Injustiça se espalha pelas mãos dos injustiçados

Injustiça contagiosa

Pessoas que se sentem tratadas injustamente normalmente não dirigem sua raiva só para o agressor.

Elas frequentemente descarregam suas agressões em pessoas não envolvidas que, por sua vez, em seguida se comportam de forma semelhante, criando um círculo vicioso de injustiça.

“Em tais casos de comportamento desleal, as emoções estão no máximo. Terceiros não envolvidos são frequentemente arrastados para a cadeia da injustiça,” explica o professor Bernd Weber, da Universidade de Bonn, cuja equipe fez diversos experimentos para testar esses comportamentos.

A equipe chama esse fenômeno de “reciprocidade negativa generalizada”. Reciprocidade negativa significa que as partes envolvidas devolvem o comportamento injusto na base do olho por olho, dente por dente. “Generalizado” refere-se ao fato de o conflito também ser transferido para pessoas que não estavam envolvidas na interação inicial.

Mas parece que pode haver uma forma simples de interromper essa cadeia de comportamento injusto.

Jogo do ditador

Um total de 237 voluntários participaram do “jogo do ditador”, em que os participantes no papel de ditadores determinam se vão compartilhar uma certa quantia de dinheiro de forma justa com outro participante ou manter a parte do leão para si e dar apenas uma “lembrancinha” para o outro.

Dos 24 ditadores, 83% escolheram a distribuição injusta, mantendo a maior parte do dinheiro para si. Os outros jogadores não podiam fazer nada a respeito, tendo que aceitar as decisões do ditador.

“Esta situação emocionalmente carregada faz com que a pessoa que é tratada de forma injusta se comporte de forma injusta para com os outros,” relata Sabrina Strang, coautora do experimento.

Escreveu, não leu, resolveu

Como próximo passo, os pesquisadores investigaram como esta cadeia de ações abusivas poderia ser interrompida.

Os participantes foram divididos em grupos. O primeiro grupo fazia uma pausa obrigatória de três minutos para garantir um distanciamento emocional antes de assumirem o papel de ditadores. O segundo grupo descrevia uma imagem neutra, a fim de distrair-se. E o terceiro grupo se queixava do tratamento injusto em um e-mail para o ditador.

“A estratégia de enfrentamento na forma de uma queixa por escrito mostrou ser a melhor forma de regular as emoções negativas,” relatou So Young Park, coautor do estudo.

E, de forma bastante interessante, era irrelevante se o ditador realmente lia a mensagem ou não. Em ambos os casos as emoções negativas dos voluntários foram acalmadas e, em seguida, eles se comportaram de forma mais justa para com os outros.

Os resultados do estudo foram publicados na revista Nature Scientific Reports.

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As dez estratégias de Manipulação das Massas

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Entenda como funciona o marketing de propaganda invisível

boca-a-boca

Um experimento com pinta de reality show infiltrou a família perfeita numa vizinhança de classe alta na Califórnia para fazer propaganda disfarçada de produtos. Cuidado, pois a próxima vítima pode ser você

Álvaro Oppermann

Laguna Beach, no sul da Califórnia, é um balneário de belos casarões com preço médio de US$ 1 milhão. A meio caminho entre San Diego e Los Angeles, atrai gente do ramo da tecnologia, do entretenimento e profissionais liberais bem-sucedidos. Numa noite de junho de 2010, sem alarde, os Morgensons chegaram com dois caminhões de mudança. Bonitos, atléticos e muito simpáticos, o casal e seus três filhos rapidamente se integraram à vizinhança. E ninguém se deu conta da sua missão secreta: persuadir os novos amigos a comprar de desodorante e bijuterias a vodca e pranchas de snowboard.

Eric, Gina e os filhos, Jack, Sam e Max, de 16, 14 e 12 anos, passaram 4 meses ali como o protótipo da família perfeita, com uma BMW, um utilitário e um sedan na garagem. Só que foram contratados como parte de um “experimento social” para testar o poder de influência da progaganda boca a boca. A pegadinha foi obra do marqueteiro Martin Lindstrom. “Só estamos começando a entender o quão vulneráveis somos às recomendações e aos conselhos dos nossos amigos, vizinhos e colegas”, diz o autor de Brandwashed – Tricks Companies Use to Manipulate Our Minds and Persuade Us to Buy (inédito no Brasil. O título – trocadilho com “lavagem cerebral”, brainwash – seria algo como “Lavado em Marcas – Truques que as Empresas Usam para Manipular Nossa Mente e Nos Persuadir a Comprar”).

O experimento teve orçamento e infra-estrutura de reality show. A família foi selecionada entre mais de 1,5 mil candidatos por uma diretora de casting renomada. Foram escondidos na casa 35 câmeras e 17 microfones. Uma discreta sala de controle e ilha de edição foi montada no fundo da garagem. O circo saiu caro: US$ 3 milhões. Lindstrom jura que pagou tudo sozinho, sem envolver empresas na experiência – “Precisávamos de autenticidade.” Essa “autenticidade” se transformou em muitos churrascos, brunchs e jantares, que os Morgensons promoviam como qualquer novato em busca da aprovação da comunidade. Nem encontros triviais passavam ilesos, sem que algum produto selecionado fosse citado. Numa conversa com duas vizinhas, Gina ostentava um bracelete da marca Pandora, que chamou a atenção das amigas. “Não é espetacular? Adorei a coleção que eles fizeram em homenagem à campanha contra o câncer”, disse, empolgada, para depois explicar que era possível customizar as peças pela internet. Duas semanas depois, as câmeras escondidas flagraram as vizinhas usando as tais joias.

