‘O homem mais rico da história’, de quem você talvez nunca tenha ouvido falar

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Se estivesse vivo hoje, Jakob Fugger (1459-1525) seria, calcula-se, mais rico que Bill Gates, Warren Buffet, Carlos Slim e Mark Zuckerberg juntos.

O banqueiro alemão – apelidado de “O rico” – chegou a acumular, ao longo da vida, uma fortuna equivalente ao que hoje seriam US$ 400 bilhões (R$ 1,2 trilhão), segundo o biógrafo Greg Steinmetz.

Ex-editor do Wall Street Journal, Steinmetz considera Fugger o homem mais rico da história, e foi esse o título que deu ao livro que escreveu sobre o banqueiro em 2015.

Embora muitas pessoas levantem ressalvas à comparação da riqueza em diferentes períodos históricos, de uma coisa Steinmetz se diz seguro: “Jakob Fugger foi sem dúvida o mais poderoso banqueiro de todos os tempos”, disse ele à BBC Mundo, o serviço da BBC em espanhol.

Em que ele baseia essa afirmação?

“No Renascimento, a época em que Fugger viveu, o mundo era controlado por duas figuras: o imperador romano e o papa. E Fugger financiou os dois”, diz o biógrafo.

Na avaliação de Steinmetz, nenhum banqueiro em toda a história teve tanta influência sobre o poder político como Fugger.

“Fugger decidiu que o rei da Espanha, Carlos 1º, deveria ser o imperador de Roma e o fez vencer a eleição (com o nome de Carlos 5º)”, disse ele. “Carlos 5º colonizou o Novo Mundo. A história não seria a mesma se não tivesse chegado ao poder.”

Desconhecido

Como se explica então que poucos tenham ouvido falar de Jakob Fugger? E que, em vez disso, saibamos tanto sobre alguns de seus contemporâneos, como os Médici, os irmãos César e Lucrécia Bórgia ou Nicolau Maquiavel?

Uma das razões, de acordo com Steinmetz, é que Fugger era alemão e não se tornou conhecido no mundo anglófono. E foi exatamente isso que motivou o autor a escrever sobre o banqueiro.

“Fui chefe da sucursal do Wall Street Journal em Berlim e ouvi uma menção a Fugger, mas não consegui encontrar um único texto em inglês sobre isso”, conta.

Mas talvez o principal motivo pelo qual poucos fora de seu país de origem conheçam a história desse homem é porque ele não era um personagem colorido, como os outros famosos citados de sua época.

Ele não tentou se tornar papa nem ocupar cargos políticos. Ele não patrocinou nenhum artista renascentista. Nem construiu palácios ou templos.

Fugger foi o primeiro comerciante que conseguiu ser nomeado conde.

Sua obra mais famosa é o Fuggerei: um projeto de habitação social que criou na cidade de Augsburg, no sul da Alemanha, e que continua conhecida porque quem vive ali paga um aluguel simbólico de US$ 1 por ano.

“Os banqueiros estão acostumados a trabalhar nos bastidores”, disse Steinmetz, sobre a baixa notoriedade do homem sobre quem escreveu.

Legado

Isso não significa que Jakob Fugger não tenha deixado a sua marca. Na verdade, sua influência pode ser sentida até hoje, embora muitos não saibam disso.

A seguir, cinco heranças importantes desse ilustre desconhecido:

O projeto de habitação social que Fugger criou na cidade de Augsburg continua 500 anos depois e é o lar de aposentados.

1. Criou a primeira multinacional

Em sua época, a atividade econômica era pequena. Os ricos viviam de suas terras e do trabalho dos camponeses, que recebiam proteção em troca. Fugger negociou direitos a mineiros em troca de seus empréstimos e, assim, conseguiu monopolizar o comércio de cobre e prata. Além disso, ele comercializou especiarias. Assim, foi um dos precursores do capitalismo.

2. Criou o primeiro serviço de notícias

Fugger sabia que a informação é valiosa e, portanto, queria acessá-la antes de seus concorrentes. Para isso, ele pagou mensageiros para trazer informações sobre a atividade comercial e política de diferentes cidades. Seus sucessores mantiveram a tradição e criaram o Fugger Newsletters, que alguns consideram um dos primeiros jornais da história.

3. Criou formas de financiar dinheiro que perduram até hoje

Os Médici, por exemplo, ja tinham bancos naquela época, mas a Igreja Católica não permitia o pagamento de juros, por considerá-lo ganância. Fugger convenceu o papa Leão 10 – um cliente seu – a suspender essa proibição e começou a oferecer uma taxa de juros de 5% ao ano para os clientes que depositavam dinheiro no seu banco de Augsburg.

4. Financiou exploradores

Ele tinha 33 anos quando Colombo descobriu a América. Interessado no potencial econômico dessas expedições, financiou a primeira viagem para a Índia. Ele também foi um dos financiadores da viagem ao redor do mundo de Fernão de Magalhães.

5. Acabou estimulando a Reforma Protestante

Um dos negócios que Fugger manteve com o Vaticano foi a venda de indulgências. Ele propôs uma forma de financiar a catedral de São Pedro. A metade dos rendimentos foi destinada a esse fim e a outra metade ficava com ele. Neste ano completam 500 anos desde que Martinho Lutero protestou contra esse negócio, dando origem à Reforma Protestante.

Fugger casou em 1498 com Sybille Arzt, de uma das famílias fundadoras de Augsburg. Eles não tiveram filhos e seus sobrinhos Anton e Raymund herdaram o negócio da família.

fonte: http://www.bbc.com

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Médicos deveriam ser pagos por salário, dizem especialistas

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Salário versus consulta

Enquanto a maioria das discussões sobre conflitos de interesse nas pesquisas e na prática da medicina se concentra na interação dos médicos com as empresas farmacêuticas e fabricantes de equipamentos, uma importante fonte de conflitos está sendo largamente ignorada na literatura sobre a ética médica e os conflitos de interesse: como os médicos são pagos.

Em um artigo publicado no Jornal da Associação Médica Norte-Americana, George Loewenstein (Universidade Carnegie Mellon) e Ian Larkin (Universidade da Califórnia em Los Angeles) destacam os problemas associados com os contratos de honorários por serviços que a maioria dos médicos tem hoje.

Esses esquemas de compensação, argumentam eles, criam incentivos para que os médicos requisitem mais e mais variados exames e tratamentos do que seria o ideal para os pacientes.

“Pagamentos por serviço têm consequências adversas que ofuscam aquelas dos pagamentos de empresas farmacêuticas e fabricantes de equipamentos, que têm recebido quase a totalidade da atenção na literatura de conflitos de interesse.

“Pagar os médicos para que eles trabalhem mais leva a um excesso de pedidos de exames e procedimentos, que causam danos que vão além dos custos monetários e tempo de fazê-los. Muitos, se não a maioria, dos testes e procedimentos causam dor e desconforto, especialmente quando eles dão errado,” disse Loewenstein.

Um dos pressupostos é que os médicos com pagamento fixo no final do mês darão mais atenção a cada paciente, e não os dispensarão rapidamente com um pedido de exames a fim de diminuir o tempo da consulta e poder atender um maior número de pacientes.

Exames e procedimentos demais

Loewenstein e Larkin argumentam que a maneira mais simples e eficaz de lidar com os conflitos causados por contratos com pagamentos por serviços é pagar os médicos com base em salários definidos.

Vários sistemas de saúde conhecidos pela alta qualidade de atendimento, afirmam eles, como a Clínica Mayo, a Clínica Cleveland e o grupo Kaiser na Califórnia – hospitais de grande prestígio nos EUA -, pagam aos médicos salários sem incentivos para o volume de serviços prestados.

E passar mais médicos para um esquema de remuneração baseado em salários pode ter benefícios não só para os pacientes, mas também para os próprios médicos.

“Os altos níveis de insatisfação no trabalho relatados por muitos médicos podem resultar, em parte, da necessidade de navegar pelas complexidades dos contratos de pagamentos por serviço,” disse Larkin. “Em vez de se concentrar em prover os melhores cuidados médicos possíveis aos pacientes, os médicos são obrigados a considerar as ramificações de suas decisões para seus próprios contracheques.”

http://www.diariodasaude.com.br

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Ideia de que iniciativa privada é melhor na saúde é uma grande falácia

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Investimentos em saúde

Na Grã-Bretanha, gasta-se 9,1% do PIB com saúde. Nos Estados Unidos, são 17,1% e subindo. [O Brasil gasta 3,6% do PIB em saúde].

Claro que nada vem de graça. Alguém tem que pagar. Mas, por enquanto (já que isso é uma outra história), a Grã-Bretanha goza de um sistema socializado, financiado principalmente mediante impostos e sem cobranças, ou com contas pequenas para remédios.

Nos Estados Unidos, entretanto, o sistema é fragmentado e particular, visando o lucro. Os rios de dinheiro gastos não vão fluindo para um resultado eficiente, a não ser para os acionistas. A expectativa de vida na Grã-Bretanha é de 81 anos – e somente 78,9 nos Estados Unidos [e no Brasil é de 73,6 anos].

A ideia de que a iniciativa privada é sempre a melhor e mais eficaz solução é uma das grandes falácias da nossa época.

Fica evidente, por exemplo, que o seu modelo de saúde é negativo para o povo dos Estados Unidos em resultados e, principalmente, em custos.

Cerca de 35% da sua população já enfrentou dificuldade financeira por causa de contas médicas. E a busca por lucro traz pressões para aumentar as cobranças para os saudáveis e limitar os tratamentos aos doentes – a velha história de oferecer o guarda-chuva quando está fazendo sol e retirá-lo na chuva.

