Cientista brasileiro desenvolve método revolucionário de dessalinizar a água

Pesquisador de SC inventa método com bambu para tornar água potável

O pesquisador e ambientalista Galdino Santana de Limas mostra que a biotecnologia brasileira está na vanguarda da ciência biológica mundial e já tem solução para um dos problemas mais candentes da atualidade: a escassez de água potável no planeta.

O biólogo de Laguna, litoral catarinense, desenvolveu, depois de mais de nove anos de pesquisas, uma nova tecnologia de dessalinização utilizando o trabalho de microrganismos. As técnicas convencionais de dessalinização, além de consumirem muita energia, deixam enormes resíduos que causam grave desequilíbrio ambiental. A cada um milhão de metros cúbicos de água dessalinizada por estes métodos sobram meia tonelada de resíduos.

Pela nova técnica, desenvolvida por Galdino, sobram apenas 250 gramas. Além disso, o custo é 70% menor, informa o pesquisador. “O dessalinizador pelo sistema [convencional] de osmose reversa, ou a nanofiltração, além do problema do resíduo, tem uma operação caríssima – e as membranas que são utilizadas hoje no Brasil são importadas”, afirma o biólogo.

O professor Galdino se diz muito gratificado por “estar contribuindo para que a Humanidade supere problemas tão graves como a falta de água potável. “Água não é só para o consumo humano. Ela é necessária para tudo aquilo que o ser humano consome. Então, a água, na realidade, é a essência da vida. Ou nós fazemos um estudo voltado para a vida, que é a água, ou vamos perder a vida por falta de água”, alerta o biólogo. “Fico feliz em estar deixando essa contribuição para as pessoas, principalmente as mais necessitadas”, concluiu.

A técnica, que utiliza microrganismos para a extração de sal da água do mar, já foi testada e aprovada pelos principais órgãos de controle e Universidades do país. Ela será implantada ainda este ano em Pernambuco e no Balneário de Camboriú, em Santa Catarina. A nova tecnologia, além de representar uma grande inovação científica, é acessível, não demanda consumo de energia e nem necessita de manutenção.

Galdino é autor de outras importantes descobertas biológicas, entre elas a técnica, conhecida como “SISNATE”, de tratamento de efluentes, utilizando também a biotecnologia. Este método, que será tratado em nossa próxima reportagem, já é um sucesso e está presente em mais de 560 localidades, dentro e fora do país. Com vocês, a nova descoberta do professor Galdino.

ENTREVISTA: SÉRGIO CRUZ E CLÓVIS MONTEIRO

Como o senhor chegou ao método de dessalinização da água através de microrganismos? Como ele funciona?

PROFESSOR GALDINO: O funcionamento já é uma coisa experimentada, testada em laboratório, testada inclusive em alguns projetos-piloto.O sistema convencional de dessalinizar a água gera uma salmoura muito forte. Setenta por cento daquilo que você dessaliniza da água do mar sobra como resíduo e, automaticamente, se você fizer uma dessalinização em grande escala, para cidades grandes, como São Paulo, Santos – principalmente as cidades litorâneas, onde há mais facilidade de fazer dessalinização – iria gerar um resíduo muito forte, com um impacto ambiental muito grande, ao devolver esse resíduo ao oceano.Daí a minha ideia de fazer um dessalinizador que não deixasse resíduo, e que fosse mais simplificado, através de microrganismos. Existiam alguns estudos – por exemplo, na Espanha – sobre como tirar sal do reboco das paredes de uma igreja. Não existia como fazer isso – ou se removia o reboco ou não havia como extrair o sal impregnado na parede. O que é que o pintor e os cientistas fizeram? Foram buscar microrganismos. Uma solução era aplicada na parede e começava a transformação dos sais. Procuramos, em nossa pesquisa, fazer um consórcio de outros microrganismos que também pudessem se alimentar e transformar os sais. Ao fazer esse consórcio, nós fizemos com que o processo ficasse mais rápido, porque o processo que os cientistas espanhóis desenvolveram era muito lento. Ele não serviria para dessalinizar a água do mar para a população beber. Com esse consórcio, conseguimos aprimorar o processo para 25 minutos, depois fomos para dois minutos, e, hoje, nós, em dois segundos, temos as condições, através de microrganismos, de dessalinizar a água do mar – ao fim desse tempo, ela está perfeita para ser consumida.