“Uma coisa que nos pegou de surpresa é que os homens são muito mais suscetíveis a conselhos dietéticos do que as mulheres”, diz Lindstrom. Durante um churrasco, Eric comentou com o vizinho Joshua, programador de software, que um copo de cerveja preta tinha as calorias equivalentes a um sanduíche de presunto. Nas visitas seguintes, Joshua trocou a cervejinha por uma vodca com suco de cranberry. “Assim eu me mantenho em forma.” Em tempo: a vodca era a Absolut, promovida pelos Morgensons. No colégio, Jack se encarregou de divulgar um desodorante com cheiro de parafina (usada em pranchas de surfe). As sugestões tiveram efeito viral. Eric, Gina e os meninos tinham feito mais de duas centenas de amigos em Laguna – e um terço desses amigos passou a recomendar as marcas que conheceu. A família conseguiu convencer cada um a comprar, em média, 3 produtos.

“Eu pirei quando me dei conta do poder da coisa”, diz Lindstrom. Um exemplo: depois de uma tarde de compras de Gina com algumas amigas na loja de sapatos DSW, a marca começou a aparecer sempre nos chats, tweets e blogs das comadres. O marqueteiro contratou o ChatTreads, instituto de pesquisa de marcas, para monitorar a vida online da vizinhança. O instituto também fez entrevistas dirigidas ao grupo sem revelar seu propósito.

Tendência

Se você está começando a ficar incomodado com tanta intromissão na vida alheia, bem… essa é só uma das facetas do stealth marketing (o marketing disfarçado, furtivo, invisível). É o nome técnico do que fez a família Morgenson, recurso em alta no mundo da propaganda. A publicidade e o marketing tradicionais, segundo gurus da área, como Seth Godin, tendem a desaparecer. Nos últimos anos, tem se falado muito de marketing viral, ou buzz marketing: as pessoas são encorajadas a repassar uma mensagem mercadológica. Recentemente, a fabricante de camisinhas Olla criou perfis falsos no Facebook para divulgar a marca. Selecionou perfis de homens jovens e criou os falsos adicionando “Jr.” no nome do alvo. O sujeito recebia uma solicitação de amizade desse “quase homônimo” com a foto de um bebê e a recomendação: “Evite surpresas como essa: use camisinhas Olla”. Ao acessar o perfil, o “pai” encontrava um link para o site da marca.

O stealth marketing pode fazer algo parecido, mas o agente de vendas nunca se identifica como tal. E esse é o problema. Não é novidade (leia acima), mas é cada vez mais comum. Em 2002, a Sony-Ericsson contratou falsos casais e os mandou a pontos turísticos estratégicos para promover o celular com câmera T68i. Esse tipo de marketing assopra no ouvido de um público selecionado sem revelar necessariamente que se trata de propaganda. É um conselho gentil (tais como os de Gina e Eric). A mensagem mercadológica já chega, assim, com a chancela da aprovação. “A mensagem tem uma aura, tem um efeito diferente”, afirma Lindstrom. “É um negócio enganador. Você acha que está falando com uma pessoa comum, mas na verdade ela é uma agente disfarçada da corporação”, diz a ONG Public Citizen¿s Commercial Alert, dedicada a investigar abusos de propaganda e marketing nos EUA.

Uma coisa é certa: funciona. Lindstrom encomendou uma pesquisa com consumidores submetidos à ressonância magnética funcional, que monitora o cérebro enquanto ele é estimulado. Na propaganda tradicional, o córtex insular e a amígdala (que controla o medo) são ativados, o que sugere desconfiança. Quando a divulgação é dissimulada, a mensagem desperta um elevado grau de confiança: ativa o córtex órbito-frontal (onde ocorrem os julgamentos morais). Entre as empresas criticadas pela ONG estão a Tremor e a Bzz Agent. A Tremor emprega mais de meio milhão de mulheres, entre 15 e 65 anos, chamadas de “conectoras”. Elas atuam alimentando mensagens virais sobre produtos como os cosméticos Olay. A Bzz Agent já promoveu desde videogames até o último romance de John Grisham. Não há regulamentação para esse tipo de marketing nos EUA. No Brasil, o fenômeno é incipiente e o Código Brasileiro de Autorrelugamentação Publicitária só prevê normas para a propaganda “ostensiva”.
Em fevereiro de 2011, a encenação em Laguna foi revelada. Para espanto geral, os amigos ludibriados não se revoltaram. “As pessoas me disseram que era ok, que não se sentiam enganadas”, diz o autor de Brandwashed, que provavelmente vai repor (com sobra) o investimento que fez no projeto oferecendo consultoria. Os Morgensons se mudaram, mas o marketing invisível veio para ficar.

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A propaganda usa a arte da influência desde a Renascença

Made in Veneza
Pintores como Paolo Veronesi recebiam um extra dos comerciantes de Veneza já no século 16 para incluir em seus quadros roupas e outros produtos à venda na cidade. No século 18, caixeiros viajantes ingleses contratavam atores para, da plateia dos teatros, elogiar seus produtos. Eram chamados shills. Para o historiador Norman Bowie, assim nasceu o stealth marketing.