Mais saúde, mais riqueza

Estima-se que o aumento de um ano na expectativa de vida é capaz de aumentar o PIB per capita em 4%, enquanto uma mão de obra mais saudável pode aumentar a produtividade de uma empresa de 20% a 47%.

Gastos com saúde, portanto, juntos aos com educação e infraestrutura, não são custos, mas investimentos. Faz sentido socializá-los até numa lógica puramente comercial, pois reduzem o custo de fazer negócios e aumentam a competitividade da economia.

O oposto acontece quando a iniciativa privada toma conta desses setores. Daí, haverá uma procura por renda, que faz tudo mais caro, tirando a competitividade.

Algumas atividades estratégicas, portanto, deveriam ser feitas pelo Estado – o que conduz a uma das perguntas mais importantes da atualidade: qual tipo de Estado?

Condições fundamentais para a iniciativa privada são um Estado de direito e a proteção dos ganhos, sem as quais ninguém vai investir. Adam Smith, o pai da economia clássica, sabia disso muito bem, embora muitos de seus chamados discípulos já tenham se esquecido…

O governo, escreveu Smith, “é, na realidade, instituído para a defesa dos ricos contra os pobres ou daqueles que têm alguma propriedade contra aqueles que não têm absolutamente nada”.

Contrassensos

Duas conclusões. Primeiro, quem mais se beneficia das ações do Estado deveria estar preparado para financiá-lo. A redução de impostos em cima das grandes empresas e os super-ricos é um grande contrassenso.

Segundo, o Estado é um ator integral na engrenagem. Qualquer modelo que considera o Estado uma interferência indesejada fica sem valor, pois postula uma situação que nunca existiu nem poderia existir.

Uma das lutas do século 21 é em prol de um Estado democrático, honesto e eficiente – aquele que criou o sistema de saúde na Grã-Bretanha seria um exemplo.

Foi um Estado mobilizado por guerra que, depois da vitória sobre os nazistas, conseguiu se direcionar para o bem comum. Ajudou nas lutas da [geração da] minha mãe, que nasceu em pobreza degradante, forneceu para os seus filhos oportunidades impensáveis pouco tempo antes e agora, embora sob ataque de forças poderosas, está ajudando num momento de necessidade.

É bastante possível que alguém que esteja lendo esse humilde artigo num iPhone – dos quais os componentes-chave (internet, GPS, tela sensível ao toque e outros) foram desenvolvidos com dinheiro público e depois entregues numa bandeja para a iniciativa privada.

O iPhone é, então, uma buginganga emblemática da época contemporânea.

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Os verdadeiros donos do mundo

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A economia mundial vive a maior crise em 80 anos. Ela destruiu milhões de empregos e impede o crescimento da maioria dos países. Ao mesmo tempo, o número de bilionários dobrou, e as fortunas deles também. Entenda por que a desigualdade social explodiu – e os efeitos disso sobre a sua vida.

Por Ricardo Lacerda e Robson Pandolfi

As 67 pessoas mais ricas do mundo têm US$ 1,72 trilhão. Tanto dinheiro quanto os… 3,5 bilhões mais pobres. Metade de toda a humanidade.

Este ano, um grupo de 130 pessoas se reuniu em Copenhague, capital da Dinamarca. Discutiram assuntos como economia global, mudanças climáticas, guerras. Fizeram previsões, debateram, traçaram estratégias. Parecia uma assembleia da ONU. Mas era um encontro do Grupo de Bilderberg: organização criada em 1954 para reunir as pessoas mais poderosas do planeta. Seu encontro anual, que não é aberto a ninguém da imprensa, reúne multibilionários e chefes de Estado e de Exércitos (este ano, os destaques foram o líder supremo da OTAN, aliança militar presente em 28 países, e o diretor-geral da NSA, a superagência de espionagem americana). “Estamos falando de uma rede global, mais poderosa do que qualquer país, e determinada a controlar a humanidade”, diz o russo Daniel Estulin, autor de um livro sobre o grupo. Ele pode estar exagerando um pouco. Mas é fato que os ultrarricos nunca tiveram tanta força. A economia mundial patina e não consegue se recuperar da megacrise de 2008, a maior dos últimos 80 anos. Ela começou com quebras de grandes bancos nos EUA, que deixaram um rombo estimado em US$ 2,7 trilhões, e se espalhou pelo planeta, gerando grandes ondas de desemprego e recessão – da qual as principais economias do mundo ainda não se recuperaram. Mas mesmo assim, em plena tempestade, o número de bilionários dobrou. Agora um pequeno grupo, com as 67 pessoas mais ricas do mundo, tem tanto dinheiro quanto os 3,5 bilhões de humanos mais pobres. É como se, financeiramente, metade do planeta coubesse dentro de um ônibus. A desigualdade de renda explodiu, e está se aproximando dos níveis que antecederam a Primeira Guerra Mundial. E isso tende a ser um problema para quase todo mundo.

ricoum

Mas antes: como chegamos a esse ponto? Afinal, se o mundo está em crise, todos perdem, certo? Mais ou menos. Na verdade, as crises têm o poder de concentrar renda, deixar os ricos mais ricos. E é fácil entender o porquê. Quando as coisas apertam, pessoas e empresas são obrigadas a se desfazer do seu patrimônio. Vendem imóveis pela metade do preço, liquidam ações por menos do que valem e, claro, saem perdendo. Quem ganha são uns poucos – que têm dinheiro para comprar tudo isso. “Para cada novo milionário, há muito mais gente que perde dinheiro. Em geral, quem mais sofre são os pobres e a classe média”, diz Rodolfo Olivo, professor de finanças da USP. Os mais ricos compraram ações e empresas pagando pouco, logo no estouro da crise, e ganharam com isso. De 2009 para cá o índice Dow Jones, que mede as principais ações das bolsas americanas, subiu 149%.

Ao mesmo tempo em que aumentava a concentração de renda, a crise emperrou as economias e instigou movimentos como o Occupy Wall Street – que começou como um protesto de 100 mil pessoas no centro financeiro de Nova York e chegou a 1.500 cidades pelo mundo.

Tudo isso teve uma consequência inédita: fez um livro de economia virar best -seller. O Capital no Século XXI, escrito pelo economista francês Thomas Piketty, é um catatau de quase 700 páginas, que analisa as economias de 20 países ao longo de mais de um século. É denso, complexo, difícil de ler. Mas se tornou número 1 na Europa e nos EUA, com centenas de milhares de cópias vendidas. No Brasil, foi lançado em novembro e imediatamente alcançou o segundo lugar (só perdendo para a biografia do líder religioso Edir Macedo). Piketty tem chamado a atenção – e causado furor – porque demonstrou, com estatísticas, que a desigualdade social está aumentando. E apresentou uma explicação para esse fenômeno.

O contraste entre ricos e pobres não surge do nada. Ele vem de uma força elementar: a diferença entre o capital e o trabalho. O capital (dinheiro, imóveis, fábricas, ações, bens) pode ser investido e gerar mais capital. Já o trabalho não tem esse poder multiplicador. E aí, diz Piketty, r > g. Essa fórmula, que foi inventada por ele, é bem simples. O “r” é o ganho médio que o capital consegue obter em um ano, por meio de investimentos. Já o “g” representa a taxa de crescimento da economia. Ou seja: se r é maior que g, quem tem capital para investir sempre ganha mais do que a economia como um todo. E fica com uma fatia cada vez maior do bolo. Já quem trabalha e recebe salário, ou seja a maioria das pessoas, fica com menos. E como dizia o refrão daquela música, “o de cima sobe e o de baixo desce”.

Nem sempre foi assim. Entre as décadas de 1950 e 1970, o processo foi inverso. O crescimento da economia era maior que o ganho dos investimentos (ou seja, g > r). O mercado financeiro lucrava menos do que a `economia real¿, embalada pela reconstrução da Europa e a explosão de prosperidade nos EUA. A desigualdade diminuiu. Mas a onda virou, e a distância entre ricos e pobres voltou a crescer.

No final dos anos 70, os presidentes das 350 maiores companhias do mundo ganhavam, em média, 30 a 40 vezes mais que os funcionários de base. Hoje, a diferença de salário entre o presidente e o peão passa de 300 vezes. Nos Estados Unidos, o salário médio dos trabalhadores encolheu de US$ 4 mil para US$ 2.750 (em valores reais, descontando a inflação do período) entre 1978 e 2010. Já a remuneração do 1% mais rico disparou: foi de US$ 25 mil para US$ 83 mil.

No Brasil, a concentração de renda caiu nos últimos 20 anos. Mas ainda é brutal. Somos o 13º país mais desigual do mundo (veja quadro na página 40), só perdendo para nações muito pobres, como Botsuana, Namíbia e Haiti. “Quanto maior é a desigualdade, mais altas são as taxas de homicídio, de uso de drogas, mortalidade infantil, doenças psiquiátricas e até de obesidade”, diz Richard Wilkinson, diretor da ONG britânica The Equality Trust. Reduzir a diferença entre ricos e pobres não é apenas uma questão humanitária ou ideológica. É importante para a saúde da própria economia. E quem diz isso não são pregadores esquerdistas: é o Fundo Monetário Internacional, que publicou um estudo mostrando como a desigualdade extrema tende a gerar crises, e o World Economic Forum – que reúne 700 líderes econômicos globais e este ano elegeu a desigualdade como o grande problema do mundo atual. Até o papa Francisco andou palpitando a respeito: para ele, a desigualdade “provocará uma explosão da violência” no mundo se não for contida.