Mas esse tempo independe do volume?

PROFESSOR GALDINO: Independe do volume. O volume depende da bomba, mais ou menos potente, que vai puxar a água. Não há necessidade de se fazer uma coisa muito grande, até porque a costa litorânea é muito extensa, então podemos fazer vários dessalinizadores e adicionar essa água dessalinizada numa só adutora, para a distribuição em uma cidade de qualquer tamanho.

Dois segundos é o tempo que ela leva para passar…

PROFESSOR GALDINO: Para perder o sal. O recipiente pode ser o bambu, como pode ser qualquer outro tipo de material para meio de suporte. O bambu fornece o amido ao micro-organismo e tem uma resistência dentro d’água, comprovada cientificamente, de cerca de cem anos. Para uma coisa duradoura, o bambu serve. A água é a essência da vida. Sem água, ninguém vive. Temos que entender que, para produzir madeira, para produzir carne, para produzir frango, qualquer produto agrícola, nós dependemos de uma quantidade enorme de água. Água não é só para o consumo humano. Ela é necessária para tudo aquilo que o ser humano consome. Então, a água, na realidade, é a essência da vida. Ou nós fazemos um estudo voltado para a vida, que é a água, ou vamos perder a vida por falta de água.

Sobre a técnica de extração do sal, o senhor observou plantas que viviam em água salgada e localizou os microrganismos. Isso é seu ou já existia essa técnica?

PROFESSOR GALDINO: Estudos sobre os microrganismos, não. Se existem, ainda estão tão camuflados, que a gente não descobriu.

Na Austrália, houve um investimento gigantesco naquelas usinas de dessalinização, gerando uma resistência grande, porque é caríssimo, consome muita energia, polui muito, sobra muito resíduo…

PROFESSOR GALDINO: Começamos a fazer essa pesquisa há uns nove anos. Primeiro, pela necessidade que se tinha no Nordeste brasileiro, porque os poços artesianos lá, atingem até 50 metros de profundidade e extraem a água com um grau de salinização muito forte. Eu estava viajando por essa região e tive pena daquele povo. Fiquei comovido com aquela situação e prometi, naquela época, conversando com um superintendente local da Funasa, que ia buscar solução para isso. Eu tinha uma pesquisa que estava parada, mas disse que ia voltar a pesquisar, para trazer uma solução viável para aquela situação. Porque o dessalinizador pelo sistema de osmose reversa, ou a nanofiltração, além do problema do resíduo, tem uma operação caríssima – e as membranas, hoje, no Brasil são importadas. A USP, parece-me, está tentando fabricar alguma coisa parecida, mas ainda não atingiu o patamar de desenvolvimento tecnológico para produzir a membrana necessária à nanofiltração. Então, observei plantas diversas, diferenciadas, juncos e outras, que existem na beira do oceano. Observei que a raiz delas é salgada. Por que elas sobrevivem? Porque há algum microrganismo que faz a transformação daquele sal para que a planta possa se alimentar com uma água que seja aceitável.

Essas plantas não são adaptadas ao meio salino?

PROFESSOR GALDINO: São raras as plantas que se adaptam ao sal. Existem algumas – por exemplo, existe uma qualidade de junco que se adapta ao sal e ali não há microrganismos. Mas existem outros tipos de plantas que precisam de água doce para sobreviver. E essas plantas estão ali, dentro da água salgada. Por que elas sobrevivem? Porque há algum tipo de microrganismo na natureza que está propiciando a vida para elas – ou seja, faz a transformação da água salgada em água doce, para que a planta possa sobreviver. De posse dessa experiência, montamos um consórcio de microrganismos. O primeiro consórcio que montei usava um período muito extenso para reter o sal da água. Fui aperfeiçoando, buscando, consorciando mais microrganismos para atingir um nível que pudesse oferecer à população um tratamento adequado da água – e que fosse rápido para solucionar o problema de água potável da população.