Quero essas luvas!
Em 1890, com o livro As Leis da Imitação, o psicólogo Jean-Gabriel Tarde demonstra que nossas escolhas são feitas mais por mimetismo e contágio do que por decisão soberana, o que influenciaria muito o marketing no século 20. Em 1922, a Macy¿s, de Nova York, contratou e vestiu 25 mulheres que se passavam por usuárias comuns para promover, no metrô, as luvas que a loja vendia.

Usei e gostei
Na década de 20, a agência J. Walter Thompson contratou o psicólogo social John W. Watson, da Universidade de Chicago. Com base em pesquisas da universidade, ele criou, em 1924, o primeiro comercial-testemunho (para a Johnson & Johnson). Nessa modalidade, o anunciante recorre a pessoas “normais” para divulgar seu produto com a chancela de um suposto consumidor real.

Já no útero
Uma pesquisa da Universidade de Helsinque demonstrou nos anos 90 que música e odores são percebidos pelo feto no útero. De olho nas gestantes, um shopping center na Ásia passou a caprichar na trilha sonora e espalhar aroma de cereja e de talco infantil nos corredores. “Ficou comprovado que, depois de nascer, os bebês se acalmavam quando entravam no shopping”, diz Martin Lindstrom.

Para saber mais

Brandwashed – Tricks Companies Use to Manipulate Our Minds and Persuade Us to Buy, Martin Lindstrom, Three Rivers Press, 2011

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Os anúncios entram na sua cabeça, embora às vezes você não perceba

08.07.2015 ]

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A pesquisa neuronal e sensorial por trás da publicidade é cada vez mais sofisticada

Quantas vezes a expressão edição limitada na embalagem de algum produto acelera sua vontade de comprá-lo? Os produtos vendem mais se forem promovidos por pessoas atraentes? Um aroma pode fazer você sacar o cartão de crédito? Nada é casual: as técnicas utilizadas para saber o que atrai o consumidor são cada vez mais sofisticadas, mesmo que às vezes apelem para os instintos mais primitivos. “Para fazer pesquisa de mercado, antes eram usados os típicos questionários, e o entrevistado era confrontado pelo entrevistador. Agora se pode perguntar diretamente ao cérebro”, resume José Manuel Navarro, diretor do mestrado em Neuromarketing da Escola Superior de Comunicação Marketing (ESCO).

O neuromarketing é essa disciplina que explora as reações neuronais e sensoriais dos consumidores diante de determinados estímulos, lastreada pela certeza de que a grande maioria das nossas decisões de compra se baseia nas emoções. “São usadas técnicas neurofisiológicas aplicadas, como eletroencefalogramas, eletrocardiogramas, eletromiogramas —para detectar a atividade dos músculos—, ressonâncias magnéticas funcionais, sistemas de eye-tracking —para detectar onde o olhar se fixa— ou o estudo das respostas orgânicas da pele, como a sudorese”, comenta Navarro. “Queremos ver a influência real do que está sendo narrado e como está sendo narrado”.

“Existem até encefalogramas portáteis, espécies de capacetes que vão registrando a atividade cerebral enquanto o indivíduo está comprando”, diz Francis Blasco, coordenadora acadêmica do mestrado em Neuromarketing e Comportamento do Consumidor da Universidade Complutense de Madri. “Estamos tentando entender o padrão neuronal da compra”, acrescenta. O objetivo? Conhecer as preferências dos compradores (muitas das quais eles nem têm consciência) para ajudar as empresas a aperfeiçoar seus processos de comunicação e produção, dizem os especialistas da área. Querem olhar dentro de nossos cérebros para vender mais.

Por que nos deixamos convencer?

Pedro Bermejo, neurologista e presidente da Associação Espanhola de Neuroeconomia (Asocene), explica que, cada vez que tomamos uma decisão, “duas partes de nossos cérebros podem ser ativadas, a do sim e a do não”. Em função de qual das duas tendências prevaleça sobre a outra, estaremos mais ou menos inclinados a gastar dinheiro naquilo que um vendedor, um anúncio ou um político nos oferece. “Coloca-se o consumidor num aparelho de ressonância magnética e começa-se a vender os produtos. Pode-se saber o que dirá três ou quatro segundos antes que ele responda, porque o cérebro denuncia”, afirma o cientista. Mas quais são os mecanismos desencadeados para que uma determinada estratégia impacte o consumidor? Eis alguns deles.

Provocar medo da perda e jogar com o tempo. Os seres humanos, por natureza, sentimos aversão a perdas: é maior a dor de perder dinheiro do que a alegria de ganhar o mesmo valor. “Por isso são utilizadas mensagens como edição limitada ou se não comprar agora, nunca mais terá. O cérebro entra na zona de perda e o cliente quer evitar que isso aconteça”, explica Bermejo. A esse medo pode-se adicionar o fator tempo. “Quanto menos tempo o consumidor tiver para decidir, mais se torna emocional e influenciável. Por outro lado, quanto mais tempo alguém tem, mais pensa; e quanto mais pensa, mais racional será”, argumenta o neurologista. “O exemplo mais típico são os descontos: cria-se um medo de perdê-los.”