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O DINHEIRO NO PODER

Os donos do mundo aproveitaram a crise e exploraram a diferença entre capital e trabalho para aumentar suas fortunas. Mas também podem recorrer a outros meios, como a política. A história está recheada de casos de multibilionários que usaram suas fortunas para moldar o destino da humanidade – e ficaram ainda mais ricos fazendo isso. No século 19, o banqueiro Nathan Rothschild foi o grande instigador da derrota de Napoleão na batalha de Waterloo. Ele comprou a maior parte dos títulos emitidos pelo Exército inglês para financiar a guerra. Cheio de dinheiro, e portanto de armas, o Exército foi ao front e venceu. Rothschild foi a primeira pessoa na Inglaterra a ficar sabendo. Sem avisar ninguém, saiu vendendo seus títulos. Os outros investidores acharam que a Inglaterra tinha perdido a guerra, e também venderam os titulos que possuíam. Isso derrubou os preços deles. Rothschild aproveitou para recomprar tudo, pagando baratíssimo. No dia seguinte, quando o resto do país foi informado da vitória, o valor dos papéis disparou. E Rothschild multiplicou sua fortuna em 20 vezes. Ela chegou a US$ 350 bilhões, em valores atuais. Dá mais de quatro Bill Gates.

Hoje, a influência dos überricos na política é mais sutil, mas igualmente forte. Um bom exemplo é o Tea Party, que surgiu nos Estados Unidos em 2009 – à primeira vista, como movimento popular. De repente, milhares de americanos estavam nas ruas para protestar contra coisas que os incomodavam. Só que ninguém estava reclamando da falta de saúde ou educação, ou de 20 centavos a mais na passagem do ônibus. As reivindicações eram mais ao gosto de empresários e banqueiros: redução de impostos, liberação nas emissões de CO2 (que, segundo o Tea Party, não é o responsável pelo aquecimento global) e fim do sistema de saúde gratuito que Barack Obama tentava implantar nos EUA.

Com inclinações tão ostensivas, era difícil que a máscara não caísse. A imprensa americana logo descobriu que, na verdade, o Tea Party tinha sido criado e era financiado pelos irmãos David e Charles Koch – que estão entre as dez pessoas mais ricas do mundo. Só neste ano, eles já compraram 43.900 espaços publicitários em TVs e rádios dos Estados Unidos para difundir mensagens políticas e apoiar determinados candidatos. Quando foram flagrados como criadores do movimento, os irmãos Koch não se abalaram. Admitiram tudo, e disseram que seu objetivo é melhorar a “qualidade de vida” da sociedade.

No Brasil, são notórios os casos de empresas ou de milionários que dão dinheiro para financiar partidos políticos: são as controversas doações de campanha. Nas últimas eleições, elas ultrapassaram a marca de R$ 1 bilhão, segundo o TSE. As dez empresas que mais doaram (JBS, Bradesco, Itaú, OAS, Andrade Gutierrez, Odebrecht, UTC Engenharia, Queiroz Galvão, Vale e Ambev) financiaram 70% de todos os deputados federais eleitos – 360 de 513, segundo levantamento do jornal O Estado de S. Paulo.

As doações são permitidas por lei. Mas podem causar distorções. Imagine que você foi eleito deputado. Certo dia, sua secretária avisa que há duas pessoas esperando você. Uma é um cidadão qualquer. A outra é um empresário que doou alguns milhões para a sua campanha (e de cuja ajuda você vai precisar na próxima eleição). “Quem você se sentiria mais pressionado a receber?”, pergunta Claudio Abramo, diretor da ONG Transparência Brasil. “Os grandes doadores exercem uma pressão muito maior sobre os políticos.” Uma possível saída seria limitar ou proibir as doações privadas e financiar as campanhas com dinheiro público, como já acontece em países como Suécia e França. Isso ajudaria a conter a influência dos empresários. Mas a medida também tem seu lado polêmico, pois consumiria recursos públicos. O valor do financiamento poderia ser fixado por lei, obrigando as campanhas a gastar menos do que hoje. Isso enfrentaria grande resistência da classe política, e o financiamento público não é uma panaceia – pois candidatos mal-intencionados sempre poderiam receber dinheiro por fora, por meio de caixa 2.

De toda forma, quem tem força econômica nem sempre precisa manipular os políticos. Às vezes, pode obrigá-los a fazer as coisas. Como o megainvestidor George Soros, 24º. homem mais rico do mundo. Ele fez fortuna comprando e vendendo ações e títulos do mercado financeiro – doa a quem doer. Sua maior demonstração de poder foi a quebra do Banco da Inglaterra. O banco, que foi fundado no século 17, é o equivalente inglês ao nosso Banco Central. Controla a economia e a moeda. Em 1992, a Inglaterra tinha feito um pacto com outros países da Europa. Ela se comprometeu a manter sua moeda, a libra esterlina, numa cotação igual ou superior a 2,77 marcos alemães (o euro ainda não existia). Se o valor caísse abaixo disso, o Banco da Inglaterra era obrigado a intervir. O objetivo era reduzir as oscilações econômicas na Europa. Mas Soros viu nisso uma grande oportunidade para lucrar.

Sem chamar a atenção, ele foi pegando empréstimos e comprando libras esterlinas. Acumulou o equivalente a US$ 10 bilhões. Aí, no dia 16 de setembro de 1992, vendeu todas. Jogou tudo de uma vez no mercado. Como havia excesso de libras, a cotação delas despencou. Em pânico, o Banco da Inglaterra tentou aumentar os juros e comprar libras para defender a moeda. Mas Soros era mais forte. O governo inglês foi obrigado a abaixar a cabeça e aceitar a desvalorização da libra. No dia seguinte Soros recomprou, pagando menos, tudo o que tinha vendido – e ganhou US$ 1 bilhão com isso. O episódio ficou conhecido como “Quarta-feira Negra”. “Os grandes acertos de Soros foram saber quem iria perder”, escreve o historiador Niall Ferguson em A Ascensão do Dinheiro – A História Financeira do Mundo (Editora Planeta). Naquela ocasião, o perdedor foi a Inglaterra. Mas não foi o único caso do tipo. Esse jogo, em que grandes investidores forçam os países a desvalorizar suas moedas, começou na Tailândia, se espalhou por vários países da Ásia, chegou à Rússia e veio parar no Brasil. Em 1999, depois de sofrer um ataque similar, o Banco Central foi obrigado a abandonar o sistema de bandas cambiais, que estipulava uma variação máxima para a cotação do real.

E aí está outro problema da superconcentração de renda: ela permite que megainvestidores, como Soros, tenham força para mexer com a moeda de um país inteiro. Hoje, estima-se que haja mais de US$ 600 trilhões aplicados no mercado financeiro, dez vezes mais do que na chamada “economia real”. O dinheiro que fica dentro do mercado, e não é investido em empresas e projetos, só serve para fabricar mais dinheiro. Não movimenta a economia. “Não contribui para a inovação, a capacidade empresarial, a criação de empregos”, diz o economista Evilásio Salvador, professor da Universidade de Brasília.

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A UNIÃO FAZ A FORÇA

Os ultrarricos nem sempre exercem seu poder na política, ou no mercado financeiro. Eles também influem sobre as coisas que você compra. Os produtos e serviços são fornecidos por um número cada vez menor de empresas – porque elas estão se juntando umas às outras. Entre 2002 e 2005, o Brasil teve uma média de 384 fusões e aquisições por ano, segundo estudo da consultoria Price Waterhouse Coopers (PwC). De 2006 a 2009, essa média subiu para 646. De 2010 a 2013, chegou a 783. A concentração empresarial está acontecendo no mundo inteiro, em todos os setores da economia. Por exemplo: no final dos anos 50, a França tinha 20 montadoras de automóveis. Hoje, apenas duas (Renault e Peugeot-Citroën), que foram absorvendo as demais. Na Itália, eram 19. Hoje, só uma (Fiat). Pesquisadores do Instituto Federal de Tecnologia da Suíça, em Zurique, estudaram as 43 mil maiores empresas do mundo – e mapearam todas as relações entre elas. Descobriram que um grupo muito pequeno manda numa parte enorme da economia global. “1% das empresas controla 40% de toda a rede”, diz James Glattfelder, um dos autores do estudo.

A concentração empresarial não é necessariamente ruim, mas pode ser. Imagine se só existisse uma marca de creme dental, por exemplo. Ela poderia cobrar bem caro e você seria obrigado a pagar, porque precisa escovar os dentes. Na prática, isso não tem acontecido. O mercado brasileiro de cerveja, por exemplo, é dominado pela AmBev (que tem 67,5%). Ela surgiu da fusão entre Brahma e Antarctica, as duas maiores cervejarias do País. Mas desde que foi criada, em 1999, os reajustes no preço da cerveja estiveram próximos da inflação, sem aumentos abusivos. “Hoje a concorrência é muito maior do que no passado”, diz o economista Rogério Gollo, especialista em fusões e aquisições da PwC. Com os carros, aconteceu a mesma coisa. Mesmo havendo menos fabricantes, os preços não subiram. A concentração empresarial não está doendo no seu bolso, pelo menos não ainda. Mas uma coisa está.