O senhor foi experimentando para atingir um tempo reduzido…

PROFESSOR GALDINO: Sim, nós fomos fazendo experiências, não eu sozinho, mas uma equipe. Meu trabalho é feito junto com uma equipe de técnicos em nosso laboratório e no centro de pesquisas. Nosso objetivo é descobrir aquilo que facilite a vida do ser humano.

O microrganismo não deixa resíduo no processo. Para onde vai o sal?

PROFESSOR GALDINO: O sal se transforma, uma parte em gás, que é um gás benéfico, que não faz mal à natureza, e a outra se transforma em hidrogênio e oxigênio, que é a água.

Então, o resultado é completamente limpo?

PROFESSOR GALDINO: Muito limpo, por sinal. Com o nosso experimento, nosso método, nosso cálculo matemático, com um milhão de metros cúbicos de água dessalinizada apuramos de resíduo, e nem é sal, 250 gramas. São algumas impurezas que a água trás como sobrenadantes. A água do mar, quando é bem dessalinizada, tem uma grande vantagem: alguns tipos de patógenos, que fazem mal à saúde humana, já não sobrevivem ali.

O método poderia ser implantado em larga escala nas cidades costeiras?

PROFESSOR GALDINO: Não só poderia, como vai ser implantado em larga escala. Inclusive em alguns outros países – como Dubai e a Coreia do Sul. Pretendemos implantar, também, no Balneário de Camboriú, que, em época de temporada, ultrapassa um milhão de habitantes. Uma cidade relativamente pequena, mas que é muito visitada por turistas. Na alta temporada, há um alto consumo de água.

Os métodos convencionais de dessalinização consomem uma energia gigantesca. O seu método também tem esse problema?

PROFESSOR GALDINO: Não. É zero o consumo de energia. O consumo de energia que existe é o necessário para bombear a água do mar. Mas isso é comum a todos os métodos. Não fazemos destilação, por isso o consumo de energia é zero. A água passa por um processo em três reatores e sai pronta para o consumo.

E a manutenção?

PROFESSOR GALDINO: A manutenção é zero. Se der um problema na bomba, você tem que trocar a bomba. Quando você tem um processo como este, de captação de água para consumo, não há uma bomba só, são colocadas duas bombas. Uma fica de reserva. Quando uma desconecta, você coloca a outra para funcionar.

Os microrganismos duram…

PROFESSOR GALDINO: Eu dou garantia de 50 anos. Depois disso, eu não sei. Mas acredito que dura muito mais do que isso.

Seu método já está patenteado?

PROFESSOR GALDINO: Nós fizemos uma patente, sim, até por segurança, para se proteger de outros países. Mas, para ser bem sincero, não levei muito a sério o fator financeiro. Levei mais a sério as dificuldades que enfrentava o povo brasileiro. Visitei também alguns outros países e observei a necessidade do povo carente de ter uma água potável de boa qualidade. Não para o rico, porque o rico já tem. Ele pode pagar caro, porque tem recursos para isso. Mas os pobres, para atingirem uma vida mais saudável, uma qualidade de vida melhor, precisam que alguém se interesse por eles, em fazer alguma coisa para eles. Mesmo que não tivesse feito um registro de patente, seria obrigado a evitar a exploração inadequada, que poderia ocorrer com o roubo da tecnologia. Mas, na realidade eu não pretendo levar isso para o túmulo. O que eu pretendo fazer é beneficiar uma boa camada da população. Já falei, e gosto de repetir, a gente vem ao mundo com a missão de deixar algo de importante para a Humanidade. Não é só passar por aqui, beber, comer, vestir e se divertir, e depois ir embora. A gente tem a obrigação de estudar, de pesquisar e de criar algo que venha a beneficiar a Humanidade. Nós não viemos aqui à toa. Nós viemos aqui para cumprir uma missão. E essa missão tem que ser cumprida com dedicação, com seriedade, com socialismo. Tem gente que só pensa no seu bem estar e não pensa nos outros. Não podemos ser assim, nós nascemos para pensar no bem estar de todos que convivem conosco aqui neste planeta.

fontes:
http://www.horadopovo.com.br
http://g1.globo.com

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2 Respostas

  1. O professor Galdino é um dos poucos com consciência coletiva. Parabéns…

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