Efeito Pigmalião. O psicólogo norte-americano Robert Rosenthal descobriu, nos anos 60, que se os professores manifestam expectativas positivas em relação a certos alunos e lhes reservam um trato diferenciado, estes costumam acabar cumprindo as expectativas e obtendo melhores resultados. Nas lojas, explica Bermejo, tenta-se tratar o cliente de tal modo que ele reaja de acordo. “Por exemplo: sendo muito amáveis com ele ou levando-o a crer que nós merecemos alguma coisa que as demais não merecem”, diz.

Efeito halo. Foi formulado em 1920 pelo psicólogo Edward Lee Thorndike e refere-se aos erros cognitivos que cometemos na hora de avaliar uma pessoa que não conhecemos a fundo: acabamos estendendo uma única qualidade a tudo o que tem a ver com esse indivíduo. O conceito continuou sendo estudado posteriormente e vinculou-se cada vez mais à atração física: quanto mais alguém nos atrai à primeira vista, mais provável é que lhe atribuamos características positivas. “No marketing, transmitem-se os atrativos de uma pessoa à qualidade do produto”, explica Bermejo. Isso também funciona com os objetos, por exemplo utilizando um artigo que teve muito sucesso para gerar interesse em outro produto da mesma marca.

Efeito goggle (e não Google). O termo goggle quer dizer máscara de mergulho e faz referência à distorção da realidade que pode ser causado quando recebemos determinados estímulos imediatamente antes de tomar a decisão. “Se, por exemplo, querem me vender alguma coisa no banco, antes me convidarão para um café: é uma tentativa de criar uma predisposição favorável para que o cliente avalie o produto de forma mais positiva”, explica Bermejo.

Efeito bandwagon ou arrasto. Esse conceito se refere à tendência a comprar os produtos vencedores. Sua origem está no mundo da política: foi um comediante a serviço de Abraham Lincoln quem cunhou o termo “subir no comboio” durante a campanha eleitoral do 16º presidente dos Estados Unidos, que acompanhava com seu carro de diversões. “Significa querer estar junto com os melhores.” “Assemelha-se ao efeito manada, a propensão a seguir o que os outros também seguem. É muito usado na publicidade, e um exemplo são as imobiliárias quando põem um cartaz de vendido sobre o anúncio de um apartamento. Por que não o tiram de lá? Porque querem dizer que, se venderam para outra pessoa, também são capazes de vender para você. A mensagem é essa”, afirma o presidente da Asocene.

Efeito chamariz. Essa técnica é utilizada para que um produto pareça mais vantajoso que outro, e a variável com a qual se costuma jogar são os preços. Quando os consumidores estão em dúvida entre dois artigos, a proposição de um terceiro produto com características inferiores à primeira opção, mas superior à segunda em algum aspecto, fará com que o primeiro artigo se torne a escolha do cliente. “O cérebro não avalia mais de forma racional”, conclui Bermejo. Por exemplo: quando no cinema nos oferecem um saco maior de pipocas por 5 reais e outro menor por 2, pode ser que optemos pelo mais barato. Mas, ao apresentar uma terceira opção, o chamariz, que nesse caso poderia ser uma quantidade intermediária por 4,50 reais, a primeira opção nos parecerá muito mais vantajosa e gastaremos mais.

Podemos fazer algo para evitar que outros tomem as decisões por nós? “Precisamos nos informar: a única maneira para nos defendermos é ter conhecimento e tomar as decisões com tempo. O conselho: nunca compre na correria”, conclui Bermejo.

Sedução ou manipulação?

As empresas que se dedicam a esse setor costumam contar com equipes integradas por médicos e profissionais de marketing, que trabalham conjuntamente com o objetivo de conhecer as preferências dos consumidores. Na Espanha existem algumas empresas que já oferecem seus serviços nessa área, mas ainda são poucas. “Os países mais avançados em neuromarketing são EUA, Holanda, França, Alemanha, Japão e Itália”, comenta José Manuel Navarro, da Escola Superior de Comunicação e Marketing (ESCO).

“É uma pesquisa de caráter qualitativo, que tem uma grande vantagem: não necessita verbalização. Mas não há nenhum botão para compra. Queremos ver se as palavras grátis, oferta ou outlet estimulam o consumo, se os produtos sustentáveis interessam ou se apenas se presta atenção aos preços”, diz o diretor do mestrado de Neuromarketing da Universidade Autônoma de Barcelona, Pere Navalles.

Antonio Alonso, presidente da escola europeia de negócios Business School, argumenta que nunca se conseguirá que alguém faça algo contra a vontade: “Afinal é uma interação entre emoções e razão. Trata-se de entender o que quer o consumidor, construir o produto, descobrir se é realmente desejado e criar uma mensagem.” Essas técnicas, entretanto, já foram coibidas na França.

Francis Blasco, da Universidade Complutense de Madri, também afirma que “é impossível intervir no âmbito dos neurônios”. “O mundo está cheio de produtos que não servem para nada e queremos conhecer melhor o consumidor para nos adaptarmos a suas necessidades.” Para Bermejo, o risco é latente: “É preciso criar uma concorrência mais ética, porque é difícil dizer até que ponto estamos atendendo as necessidades do consumidor e até que ponto o estamos manipulando.”

Uma prática proibida na França

A revisão da lei sobre bioética feita na França em 2011 limita expressamente o uso de IRM (imagens por ressonância magnética) para determinadas funções. Em consequência, as imagens cerebrais obtidas com essa técnica não podem ser utilizadas como parte de projetos e pesquisas que tenham fins comerciais.