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EFEITO MATEUS

Os impostos. Quando pensamos neles, costumamos pensar no governo: o dinheiro que ele arrecada e os serviços públicos, como saúde e educação, que fornece em troca. O que pouca gente sabe é que, no Brasil, os ricos pagam proporcionalmente menos impostos do que o resto da sociedade. Soa incrível, mas é verdade. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra o que acontece. Uma pessoa que ganha dois salários mínimos por mês gasta 53,9% da sua renda com impostos, que estão embutidos nos produtos que ela compra. Tem de trabalhar 197 dias por ano só para pagar impostos. Já alguém que recebe 30 salários mínimos paga apenas 29% – e trabalha 106 dias, quase a metade do tempo, para sustentar o governo (veja quadro na página ao lado).

Isso acontece porque, ao contrário do que acontece em países desenvolvidos, os impostos brasileiros estão mais concentrados nos produtos que as pessoas compram, e não no dinheiro que elas ganham. E essa característica é uma máquina de produzir desigualdade: porque os impostos tomam mais dinheiro daqueles que menos têm. “Isso onera os mais pobres, tornando-os mais pobres ainda”, diz Evilásio Salvador, da Universidade de Brasília. É o que os economistas chamam de Efeito Mateus (uma referência à passagem bíblica Mateus 25, 14-30: “Porque àquele que tem lhe será dado, e terá em abundância; mas ao que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado”).

Inverter essa lógica é difícil – afinal, os mais ricos têm poder para pressionar os políticos. Mas até alguns deles se dizem dispostos a mudar. O megainvestidor Warren Buffet, terceiro homem mais rico do mundo, sugeriu um plano ao presidente dos EUA. A proposta, que ficou conhecida como “The Buffett Rule” (Regra Buffett), criava um imposto de renda de pelo menos 30% sobre quem ganha mais de US$ 1 milhão por ano. Isso só afetaria 0,3% das pessoas. Mas arrecadaria US$ 36 bilhões. É um oceano de dinheiro (mais que todo o orçamento do Ministério da Educação brasileiro). A proposta foi à votação no Congresso, e perdeu. Segundo uma pesquisa da CNN, 72% dos americanos eram a favor dela.

Se nada mudar, a desigualdade no mundo tende a continuar crescendo (pois r > g, lembra?). É difícil prever as consequências disso. Mas uma delas pode ser a radicalização política. Um estudo feito por três universidades americanas (Columbia, Houston e Princeton) constatou que, quanto maior a desigualdade econômica num país, mais forte tende a ser a divisão entre os seus grupos de esquerda e de direita. E a história sugere que a superconcentração de recursos pode acabar em algum tipo de tumulto.
Já aconteceu. Houve um país que passou por um processo muito forte, e muito acelerado, de concentração de renda. Em apenas cinco anos, a fatia do bolo pertencente ao 1% mais rico cresceu 50%. A renda das demais pessoas caiu a ponto de prejudicar sua alimentação – e aumentar a mortalidade infantil em 16% em determinadas regiões do país. Seu líder fazia discursos cada vez mais inflamados, nos quais se dizia “inimigo do capitalismo”. Essa nação era a Alemanha. Seu líder, Adolf Hitler. A consequência, a Segunda Guerra Mundial.

Os 67 ultrarricos

(1) Bill Gates
US$ 80,9 BI – Microsoft – EUA

(2) Carlos Slim Helu & família
US$ 78,7 BI – América Móvil – México

(3) Warren Buffett
US$ 68,4 BI – Berkshire Hathaway (investimentos) – EUA

(4) Amancio Ortega
US$ 58,1 BI – Zara – Espanha

(5) Larry Ellison
US$ 48,8 BI – Oracle (software) – EUA

(6) Charles Koch
US$ 41,9 BI – Koch Industries (energia) – EUA

(7) David Koch
US$ 41,9 BI – Koch Industries – EUA

(8) Christy Walton & família
US$ 37,9 BI – Walmart – EUA

(9) Jim Walton
US$ 36,6 BI – Walmart – EUA

(10) Mark Zuckerberg
US$ 35,5 BI – Facebook – EUA

(11) Alice Walton
US$ 35,1 BI – Walmart – EUA

(12) S. Robson Walton
US$ 35,1 BI – Walmart – EUA

(13) Michael Bloomberg
US$ 34,5 BI – Bloomberg (mídia) – EUA

(14) Liliane Bettencourt & família
US$ 34.2 BI – L’Oreal – França

(15) Sheldon Adelson
US$ 32,1 BI – dono de cassinos – EUA

(16) Li Ka-shing
US$ 31,3 BI – portos e empresas de plástico – Hong Kong

(17) Stefan Persson
US$ 30,4 BI – H&M (roupas) – Suécia

(18) Bernard Arnault & família
US$ 30,2 BI – LVMH (Louis Vuitton) – França

(19) Larry Page
US$ 29,9 BI – Google – EUA

(20) Sergey Brin
US$ 29,5 BI – Google – EUA

(21) Jeff Bezos
US$ 26,9 BI – Amazon – EUA

(22) Carl Icahn
US$ 25,5 BI – investidor – EUA

(23) Michele Ferrero & família
US$ 25 BI – Grupo Ferrero (chocolates) – Itália

(24) George Soros
US$ 24 BI – INVESTIDOR – EUA

(25) David Thomson & família
US$ 24 BI – Thomson Reuters (mídia) – Canadá

(26) Forrest Mars Jr.
US$ 23,1 BI – Mars INC. (CHOCOLATES) – EUA

(27) Jacqueline Mars
US$ 23,1 BI – Mars Inc. – EUA

(28) John Mars
US$ 23,1 BI – Mars Inc. – EUA

(29) Aliko Dangote
US$ 23 BI – Dangote Group (açúcar) – Nigéria

(30) Lee Shau Kee
US$ 22,4 BI – dono de hotéis e imóveis – Hong Kong

(31) Steve Ballmer
US$ 22,3 BI – Microsoft – EUA

(32) Mukesh Ambani
US$ 21,8 BI – Reliance Industries (energia e telecom) – Índia

(33) Al-Waleed Bin Talal Alsaud
US$ 21,5 BI – família real – Arábia Saudita

(34) Jorge Paulo Lemann
US$ 21,5 BI – 3G Capital (controladora da ambev) – Brasil

(35) Phil Knight
US$ 21,4 BI – Nike – EUA

(36) Michael Dell
US$ 21,1 BI – Dell – EUA

(37) Jack Ma
US$ 21 BI – Alibaba Group (comércio eletrônico) – China

(38) Len Blavatnik
US$ 19,7 BI – investidor – EUA

(39) Dilip Shanghvi
US$ 17,9 BI – Sun Pharmaceutical Industries – Índia

(40) Leonardo Del Vecchio
US$ 17,8 BI – Luxottica (óculos) – Itália

(41) Alisher Usmanov
US$ 17,5 BI – USM Holdings (mineração) – Rússia

(42) Tadashi Yanai & família
US$ 17,1 BI – Fast Retailing (varejo) – Japão

(43) Paul Allen
US$ 17 BI – Microsoft – EUA

(44) Masayoshi Son
US$ 16,8 BI – Softbank – Japão

(45) Michael Otto & família
US$ 16,6 BI – Otto GmbH & Co (varejo) – Alemanha

(46) Laurene Powell Jobs & família
US$ 16,6 BI – Apple, Disney – EUA

(47) Theo Albrecht Jr & família
US$ 16,5 BI – Trader Joe’s (varejo) – Alemanha

(48) Charles Ergen
US$ 16,2 BI – Dish Network (TV por assinatura) – EUA

(49) Robin Li
US$ 16,1 BI – Baidu (internet) – China

(50) Gina Rinehart
US$ 15,9 BI – Hancock Prospecting (minérios) – Austrália

(51) Anne Cox Chambers
US$ 15,8 BI – Cox Enterprises (mídia) – EUA

(52) Mikhail Fridman
US$ 15,7 BI – Alfa-Bank – Rússia

(53) Joseph Safra
US$ 15,5 BI – Banco Safra – Brasil

(54) Viktor Vekselberg
US$ 15,4 BI – Renova Group (energia e telecom) – Rússia

(55) Susanne Klatten
US$ 15,3 BI – BMW – Alemanha

(56) Donald Bren
US$ 15,3 BI – Irvine Company (imóveis) – EUA

(57) Ray Dalio
US$ 15,2 BI – Bridgewater Associates (investimentos) – EUA

(58) Luis Carlos Sarmiento
US$ 15,1 BI – Grupo Aval (banco) – Colômbia

(59) Pallonji Mistry
US$ 15,1 BI – Shapoorji Pallonji Group (construção) – Índia/Irlanda

(60) Azim Premji
US$ 15,1 BI – Wipro (tecnologia) – Índia

(61) German Larrea Mota Velasco & família
US$ 14,8 BI – Grupo Mexico (mineração) – México

(62) Dieter Schwarz
US$ 14,7 BI – Schwarz Group (varejo) – Alemanha

(63) Ma Huateng
US$ 14,7 BI – Tencent (internet) – China

(64) Harold Hamm
US$ 14,6 BI – Continental Resources (energia) – EUA

(65) Lui Che Woo
US$ 14,5 BI – Galaxy Entertainment (hotéis e casinos) – Hong Kong

(66) Thomas & Raymond Kwok & família
US$ 14,5 BI – Sun Hung Kai (imóveis)Properties – Hong Kong

(67) Lakshmi Mittal
US$ 14,5 BI – ArcelorMittal (mineração e aço) – Índia

http://super.abril.com.br

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França vai multar em até R$ 1 mi empresas que fizerem produtos ‘programados para quebrar’

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Amanda Lourenço

Problema será provar: consumidor terá que provar que produto saiu de fábrica com obsolescência programada; para associação, lei é “forte sinal político”

Não é teoria da conspiração: a “obsolescência programada”, técnica que limita a vida útil de aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos, é um recurso real muito usado pelo setor industrial para forçar consumidores a comprar novos produtos. É o caso das máquinas de lavar de três anos que quebram, enquanto as de 30 anos continuam funcionando normalmente.

