo ponto de vista. Ela sabe quem é e é mais certa de sua própria identidade, de fato, do que seu eu físico é da identidade dele. E ainda agora, onde neste campo de energia eletromagnética a identidade da alma pode ser encontrada?
Ela regenera todas as outras porções de si mesmo e lhe dá a identidade que é sua própria. E quando se pergunta a ela “quem é você?”, ela simplesmente responderia “Eu sou eu”, e estou respondendo por você também.
Agora, em termos psicológicos, como você entende, a alma poderia ser considerada como uma identidade principal que é em si mesma uma gestalt de muitas outras consciências – um eu ilimitado que é, ainda, capaz de se expressar em muitas formas e modos e, ainda, manter sua própria identidade, seu próprio estado de “ser infinito”, embora ela esteja consciente de que seu estado de infinitude possa ser uma parte de outra parte infinita. Agora, estou certo que isso pode ser inconcebível para você, mas o fato é que essa infinitude é retida, muito embora possa estar, figurativamente falando, agora fundida e viajando através de outros campos de energia. Há, em outras palavras, uma intercambiação entre almas ou entidades, e possibilidades infinitas, ambas de desenvolvimento e expansão. Novamente, a alma não é um sistema fechado.
É apenas porque sua presente existência é tão altamente focada numa área estreita, que você coloca tais limitações severas sobre suas definições e o eu; e então projeta essas limitações sobre seus conceitos de alma. Você se preocupa com sua identidade física e limita a extensão de suas percepções por medo de não poder lidar com mais e reter o que compõem seu eu.
A alma não é temerosa de sua identidade. Ela é segura sobre si mesma. De fato, ela se procura. Ela não teme ser oprimida pela experiência da percepção.
Se você tivesse um entendimento mais completo sobre natureza de identidade, você não temeria, por exemplo, a telepatia, pois atrás desse interesse está a preocupação de que sua identidade será varrida pelas sugestões ou pensamentos alheios.
Nenhum sistema psicológico é fechado, nenhuma consciência é fechada, a despeito de quaisquer aparências contrarias em seu próprio sistema. A alma é um viajante e assim tem sido dito frequentemente; mas ela é também a criadora de toda a experiência e de todos os destinos, em seus termos. Ela cria mundos, por assim dizer.
Agora, essa é a verdadeira natureza do ser psicológico do qual você é parte. Como mencionado anteriormente, mais à frente nesse livro, lhe darei algumas sugestões práticas que lhe permitirão reconhecer algumas de suas próprias habilidades mais intimas e poderá utilizá-las para seu próprio desenvolvimento, prazer e educação.
A consciência, basicamente, não é construída sobre esses preceitos de bem e mal que tanto lhe preocupam. Consequentemente, tampouco a alma. Isso não significa que em seu sistema, e em alguns outros, esses problemas não existam e que o bem não seja preferível ao mal. Isso significa simplesmente que a alma sabe que o bem e o mal são apenas diferentes manifestações de uma realidade muito maior.
Quero enfatizar novamente que embora tudo isso soe difícil ao ser dito, fica muito mais claro intuitivamente quando você aprende a experiência do que você é, pois se você não pode viajar dentro de seu corpo físico para encontrar sua identidade, você pode viajar através de seu eu psicológico.
Há maravilhas muito maiores a serem percebidas através dessa exploração interior do que você pode possivelmente acreditar até que você comece tal jornada por si mesmo. Você é uma alma; você é uma manifestação particular de uma alma e é tolice pensar que você precisa permanecer ignorando sobre a natureza de seu próprio ser. Você pode não ser capaz de colocar seu conhecimento claramente, em palavras, mas isso não negará, de forma nenhuma, o valor, ou a validade, da experiência que será sua, uma vez que você comece a olhar interiormente.
Agora, você pode chamar isso de exploração espiritual, psicológica ou psíquica, como você preferir. Você não estará tentando encontrar sua alma. A esse respeito não há nada a encontrar. Ela não está perdida, você não está perdido. As palavras que você usa podem não fazer diferença, mas sua intenção realmente faz.
Seth
Por Jane Roberts
Seth Speaks
Tradução: Luciene Lima, São Paulo, SP, Brasil.
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