Para proteger-se de possíveis críticas, a Neuromarketing Science & Business Association (NMBSA), organismo internacional que reúne os profissionais e as empresas do setor, redigiu um código de ética com a ressalva de revisá-lo com o tempo, “para garantir que reflita de modo adequado os elevados padrões éticos requeridos pela indústria do neuromarketing”.

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4 provas científicas de que a televisão estraga sua vida

26.11.2013

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Estraga mesmo, mexe com seu cérebro e muda sua vida. E essas mudanças começam cedo, lá na infância, quando você mal consegue entender o que aquele pessoal da telinha tá falando. É o que garante a ciência… Dá uma olhada.

TRANSFORMA VOCÊ NUMA CRIANÇA PIOR

Palavra da pesquisadora Linda Pagani, da Universidade de Montreal, que coletou dados de 1,3 mil crianças. Quando os pequenos estavam com 2 anos e meio, a pesquisadora perguntou aos pais quanto tempo as crianças passavam em frente à televisão. E repetiu a pergunta quando eles estavam com 4 anos. Em seguida, mediu os índices de massa corporal (IMC), entrevistou os professores e analisou os hábitos saudáveis de cada um. E crianças fãs de tevê se saem pior em matemática, têm preguiça de exercícios físicos, se comportam mal na sala de aula, comem mal, e são mais gordinhos. Não importa o conteúdo: só o ato de ver muita tevê aos 2 anos influencia sua vida mais pra frente.

DEIXA VOCÊ SEM FOCO…

O pessoal da Universidade Estadual de Iowa descobriu que alunos que veem televisão 2 horas diariamente têm o dobro de chances de ser diagnosticado com problemas de atenção. Para chegar à conclusão, eles acompanharam o desempenho de mais de mil alunos da terceira a quinta série. E, sim, a tevê parece mudar o funcionamento do cérebro a ponto de deixar você bem mais desatento.

desligue-a-tv

…OBESO…

Não importa se você pratica ou não algum tipo de atividade física, ver muita televisão vai deixar você mais gordo. Pesquisadores da Universidade de Vermont pediram a 36 voluntários, todos acima do peso ou muito obesos, para usar um dispositivo de monitoramento de atividades por 6 semanas. Durante este período, 20 participantes foram obrigados a diminuir a quantidade semanal de tevê. Esses queimaram, em média, 120 calorias a mais por dia do que os outros – e sem fazer nem sequer um único polichinelo.

…E VIOLENTO

Outros pesquisadores acompanharam por 17 anos a vida de 700 crianças. E descobriram que 22,5% das crianças que viam de duas a três horas de televisão por dia viravam jovens mais violentos: cometiam mais assaltos e brigavam mais nas ruas. Em contraste, só 5,7% das crianças que viam menos de uma hora diariamente viravam encrenqueiros.

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Psicologia explica comportamentos políticos dos eleitores

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Política inconsciente

Segundo os psicólogos, é possível que não tenhamos tanto controle sobre nossa escolha política quanto imaginamos.

Educação, saúde e economia são, sem dúvida, assuntos importantes, mas os eleitores também podem ser “atraídos” por fatores aparentemente sem nenhuma relação com a política, como sensações de medo e repugnância.

É bem documentado que nossas decisões conscientes são frequentemente influenciadas por processos inconscientes, emoções e ideias preconcebidas.

Jon Krosnick, professor de ciência política da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, dedicou sua carreira a estudar o fenômeno: “Todas as escolhas são, na realidade, inconscientes”, defende ele.

Segundo Krosnick, durante um debate na televisão, muitos fatores podem ter impacto na decisão do eleitor – e não apenas o que cada candidato está dizendo.

Ele e seus colegas descobriram que, durante as eleições presidenciais norte-americanas de 2008, muitos eleitores não perceberam o quanto foram influenciados pela etnia dos candidatos Barack Obama e John McCain. Pessoas que marcaram mais pontos em um teste para medir o racismo implícito tinham menos tendência a optar por Obama.

Nojo e os políticos

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Já Yoel Inbar, professor de psicologia da Universidade de Toronto, no Canadá, estuda outra maneira como podemos ser influenciados: coisas que despertam sensações de nojo.

Sua equipe testou voluntários em uma “escala de repugnância” e, em seguida, apresentou a eles um questionário sobre suas visões políticas. A conclusão é que as pessoas que sentem repulsa mais facilmente tendem a ser mais conservadoras politicamente.

A principal implicação é algo que alguns marqueteiros políticos já perceberam: usar uma linguagem que desperte uma sensação de nojo – como dizer que “tal político ou tal partido fede” – pode ter uma influência muito mais profunda em algumas pessoas do que se pensa.

Medo e política

Outro estudo, que avaliou o impacto da “sensibilidade ao medo” na ideologia política sugere conclusões semelhantes. Um grupo de 46 voluntários foi convidado a dar sua opinião sobre uma série de assuntos, da guerra no Iraque à pena de morte. Os que mostraram ter opiniões fortes foram chamados para uma segunda fase.

Nela, os voluntários foram expostos a uma série de imagens ameaçadoras e a vários ruídos barulhentos, enquanto eram avaliados em sua suscetibilidade ao medo.