Para lutar contra esta prática, a França aprovou recentemente uma lei que pune a obsolescência programada com multas de até € 300 mil (cerca de R$ 1,1 milhão) para as empresas e penas de até dois anos de prisão para os responsáveis.

A medida faz parte do projeto de lei da transição energética, que tem como objetivo diminuir as taxas de poluição no país. Segundo o documento, estão comprometidas “todas as técnicas pelas quais uma empresa visa, através da concepção do produto, diminuir “propositalmente” a duração da vida útil ou da utilização potencial de tal produto para aumentar sua taxa de substituição. Estas técnicas podem incluir a introdução voluntária de um defeito, fragilidade, paralisação programada ou prematura, limitação técnica, impossibilidade de reparação ou não compatibilidade”.

A iniciativa, até então inédita na Europa, foi uma vitória para ativistas franceses que lutavam pelo reconhecimento da lei desde 2013. Para a associação France Nature Environnement (FNE), é “um forte sinal político enviado aos fabricantes, aos distribuidores e aos cidadãos”, segundo disse à imprensa local Agnès Banaszuk, representante da FNE.

O problema agora é conseguir provar quando um produto foi intencionalmente modificado para quebrar depois de alguns meses ou anos de uso. A palavra “propositalmente” inscrita no texto gerou críticas por ser aberta a interpretações e também porque pressupõe que o consumidor forneça provas da intenção do fabricante.

Ainda não está claro como será feita a avaliação dos aparelhos, já que a lei foi recentemente aprovada e ainda não houve nenhum caso formalmente aberto.

http://operamundi.uol.com.br

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Indústrias Matarazzo: a maior empresa brasileira de todos os tempos

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A era de Francesco Matarazzo

por Pedro Paulo Galindo Morales

Era o ano de 1881 e desembarcava no Brasil vindo da Itália Francesco Matarazzo, um imigrante como tantos outros que vieram de seu país de origem, trazia na sua bagagem uma tonelada de banha de porco para comercializar no Brasil, mas infelizmente afundou com a embarcação que levava a carga do navio, pouco antes de chegar no Porto do Rio de Janeiro.

Sozinho, e com pouco dinheiro no bolso, Francesco decide procurar seu amigo Fernando Gradino, que vivia em Sorocaba, interior de São Paulo, para lhe dar uma ajuda e modestamente começou a revender linguiça nas ruas da cidade que por coincidência também abrigou o menino Antônio Pereira Ignácio, que foi um dos fundadores do Grupo Votorantim.

Francesco trabalhou muito e com poucos meses abriu uma mercearia que vendia de tudo e se a clientela pedia alguma coisa ele anotava e tratava de arrumar um jeito de ter a mercadoria, coincidentemente o produto que fazia mais sucesso em sua mercearia era a banha de porco que importava de outras regiões.

Francesco era um homem visionário e inquieto, e vendo o sucesso que fazia a banha de porco decidiu fabricar o produto através de um método muito simples, um caldeirão no fundo do quintal para derreter a banha, dizia aos seus amigos que “O segredo está na compra e não na venda”, barateou a produção quando decidiu comprar quase todos os porcos da região, mais tarde passou também a enlatar o produto o que permitiu que as vendas crescessem mais ainda.

Em 1890 decidiu expandir mais ainda seus negócios e partiu para a capital de São Paulo. Francesco já tinha trazido da Itália seus irmãos e sua esposa. Quando a farinha de trigo faltou no Brasil ele conseguiu um empréstimo para construir um moinho de trigo em São Paulo, o Moinho Matarazzo.

Moinho Matarazzo, em 1900.

Moinho Matarazzo, em 1900.

Em 1920 inaugurava o complexo industrial da Água Branca, em São Paulo, onde instalou, em uma área de 100 mil metros quadrados, empresas como serraria, refinaria, destilaria, frigorífico, fábrica de carroças, de sabões, perfumes, adubos e inseticidas, velas, pregos, vilas operárias, armazéns, banco, distribuidora pioneira de filmes, fábrica de licores, que funcionavam com a energia de uma usina própria. O logotipo das Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo, criadas em 1911, trazia o lema “Fé-Honra-Trabalho” escrito em latim.

Logotipo: Fé-Honra-Trabalho.

Logotipo: Fé-Honra-Trabalho.

O empresário tinha ainda uma esquadra particular de navios, um terminal exclusivo no porto de Santos e duas locomotivas para transportar mercadorias no pátio da sede do complexo industrial, em São Paulo. Suas empresas tinham um faturamento equivalente, na época, à arrecadação de São Paulo, o Estado mais rico da País. Hoje, nenhum dos conglomerados nacionais conseguiria igualar Matarazzo na década de 30. O jornalista Assis Chateaubriand definiu o império do conde como o “Estado Matarazzo”, o empresário chegou a ter no seu império 365 fabricas, na época diziam que era uma para cada dia do ano.

Paralelo ao desenvolvimento de suas empresas, o Francesco Matarazzo também era um homem que pensava nas pessoas tanto que durante vários anos se engajou na construção e manutenção do Hospital Matarazzo, que foi até 1993 um hospital de referencia para a colônia italiana. Matarazzo também construiu a Casa de Saúde Ermelino Matarazzo, em 1925. Junto com estas doações de equipamentos e material dizia a seguinte frase “Para que o preço da saúde dos ricos reverta em benefício da saúde dos pobres”. Mais tarde esses hospitais se transformariam em Sociedade Beneficente Hospital Umberto Primo, que era de controle da família e se mantinha com as doações do Grupo Matarazzo, convênios do Governo do Estado de São Paulo, convênio com o Inamps (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social) e posteriormente o SUS.

Francesco Matarazzo recebeu o titulo de Conde, do Rei da Itália, por ter ajudado a distribuir alimentos no país durante a primeira guerra, uma homenagem justa e merecida.

Como gestor, Matarazzo foi um empresário de seu tempo, empregava parentes e pessoas vindas da Itália. Para ele, nada avançava longe dos olhos do dono, era sempre o primeiro a chegar e o ultimo a sair. O conde costumava ouvir as opiniões de seus diretores e gerentes, mas a ultima palavra era sempre dele. Tinha o costume de visitar as fabricas, era avesso ao telefone e memorandos internos, pois ele dizia que tinha uma memoria boa e fazia contas de cabeça.

Uma de suas maiores características, não só dele, mas de empresários da época, era que ele tinha que fazer tudo movido pela intuição sem ajuda de consultores, talvez uma de suas maiores qualidades foi a coragem de apostar no futuro, ou seja, na visão da empresa.

Pouco antes de morrer, em 1934, de acordo com o biógrafo Costa Couto, ele resumiu assim os segredos de seu sucesso: “Alguma inteligência, certa capacidade gerencial, muito trabalho e sorte”. O Conde Matarazzo, conforme a revista Forbes, chegou a ser a quinta maior fortuna do mundo e o italiano mais rico fora da Itália, com um patrimônio estimado em 20 bilhões de dólares a valores de hoje.

Matarazzo, mesmo aos 82 anos, enxergando mal e apoiando-se em uma bengala, ainda visitava as fábricas. Tanto é que, após uma dessas visitas, sentiu-se mal e depois de ficar dois dias de cama faleceu, em 10 de Fevereiro de 1937.

Henry Ford.

Henry Ford.

Seus contemporâneos foram John Rockefeller (1839-1937), da Standard Oil, John Pierpont Morgan (1837-1913), banqueiro e Henry Ford (1863-1947), que desenvolveu a linha de montagem contínua, em 1913. Matarazzo chegou a ser a quinta maior fortuna do mundo e o italiano mais rico fora da Itália, seus 20 bilhões de dólares, em valores de hoje, seriam suficientes para garantir a sexta posição na relação de milionários da revista Forbes.

Alguns historiadores costumam comparar o peso de Matarazzo na República, ao de Irineu Evangelista de Souza, o barão de Mauá, no tempo do Império. Enquanto Mauá tinha relações com o governo, os negócios de Matarazzo eram centrados na produção de bens rotineiros para os consumidores.

Francisco Jr. Matarazzo – A era de Chiquinho Matarazzo

Francisco Matarazzo Jr.

Francisco Matarazzo Jr.

Após o falecimento de Francesco Matarazzo, assumiu o Grupo Matarazzo o seu filho, Francisco Matarazzo Junior, ou Conde Chiquinho, como era conhecido. Ele era o penúltimo dos seus treze filhos.

Francisco Matarazzo Junior começou uma nova era no Grupo, trazendo a empresa para os ramos químicos, papeleiro e de álcool. Em 1939, inaugurou o Edifício Conde Francisco Matarazzo, em homenagem a seu pai, que foi a sede da empresa durante 40 anos, até o prédio ter sido vendido ao Grupo Audi.

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Edifício Conde Francisco Matarazzo.

Nesta época o grupo teve um desenvolvimento surpreendente, inauguraram-se fábricas de seda, de celulose, celofane (a primeira na América do Sul), fábricas de cimento (cimento Zebu), fábrica de cal, fábrica de conservas, fábricas alimentícias (pasta de amendoim e polpa de frutas, e a tradicional marca Petybon, linha de massas e biscoitos), lança a primeira margarina vegetal do país (Margarina Matarazzo), lanifício, fábrica de caixas de papelão ondulado feito a partir do bagaço da cana (atividade pioneira no país), fábrica de raiom e inseticidas.