Os pesquisadores descobriram que as pessoas que se assustavam mais facilmente tinham mais opiniões alinhadas com uma ideologia de direita, ou seja, mais favorável à guerra e à pena de morte.

Portanto, um discurso político que provoque medo – enfatizando o risco de instabilidade econômica ou de ataques terroristas, por exemplo – pode ter um efeito impactante em alguns grupos quando é usado para tentar atrair votos.

Negativismo

Outras respostas subconscientes já são bem exploradas em campanhas políticas.

Uma delas é o negativismo – uma tendência das pessoas de se lembrarem preferencialmente de informações negativas e permitirem que emoções negativas dominem suas decisões.

A pesquisa de Krosnick sugere que, quando um político enfatiza as características negativas de seus rivais, ele pode fazer com que mais simpatizantes seus compareçam às urnas (em países onde o voto não é obrigatório).

Da mesma maneira, o estudo mostrou que apenas gostar de um determinado candidato não necessariamente faz o eleitor sair de casa para votar: a rejeição é um motivo muito mais forte para levar uma pessoa às urnas. “Se você não gosta de um dos candidatos, fica mais incentivado a participar. Ou seja, é a rejeição que motiva o comparecimento”, afirma Krosnick.

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Castigar os políticos

Também há cada vez mais indícios de que eleitores inconscientemente punem políticos quando se sentem decepcionados com eles – mesmo em questões completamente desassociadas da política.

Os cientistas políticos Larry Bartels e Christopher Achen, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, têm a teoria de que a disputada e polêmica eleição de 2000, nos Estados Unidos, entre Al Gore e George W. Bush, foi também influenciada por uma série de secas e enchentes que castigaram várias partes do país.

Ao analisarem o resultado das urnas e o clima em cada Estado, os pesquisadores perceberam que os democratas, que estavam no poder até então, obtiveram até 3,6% menos votos do que normalmente receberiam – o que pode indicar que muitos eleitores resolveram “castigar” o partido por sua má sorte com o tempo.

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Tentar desmentir boatos pode ter efeito inverso

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O poder dos boatos

Tentativas de desmentir boatos trazem um risco alto de apenas reforçá-los. Pelo menos no caso dos boatos políticos. Esta é a conclusão de um estudo realizado pelo cientista político Adam Berinsky, pesquisador do MIT (EUA).

Berinsky entrevistou cerca de 2.000 eleitores sobre o boato de que o plano nacional de saúde criado pelo governo do presidente norte-americano Barack Obama estabeleceria “comitês da morte”.

Esses grupos, diziam os boatos, teriam o poder de decidir quais cidadãos deveriam ter acesso a tratamentos médicos.

Oposição ao boato e verdade da oposição

Berinsky testou três modelos de desmentir os boatos – um neutro, um atribuído ao Partido Democrata, do governo, e um ao Partido Republicano, da oposição.

Em todos os casos a tentativa de desmentir o boato levou a um aumento tanto na taxa de rejeição quanto na de aceitação do rumor, dependendo do perfil dos eleitores entrevistados.

Ou seja, com o desmentido os eleitores que apoiam o governo passaram a duvidar mais do boato, enquanto os eleitores contrários ao governo passaram a acreditar mais no boato.

O único modelo que obteve efeito considerável para minar a credibilidade do boato, em todos os perfis, foi o atribuído à oposição. O modelo menos eficaz foi o que atribui o desmentido às fontes oficiais do partido do governo.

O estudo será publicado no periódico British Journal of Political Science.

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Mentalidade de rebanho: evoluímos para imitar os outros?

23.12.2014 ]

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O que os outros vão dizer

Um desejo natural de ser parte da maioria pode destruir nossa capacidade de tomar as decisões corretas.

Pesquisadores acreditam ter demonstrado que as pessoas se tornaram excessivamente influenciadas por seus vizinhos, em vez de confiar em seu próprio instinto.

Como resultado, os grupos se tornaram menos sensíveis às mudanças no seu ambiente natural.

A colaboração internacional que chegou a estas conclusões inclui acadêmicos das universidades Exeter (Reino Unido), Princeton (EUA), Sorbonne e Instituto de Pesquisa em Ciência da Computação e Automação (França). Os resultados foram publicados na revista Royal Society Interface.

Copiar e emburrecer

“Copiar o que as outras pessoas fazem pode ser útil em muitas situações, como que tipo de telefone comprar, ou para os animais, para que lado correr se a situação é perigosa,” explica o Dr. Colin Torney, coordenador do estudo.

“No entanto, o desafio está em avaliar as crenças pessoais quando elas contradizem o que os outros estão fazendo. Nós mostramos que a evolução vai levar as pessoas a superutilizar a informação social, e copiar os outros muito mais do que deveriam.

“O resultado é que os grupos evoluem para serem indiferentes às mudanças no seu ambiente e passar muito tempo copiando um ao outro, e não tomando suas próprias decisões,” detalha o pesquisador.

Evolução ou involução?

A equipe usou modelos matemáticos para analisar como o uso de informações sociais tem evoluído dentro de grupos animais.

Usando um modelo simples de tomada de decisões em um ambiente dinâmico, a equipe concluiu que os indivíduos confiam excessivamente na informação social e “evoluem” para serem muito facilmente influenciados por seus vizinhos.

A equipe sugere que isto se deve a um “conflito evolutivo clássico entre o interesse individual e o interesse coletivo”.

“Nossos resultados sugerem que não devemos esperar que grupos sociais na natureza possam responder eficazmente às mudanças no ambiente. Indivíduos que passam muito tempo copiando seus vizinhos provavelmente sejam a norma,” concluiu o Dr. Torney.

Se isso é evolução ou involução, ou se levará o grupo à sobrevivência ou à extinção, talvez seja matéria para outros estudos. Ou talvez leve à conclusão de que o arcabouço da evolução animal estrita não seja adequado para estudar comportamentos humanos, sobretudo em grandes grupos.

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O impacto da exposição de crianças e adolescentes a cenas de sexo e violência na TV

Mídia e Infância – O impacto da exposição de crianças e adolescentes a cenas de sexo e violência na TV

Realização:
ANDI – Comunicação e Direitos
Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social

Este documento apresenta informações extraídas dos principais estudos elaborados em diversos países sobre os impactos que a exposição a cenas televisivas de sexo e violência podem causar a crianças e adolescentes.

Pesquisas com esse perfil vêm sendo desenvolvidas há várias décadas1 e concluem, majoritariamente, que o contato regular de garotos e garotas com conteúdos inadequados pode levar a sérias consequências, como comportamentos de imitação, agressão, medo, ansiedade, concepções errôneas sobre a violência real e sexualização precoce.

1. A MÍDIA COMO FONTE DE SOCIALIZAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

A mídia, como qualquer outra instituição de socialização, não pode ser analisada de maneira isolada. Suas consequências para o desenvolvimento de crianças e adolescentes são resultado da ação estabelecida em conjunto com todo o amplo contexto social no qual está inserida.

Entretanto, na atual era da informação, pais, professores e outros agentes de socialização vêm perdendo para a mídia sua posição de modelos prioritários para os mais jovens. Família, igreja e escola não são mais as principais fontes de conhecimento acerca da sociedade.

Algumas razões para esta situação são destacadas pelos especialistas:

. A socialização pela imagem é muito mais convidativa e simples;

. A mídia consegue estar mais próxima da realidade imediata e dos interesses prioritários da criança e do adolescente, quando comparada a outras instituições de socialização;

. O acesso aos meios de comunicação abertos acontece no interior das residências, sem a necessidade de deslocamentos, matrículas e compromissos. Logo, se dá a um custo muito baixo;

. O perfil laboral e a própria estrutura das famílias contemporâneas vem se alterando: pais e mães permanecem fora do lar boa parte do tempo e há maior número de casais divorciados e de famílias chefiadas exclusivamente pela mãe. Assim, diminui o tempo dedicado pelos responsáveis às tarefas de socialização e a atuação dos veículos de comunicação nessa área acaba amplificada;

. Em diversas localidades – e nos mais variados recortes populacionais – os crescentes índices de violência urbana estimulam que crianças e adolescentes permaneçam mais tempo no interior das residências, abrindo espaço para um maior contato com a televisão, em detrimento de outros espaços de socialização;

. A mídia colabora direta e indiretamente na socialização de meninos e meninas. Isso porque suas mensagens são transmitidas não apenas para crianças, mas também para outros atores com funções de socialização (pais e professores, por exemplo).

2. O CONSUMO DE TELEVISÃO NO BRASIL

A avaliação destes dados deve levar em consideração também o alcance praticamente universal da televisão de sinal aberto junto às famílias brasileiras. De acordo com pesquisa recente do Ibope2, divulgada em 2011, a TV alcança 97% de nossa população, superando largamente todos os outros tipos de mídia (veja tabela na próxima página).

Alcance da Mídia no Brasil
===================
Meio de comunicação
% da população
===================
TV Aberta
97%

Internet
56%

Rádios (AM/FM)
52%

Revistas
38%

Jornais
34%

TV por Assinatura
28%
===================

Soma-se a este fato outro dado de extrema relevância, que atesta a enorme influência da mídia na vida dos mais jovens:

. De acordo com o Painel Nacional de Televisores do Ibope 2007, as crianças brasileiras que estão entre quatro e 11 anos de idade passam, em média, 4 horas, 50 minutos e 11 segundos por dia em frente à TV3.

3. POSICIONAMENTOS DO COMITÊ PARA OS DIREITOS DA CRIANÇA DA ONU E DA UNESCO

Diante deste tipo de cenário, que se replica nas mais diversas regiões do globo, diversas entidades vinculadas à Organização das Nações Unidas vêm enfatizando a necessidade dos governos nacionais assumirem atitudes concretas de proteção aos direitos da criança e do adolescente no campo da comunicação de massa.

Segundo o Comitê para os Direitos da Criança, criado para monitorar a implementação da Convenção sobre os Direitos da Criança (1989), ratificada pelo Brasil, o problema da mídia tende a se agravar porque cada vez mais crianças dedicam períodos crescentes de seu dia à televisão, não raro superando o tempo que passam na escola ou que estão com os pais. Além disso, muitas crianças não têm um adulto presente, enquanto assistem TV, para lhes explicar as imagens violentas da programação e colocá-las em um contexto compreensível.