Em 1943, foi inaugurada a Maternidade Condessa Filomena Matarazzo (nome em homenagem à esposa de Francesco) e nela foi aberta uma enfermaria de ginecologia. A Maternidade Condessa foi considerada a melhor da América do Sul. Na década de 50, chegou a ter 500 leitos, dez a mais que na sua inauguração, e nos anos 70 passou a ser referência na formação de profissionais.

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Maternidade Condessa Filomena Matarazzo.

O Grupo, na década de 50, também abriu fabricas de sulfureto de carbono, fábricas de resinas e complexos polivinílicos, óleo de mamona, óleos vegetais, embalagens flexíveis, rações, tripas artificiais para a indústria alimentícia (pioneira e única fabricante nacional) e fábrica de conservas. O Conde Chiquinho também investia no ramo de agronegócios tendo uma plantação de dendê na Bahia, para produção de óleo, e varias fazendas. Consultado pelo amigo e presidente, Juscelino Kubitschek, se aceitava associar-se à Volkswagen, na instalação da primeira montadora no país, declinou, pois os recursos eram escassos e os Matarazzo teriam que trocar negócios que conheciam por outros que eram totalmente novos.

A partir da década de 60, o desempenho do Grupo Matarazzo começa a ser afetado, porém novas fábricas são abertas: fábrica de perlon e fibras sintéticas, laminados plásticos, e fábrica de café solúvel. A família repassa o Edifício Universidade Comercial Conde Francisco Matarazzo, inaugurado em 1954, para o governo estadual, em troca de incentivos fiscais. Em 1969, sentindo a pressão das multinacionais que vinham com know how avançado e publicidade, atributo pouco utilizado na IRFM, fecha pela primeira vez na história seu balanço com saldo negativo.

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Edifício Universidade Comercial Conde Francisco Matarazzo, atual Palácio dos Bandeirantes.

Preocupado com os novos tempos, o Conde Chiquinho contrata a Deloiite, famosa consultoria administrativo-financeira, para fazer a reestruturação societária do Grupo Matarazzo, reestruturação que não trouxe muitos resultados positivos.

No ramo do comércio, o Grupo marcou presença em São Paulo com os Supermercados Superbom. Era uma rede com várias lojas pela cidade, chegou inclusive a entrar no ramo de hipermercados com o Supercenter Superbom. A rede foi vendida posteriormente ao Pão de Açúcar, que aos poucos foi desativando a bandeira. Na década de 70 inaugura o Shopping Center Matarazzo, na Água Branca (SP). Em 1972, após uma viagem a Holanda, o Conde Chiquinho traz consigo o perfume que marcaria décadas, o famoso FRANCIS, marca de sabonete até hoje presente no mercado.

Após 40 anos de atividade a frente do Grupo Matarazzo, o Conde Chiquinho morreu, deixou o controle para a filha, Maria Pia, desprezando os filhos homens que trabalhavam com ele há muitos anos. Seu enterro levou cerca de 10.000 pessoas, que acompanharam o féretro da Mansão Matarazzo da Paulista até o Mausoléu da família no cemitério da Consolação.

A era de Maria Pia Matarazzo

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Maria Pia Matarazzo.

Na década de 70 as empresas que já estavam em situação financeira delicada têm um novo comandante: a filha caçula, Maria Pia Esmeralda Matarazzo, na época com 32 anos de idade, assume o ainda na época maior conglomerado empresarial nacional no país. Ao assumir o grupo põe em prática um plano que visa concentrar a empresa em ramos que na sua visão eram os principais ramos de atividade da Matarazzo, o papel, químico e álcool.

Faz uma reforma administrativa no grupo e inaugura uma fábrica de papel na fazenda Amália, destilaria de álcool, ácido cítrico e celulose de madeira, e começa a desativar antigas unidades que eram deficitárias, como o moinho de trigo do Brás. Em 1981, é vendido todo o setor têxtil da Matarazzo para a Cianê.

Maria Pia, enquanto colocava em pratica sua reforma administrativa, enfrentava uma disputa pelo controle da holding com seus irmãos, ao mesmo tempo que na economia sofria as consequências de duas maxidesvalorizações cambiais, a de 1981 e a de 1983.

Em 19 de julho de 1983, o Grupo pede concordata para 27 empresas, porém em dois anos a concordata foi suspensa após os valores das parcelas serem depositadas judicialmente. Devido a grandes empréstimos contraídos e não saldados, Maria Pia não pode prosseguir com seus planos de modernização. Tem alguns prédios penhorados, tendo inclusive sido penhorado todo o conjunto industrial da S/A IRF Matarazzo. Por este motivo não conclui um antigo projeto de abrir o capital das empresas na bolsa de valores.

Em 1986, as Indústrias Matarazzo de Óleos e Derivados se transferiam de Água Branca para Santa Rosa de Viterbo-SP, e em 1990 é desativado o complexo químico da Matarazzo em S. Caetano do Sul, um dos ramos mais tradicionais do Grupo. Em 1992, após ter ido à concordata mais uma vez, Maria Pia abre mão do controle das principais empresas do conglomerado, como as Cerâmica Matarazzo, Matarazzo Papéis e Matarazzo Embalagens.

Em 1993 Matarazzo lança no mercado o primeiro sabonete light (suave) do Brasil, o Francis Light, com anúncios publicados em revistas. Com esse lançamento a empresa volta a experimentar um período de sucesso. As Indústrias Matarazzo de Óleos e Derivados-IMODSA, localizada em Santa Rosa de Viterbo/SP, dentro da Fazenda Amália, começam a fabricar vários produtos. Foram lançados os sabonetes Francis clássico, Francis light, Vilór e Savage, e para marcar essa expansão lança Francis Premium, um sabonete hidratante, nas versões barra e em líquido, e também desodorantes.

Hoje, a Matarazzo tem como administração direta sua fábrica de TNT (tecido-não-tecido) usado largamente na fabricação de toucas e aventais cirúrgicos e também para envolver o sabonete Francis. Tem também uma fábrica de embalagens especiais e arrenda uma usina de açúcar, fábrica de papel, papelão e embalagens, e detém ainda muitos terrenos onde ainda continuam de pé os antigos prédios.

Atualmente fabrica a linha Vilór, que possui sabonetes com glicerina e muita perfumação em dois tipos: verde – floral refrescante e roxo – floral romântico. A linha ainda inclui desodorantes sem álcool – antitranspirante/roll on. As Indústrias Matarazzo lançou 4 tipos de desodorante: laranja (pure), roxo (sensitive), preto (fresh) e cinza (sport). Atualmente, 4 mil toneladas de sabonetes saem das máquinas da Matarazzo que está operando com capacidade total.

José Eduardo Matarazzo Kalil, filho de Maria Pia, parece que vai recuperar parte dos tempos áureos do Grupo, administrando a Unisoap, criada para cuidar de toda a distribuição da linha Francis e que nada tem haver com as Indústrias Matarazzo a não ser por ter um contrato de terceirização com a indústria que há três décadas já fazia o Francis. Ele tem planos grandiosos para a Unisoap ser uma grande empresa no setor de higiene e limpeza e a maior fabricante de sabonetes do Brasil.

José Eduardo Matarazzo Kalil.

José Eduardo Matarazzo Kalil.

Sem duvida nenhuma as S/A Indústrias Reunidas F. Matarazzo-IRFM, foram um marco único na história do desenvolvimento brasileiro.

Analisando a queda do Império

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Condomínio Industrial Matarazzo, em Jaguariaíva, norte do Paraná. Com o encerramento das atividades das Indústrias Matarazzo na década de 1960, os terrenos e as instalações do Condomínio Industrial Matarazzo passaram gradativamente para a municipalidade e seus prédios, situados atrás da antiga estação ferroviária, atual sede da prefeitura Municipal de Jaguariaíva, são hoje utilizados pela administração local.

A historia do Grupo Matarazzo é riquíssima de exemplos de dedicação e empreendedorismo, mas também podemos analisar os erros de gestão cometidos principalmente por Chiquinho Matarazzo, quando esteve a frente desse fabuloso império. Alguns números confirmam o que estamos escrevendo. O complexo empresarial que podia ser comparado à solidez do Império Britânico, chegou a empregar 6% da população paulistana nas suas 365 fabricas. Hoje o patrimônio seria equivalente a 20 bilhões de dólares e nos anos 30, a renda bruta do conglomerado era a quarta maior do Brasil. Faturavam mais que Matarazzo apenas a União Federal, o Departamento Nacional do Café e o Estado de São Paulo. Diante dessas informações podemos ter a ideia da importância das S/A Industrias Reunidas Francisco Matarazzo.

Segundo o Administrador Geraldo Collaziol, no seu artigo Os Erros dos Matarazzo, onde acrescento algumas informações, os principais erros cometidos foram:

1) A família Matarazzo não se manteve unida quando Ermelino Matarazzo, que tinha o apoio de todos para comandar os negócios do Conde Francesco, faleceu prematuramente. A eleição do sucessor pelo Conde recaiu sobre o 12º filho que era jovem e inexperiente. Quando Francisco Matarazzo Junior, o Chiquinho, assumiu os negócios, começou um grande atrito em família, que levou a uma dissolução societária. Alguns membros da família venderam suas partes na sociedade, que eram compradas com recursos oriundos do capital das próprias empresas, comprometendo sua solidez e interrompendo as modernizações e ampliações, limitando seu crescimento e tornando as empresas obsoletas.

2) O cenário industrial da época exigia agilidade e especialização e o conglomerado, devido a sua falta de modernização, ainda produzia uma infinidade de produtos, mas já não era líder de vendas de nenhum deles, pois já não tinham a mesma qualidade dos tempos áureos, como resultado o Grupo foi perdendo espaço para a concorrência.

3) Devido a falta de analise das tendências do mercado, devido a sua verticalização, ele não se especializou em nenhum setor o que não ocorreu com o Grupo Votorantim, que hoje emprega 30.000 pessoas. Tem fábricas de cimento, de papel e celulose e metalúrgicas (alumínio, zinco e níquel), siderúrgicas, além de bancos, fábricas de suco Citrovita, fazendas de reflorestamento, entre outros negócios. Em 2001 o Grupo iniciou um processo de internacionalização dos seus negócios de cimento e metais entre outros, estando presentes diretamente em mais de 20 países. Se formos analisar, a Votorantim atua em setores muito parecidos em que a Matarazzo atuava. Por exemplo, o Cimento Zebu, até hoje produzido pela CIMPOR, ou o Macarrão Petybom, produzido pela J. Macedo alimentos, ou o sabonete Francis, uma fatia de 12,2% do mercado, que é produzido pela Bertim em parceria com a Unisoap. A comparação aqui colocada tem razão de ser, pois tanto o Grupo Matarazzo como o Grupo Votorantim tiveram suas raízes em Sorocaba, interior de São Paulo, na mesma época e no mesmo ramo, comércio de alimentos, e depois migrando para uma fabrica de tecidos. Outro episodio curioso, em 1935 cursavam o 2º ano primário do Liceu Rio Branco, na mesma turma de Chiquinho Matarazzo, o Antônio Ermírio de Moraes.

3) Após a segunda guerra mundial, a economia nacional estimulava a industrialização de bens de capital e bens semiduráveis. O então presidente Juscelino Kubitschek convidou Chiquinho a participar de uma sociedade, para instalação de uma montadora de automóveis no Brasil, a Volkswagem. O Conde desdenhou, ou talvez, não tenha levantado informações suficientes para uma melhor avaliação da tendência da época, e não aceitou associar-se no projeto. Enquanto isso, a Votorantin ingressava, então, nos setores de mecânica e de máquinas, como a metalúrgica Atlas, montada em São Paulo, em 1944, que acabou produzindo equipamentos para acionar as outras indústrias.

Um conglomerado de tamanha magnitude, não foi a ruína em função de apenas quatro fatores. Houve outros erros e gastos exorbitantes na solução destes e outros confrontos familiares envolvendo as separações litigiosas que ocorrem em uma família composta de vários membros como é a Matarazzo.

Segundo Domingos Ricca, existe um padrão histórico onde a empresa tem uma fase inicial de crescimento e expansão, sob a direção de seus criadores. Em seguida vem a segunda geração, que pode ser chamada de “administradores do sucesso”. Nesta fase, a empresa continua indo bem, tendo lucro, pode até ser líder no mercado, mas deixou de inovar. A terceira gestão é a dos administradores da estagnação, onde surgem concorrentes mais competitivos e mais criativos onde gestores não conseguem fazer nada para mudar esta rota de declínio. Para ele, o Grupo Matarazzo é um exemplo disso. Passou de líder nacional, a um pequeno grupo com interesses agrícolas e imobiliários.

Para Fábio Peixoto, o caminho de diversificar e verticalizar, produzindo a mais variada gama de produtos, funcionou no começo do século XX, quando não havia indústrias no país. À medida que foi surgindo competição, em qualquer dos seus produtos, o grupo passou a ter algumas empresas mais competentes do que ele. Aqui entra o conceito norte-americano da “core competence”: uma empresa deve se dedicar àquilo em que ela é especialmente boa, o que não foi o caso da Matarazzo. Conta-se que antes da crise, vendeu apenas uma empresa, e não foi por necessidade, era uma fábrica de fósforos que ele não conseguia integrar ao resto de suas fábricas. Aliás, dizem que ele ganhou um bom dinheiro com o negócio.

A sua historia é realmente fantástica, nesta série de artigos vimos como um espirito empreendedor é realmente de muita importância para a consolidação dos negócios, ao mesmo tempo em que, quando se está no mercado, não se pode deixar de fazer a leitura desse mercado, desprezando as oportunidades e subestimando as ameaças. Podemos concluir que após a segunda guerra mundial, a economia nacional estimulava a industrialização de bens de capital e bens semiduráveis e o Conde Chiquinho e sua equipe não soube ler a tendência do mercado e não corrigiu sua rota de navegação, e a exemplo do Titanic, que mesmo dispondo de algumas das mais avançadas tecnologias disponíveis da época, e foi popularmente referenciado como “inafundável”. Um folheto publicitário de 1910, da White Star Line, sobre o Titanic, alegava que ele fora “concebido para ser inafundável”. Naufragou em virtude de demora na comunicação com a ponte em que preciosos segundos se perderam até que o comunicador foi atendido e mesmo corrigindo a rota se chocou com um Iceberg. Foi o que ocorreu neste caso. Não cabia no entendimento da família Matarazzo que as IRFM eram inquebráveis. Mesmo quando Maria Pia, ao assumir o grupo, põe em prática um plano que visa concentrar a empresa em ramos que na sua visão eram os principais ramos de atividade da Matarazzo, o papel, químico e álcool, não houve mais tempo, o desastre era inevitável.

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Fabrica Matarazzo abandonada.

 Bibliografia:

– Os Matarazzo http://recantodasletras.com.br/artigos/371181

– “Sou nacionalista, mas não sou burro” http://veja.abril.com.br/030698/p_136.html

– O caso Matarazzo http://www.portaltudoemfamilia.com.br/cms/?p=106

– No Brasil, 90% das empresas são familiares http://www.sebrae-sc.com.br/newart/mostrar_materia.asp?cd_noticia=10410

– Os Erros dos Matarazzo http://faculdadedoerro.wordpress.com/2009/01/08/os-erros-dos-matarazzo/

– Escombros do império http://epoca.globo.com/edic/19990628/matarazzo.htm

– Everton Calício: pesquisador e biógrafo sobre as Indústrias Matarazzo e Família Matarazzo no Brasil Colunista do Metrô News – Memórias da terra da garoa. Contato calicio@gmail.com.

– Pesquisas e leituras feitas em revistas, jornais e internet.

http://historiadeempresas.wordpress.com/category/industrias-matarazzo/

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Quando o preço é pura ilusão de ótica

24 de outubro de 2013 ]

Tem pipoca no cinema com dois tamanhos: pequeno por R$ 2 e grande por R$ 7. Você escolhe o de R$ 2. Vem a oferta intermediária: pipoca média por R$ 6. Você compra a de R$ 7, mesmo que não queira tanta pipoca.

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Por Marcelo Lombardo

O que significa o preço para você? Se você o considera como um dos componentes principais da decisão de compra, eu tenho uma boa e uma má notícia. A boa é que 98% da humanidade pensa como você. A má é que você pode estar sendo manipulado.

Um ponto de manipulação psicológica muito interessante é a referência de valor. Bons vendedores conhecem essa matéria a fundo e resumidamente, ela funciona da seguinte forma: forneça ao consumidor diversos pontos de referência de valor utilizando o preço para induzir a decisão pretendida.

Na prática isso funciona assim: foi feita uma experiência em um cinema dos Estados Unidos, onde colocou-se à venda dois tamanhos de pipoca: o pequeno, custando dois dólares e o grande, custando sete dólares. E o que aconteceu? A grande maioria dos clientes escolheu o pequeno, de dois dólares.

Em seguida, adicionou-se ao cardápio um tamanho médio custando seis dólares. Como consequência dessa mudança, a maioria das vendas passou a recair sobre o tamanho grande, de sete dólares.

A explicação é que o nosso cérebro, para criar uma comparação, necessita de ao menos três pontos de referência. Enquanto temos apenas dois valores, temos insegurança de escolher errado e optamos pelo mais barato. Ao adicionar a terceira opção, muda-se a sensação de valor do comprador, podendo-se utilizar isso para manipular a decisão, como no caso da pipoca.

O cliente percebe que a diferença de preço entre o médio e o grande é muito menor que a diferença entre o pequeno e o médio, e que é vantajoso comprar o tamanho grande, mesmo que ele não queira tanta pipoca.

Referência de valor:
Portanto, a experiência provou como o preço pode, através da referência de valor, ser utilizado para manipular o inconsciente do consumidor. A simples presença se uma nova opção com valor propositalmente desproporcional (o médio) fez com que as decisões de compra mudassem, multiplicando em mais de três vezes o faturamento do estabelecimento.

Oportunidade imperdível:
Outra forma de manipulação psicológica baseada em preço é a “oportunidade imperdível”. Esse tipo de oferta tende a nos fazer comprar coisas das quais não precisamos simplesmente porque o preço é bom. Cria-se a aparência de ser “a última oportunidade do universo” para você conseguir comprar o referido bem, mas nós sabemos que isso não é verdade. O próximo mês vai começar com uma nova meta a ser batida e novas “oportunidades imperdíveis” virão fatalmente.

Status:
A terceira forma de manipulação pelo preço é a utilizada nos segmentos de alto luxo. Uma bolsa de vinte mil reais vai carregar suas coisas da mesma forma que uma semelhante de duzentos reais, mas o que está à venda não é algo para carregar as suas coisas e sim um status frente às outras pessoas. Esta forma de manipulação é amplamente conhecida e bem sucedida no mundo.

Na sua empresa, seja honesto

Até que ponto vale a pena adotar uma dessas formas de ilusão em seu negócio? Na minha opinião, isso depende. Você pensa a curto prazo ou a longo prazo? A longo prazo, a velha fórmula “custo + margem = preço” ainda é a mais segura de criar um negócio duradouro, simplesmente por ser mais honesta. O aumento da concorrência faz com que as máscaras caiam mais cedo ou mais tarde.

Existem ainda outras formas de manipulação da decisão de compra que não envolvem preço, como a baseada em medo. Por exemplo, você já deve ter ouvido que “oito em cada dez dentistas recomendam a marca X”. Psicologicamente o que se faz é criar um temor de decidir diferentemente de pessoas que supostamente sabem mais do que você.

Vamos fazer do mundo um lugar melhor colocando o preço no lugar onde ele deve estar. Preço é algo que deve proporcionar a remuneração ao empresário em função do valor entregue, do risco assumido e do capital empenhado. Nada mais.

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Capitalismo corrompe valores morais

14.05.2013 ]

Moralidade de mercado

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Muitas pessoas expressam objeções contra o trabalho infantil, a exploração dos trabalhadores ou a produção de carne envolvendo crueldade contra os animais.

Ao mesmo tempo, porém, essas mesmas pessoas ignoram seus próprios padrões morais quando se defrontam com essas questões em um “ambiente de mercado” – quando estão comprando coisas, e fazem vista grossa para como os bens foram produzidos.

Mas como isso acontece?

É o que Armin Falk (Universidade de Bonn) e Nora Szech (Universidade de Bamberg) discutem na última edição da conceituada revista “Science”.

Em comparação com as decisões não-mercantis do dia-a-dia, as normas morais são significativamente mais relaxadas quando as pessoas atuam na compra e na venda.

Nos mercados, as pessoas parecem simplesmente ignorar seus padrões morais individuais, afirmam os pesquisadores.

Vida ou dinheiro

Em uma série de diferentes experimentos, várias centenas de participantes foram confrontados com a decisão moral entre o recebimento de uma quantia monetária para matar um rato de laboratório que não era mais necessário para as pesquisas, contra salvar a vida do rato pagando o mesmo valor por isso.

O experimento não era virtual: os ratos de laboratório existiam realmente, e poderiam ser salvos e criados até o fim de suas vidas com o dinheiro pago pelos participantes. Como todos seriam mortos se o experimento não existisse, a ação resultou em vários animais cujas vidas foram salvas.

“Para estudar atitudes imorais, analisamos se as pessoas estão dispostas a prejudicar um terceiro em troca de recebimento de dinheiro. Prejudicar os outros de forma intencional e injustificada é normalmente considerado antiético,” diz o professor Falk.

Um subgrupo dos participantes decidiu entre a vida e o dinheiro em um contexto de decisão não-mercantil, como uma consideração individual.

Esta situação foi comparada a duas condições de mercado – com um comprador e um vendedor (mercado bilateral) ou um número maior de compradores e vendedores (mercado multilateral), que poderiam negociar uns com os outros.

Se a oferta de mercado fosse aceita o negócio era concluído, resultando na morte de um rato.

Efeito manada

Em comparação com a condição individual, um número significativamente maior de voluntários mostrou-se disposto a aceitar a morte de um rato em ambas as condições de mercado.

“Nos mercados, as pessoas se defrontam com vários mecanismos que podem reduzir seus sentimentos de culpa e de responsabilidade,” explica Nora Szech.

É o caso do conhecido argumento “Se eu não fizer, outro fará”, que as pessoas usam também para aceitar empregos em empresas cujos mercados ou produtos resultam em danos às pessoas, como a indústria de armas ou de cigarros, por exemplo.

Em situações de mercado, as pessoas se concentram na concorrência e nos lucros, em vez de em suas preocupações morais. A culpa pode ser compartilhada com os outros negociadores, sejam compradores ou vendedores, aliviando a carga emocional e fazendo com que a pessoa tenha em vista apenas o benefício próprio.

Como justificativa, essas pessoas geralmente usam o argumento de que os outros também violam as normas morais.

Além disso, em mercados com muitos compradores e vendedores, os indivíduos podem justificar seu comportamento salientando que o impacto de sua ação nos resultados é insignificante.

“Essa lógica é uma característica geral dos mercados,” diz o professor Falk, salientando que as desculpas ou justificativas sempre apelam para o ditado, “Se eu não comprar ou vender agora, alguém o fará.”

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Brasileiros compram produtos que nunca usam

29.10.2013 ]

paismodernos-consumismoApesar de se declarar moderado na hora das compras, o brasileiro não resiste aos impulsos e leva para casa produtos sem planejamento.

A conclusão é de uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).

O levantamento mostra uma contradição no comportamento do consumidor brasileiro: 88% dos entrevistados declaram-se moderados ou conservadores na hora de fazer compras, mas 47% admitiram terem comprado produtos que sequer chegaram a usar.

A tendência de o brasileiro usar o consumo para satisfazer anseios pessoais aparece muito clara: 59% disseram ter comprado um produto pensando que o merece, sem analisar as próprias condições financeiras.

Isso coincide com os resultados de um estudo publicado no início deste mês, que revelou que, quando as coisas ficam difíceis, o materialista vai às compras.

Além disso, 62% dos entrevistados declararam pensar em compras supérfluas do mês seguinte antes mesmo de receber o salário.

Compras por impulso

Para Flávio Borges, do SPC Brasil, as compras por impulso são resultado tanto de fatores psicológicos como socioeconômicos. Segundo ele, boa parte do contingente de 40 milhões de pessoas que subiram para a nova classe média na última década tem usado o consumo para se encaixar na sociedade.

“Existe um processo de redefinição da identidade de classe pelas pessoas que subiram de classe social. Por uma questão de status, elas compram mais para impressionar a família, os amigos e obter autoestima. Sem planejamento, essas pessoas adquirem produtos de que não precisam de fato e acabam se endividando excessivamente”, explica Borges.

O levantamento mostrou que 12% dos consumidores fazem questão de ter acesso a tecnologias de ponta assim que são lançadas. “Será que tem necessidade?”, questiona.

De acordo com o gerente do SPC, o consumidor deve ser ainda mais cuidadoso com as compras em tempos de aperto no crédito e baixo crescimento da economia: “Os bancos estão aumentando os juros e reduzindo a oferta de crédito. O emprego está crescendo menos. Isso deveria ser um sinal de alerta para a população, mas o consumidor continua gastando muito, mesmo num cenário menos otimista.”

Além dos fatores sociais e culturais, o especialista cita a falta de educação financeira como uma das principais causas para a impulsividade do consumidor.

“Quem tem educação financeira tende a saber definir prioridades e organizar gastos e passa até a ter maior controle psicológico sobre a impulsividade. Se esse tipo de conhecimento for trabalhado desde a idade escolar, o consumidor chegará à idade adulta com maior controle sobre os gastos”, destaca.

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Pobres ficam sem recursos mentais para sair da pobreza

13.09.2013 ]

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A pobreza e as preocupações que a acompanham consomem tanta energia mental que os pobres têm pouco espaço em seus cérebros para qualquer outra coisa.

Como resultado, as pessoas com condições econômicas limitadas são mais propensas a cometer erros e tomar decisões erradas que podem ser amplificadas por seus problemas financeiros – o que ajuda a perpetuar esses problemas.

A conclusão é que ser pobre pode impedir que as pessoas se concentrem em caminhos que poderiam tirá-las da pobreza.

Sem recursos mentais

A função cognitiva decai com o esforço constante, e o esforço para lidar com os efeitos imediatos de ter pouco dinheiro – como arranjar dinheiro para pagar as contas e encontrar formas de cortar despesas – consome toda a “energia cognitiva”.

Assim, a pessoa fica com menos “recursos mentais” para se concentrar em assuntos complicados, mas indiretamente relacionados, como a educação, a formação profissional e a gestão do seu tempo.

“Essas pressões criam uma preocupação fundamental na mente, drenando recursos mentais do problema em si. Isso significa que ficamos incapazes de nos concentrar em outras coisas na vida que precisam da nossa atenção,” explica Jiaying Zhao, da Universidade da Colúmbia Britânica (Canadá), que acaba de se debruçar sobre o tema.

“Visões anteriores da pobreza costumam atribuir a pobreza a falhas pessoais ou a um ambiente que não é propício para o sucesso. Estamos argumentando que a própria falta de recursos financeiros pode levar a uma função cognitiva deficiente. A própria condição de não ter o suficiente pode realmente ser uma causa da pobreza,” diz ele.

Pobreza é mais do que estresse

O custo mental que a pobreza impõe sobre o cérebro é diferente do estresse, defende Eldar Shafir, coautor da análise.

O estresse é a resposta de uma pessoa a várias pressões externas.

Vários estudos indicam que um nível aceitável de estresse de fato pode melhorar o desempenho de uma pessoa.

“O estresse em si não prevê que as pessoas não possam sair-se bem – elas podem sair-se melhor até certo ponto,” explica Shafir.

Mas a coisa é muito diferente quando a pessoa não tem os meios materiais necessários para se manter.

“Uma pessoa em situação de pobreza pode estar na parte alta da curva de desempenho quando se trata de uma tarefa específica e, na verdade, nós mostramos que ela sai-se bem na solução do problema que tem à mão.

“Mas ela não tem largura de banda de sobra para se dedicar a outras tarefas. Os pobres são muitas vezes altamente eficazes em focar e lidar com problemas urgentes. É nas outras tarefas que eles se saem mal,” conclui o pesquisador.

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