Nesse sentido, o Comitê recomenda que:

. Os governos precisam tomar medidas corretivas para evitar os efeitos das forças de mercado que violam os “maiores interesses da criança”;

. Não existe contradição entre o acesso da criança à informação e medidas para protegê-la de influências negativas da mídia: “A liberdade de expressão não é incompatível com a firme proibição de material nocivo ao bem-estar da criança”, afirma o documento.

Após a promulgação da Convenção da ONU sobre os Direitos da Criança, a Unesco criou, em associação com a Universidade de Göteborg, na Suécia, a International Clearinghouse on Children, Youth and Media, instituição dedicada exclusivamente ao estudo das relações entre os meios de comunicação e o público infanto-juvenil.

Em uma das publicações da entidade4, artigo assinado pelo pesquisador Thomas Hammarberg aponta ser comum aos países regular o horário dos conteúdos televisivos para proteger as crianças. Os programas que possam ser prejudiciais devem ter transmissão apenas tarde da noite – o que pode ser estipulado por lei, instruções especiais ou acordos voluntários envolvendo a própria mídia.

4. POSICIONAMENTOS DAS INSTITUIÇÕES ESPECIALIZADAS NORTE-AMERICANAS

Baseadas em um vasto contingente de estudos (ver mais adiante), instituições norte-americanas renomadas tem se manifestado de forma contundente a respeito da relação entre exposição de crianças a conteúdos violentos veiculadas na televisão e comportamento agressivo.

Obteve grande repercussão, por exemplo, a declaração conjunta Joint Statement on the Impact of Entertainment Violence on Children5, apresentada pela Academia Norte-Americana de Pediatria, Academia Norte-Americana de Psiquiatria para Crianças e Adolescentes, Associação Norte-Americana de Psicologia, Associação Médica Americana e Associação Norte-Americana de Psiquiatria, durante a Cúpula do Congresso dos Estados Unidos sobre Saúde Pública, em 26 de julho de 2000. Ressalta o texto:

(…) Mais de 1.000 estudos – incluindo relatórios do primeiro escalão da área de saúde do governo federal, do Instituto Nacional de Saúde Mental e inúmeros estudos conduzidos por reconhecidas lideranças no campo médico e da saúde pública – nossos próprios membros – apontam incontestavelmente para uma conexão causal entre violência na mídia e comportamento agressivo em algumas crianças. A conclusão da comunidade da saúde pública, baseada em 30 anos de pesquisas, é que consumir violência através dos programas de entretenimento pode levar a um aumento em atitudes, valores e comportamentos agressivos, particularmente nas crianças.

Merece destaque também a declaração Media Violence6, da Comissão de Educação Pública da Academia Americana de Pediatria. Segundo o documento:

A força da correlação entre violência na mídia e comportamento agressivo encontrada nos estudos de meta-análise é maior do que a relação entre o consumo de cálcio e a massa óssea, a ingestão de chumbo e o baixo QI, o não uso de preservativos e a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana, ou o tabagismo passivo e o câncer de pulmão – associações aceitas pela comunidade médica e nas quais a medicina preventiva se fundamenta sem questionamentos.

5. VIOLÊNCIA E SEXUALIDADE PRECOCE NA MÍDIA E NA SOCIEDADE NORTE-AMERICANAS

Nos últimos 40 anos, mais de 3.500 pesquisas sobre os efeitos da violência na televisão sobre os espectadores foram conduzidas nos EUA. Segundo os especialistas no tema, vários fatores contribuem para a violência na sociedade norte-americana, sendo significativa a participação da violência transmitida pela televisão, já que ela aparece em muitos tipos de programas: de videoclips a shows de entretenimento, de documentários a noticiários. Ao terminar o primeiro grau, uma criança norte-americana comum terá visto mais de 8 mil assassinatos e mais de 100 mil outros atos de violência nos conteúdos televisivos.

Dentre os muitos estudos sobre a questão, alguns merecem especial destaque:

5.1 Estudo longitudinal comprova: crianças expostas a programação violenta em 1977 haviam se tornado adultos agressivos 14 anos depois

Pesquisadores da Universidade de Michigan7 realizaram o estudo Longitudinal relations between children’s exposure to TV violence and their aggressive and violent behavior in young adulthood: 1977–1992 que relaciona a exposição de crianças à violência na TV e seus comportamentos agressivos e violentos no início da fase adulta. A pesquisa foi dividida em duas etapas, realizadas em 1977 e em 1991 e desenvolvida da seguinte forma:

. Para a primeira fase, em 1977, os investigadores ouviram 557 crianças da zona metropolitana de Chicago, a fim de medir hábitos em relação aos meios de comunicação, especialmente o consumo de programação televisiva violenta;

. Após 14 anos, buscaram localizar os mesmos indivíduos – então com idades entre 20 e 22 anos – a fim de verificar se a interação com conteúdos violentos na infância poderia, ou não, predizer comportamentos agressivos na vida adulta. Foram localizadas nessa segunda fase 329 indivíduos – o que corresponde a 60% da amostra inicial;

. Os resultados da comparação foram pujantes. Tanto para homens quanto para mulheres, uma maior exposição a conteúdos violentos transmitidos pela tevê durante a infância foi capaz de predizer um maior nível de agressão na vida adulta, independentemente do quão agressivos os participantes eram quando crianças;

. O constatado pela equipe de pesquisa de Michigan é que mesmo crianças que não eram agressivas na infância – e de todos os estratos sociais – ao terem sido expostas a um volume expressivo de conteúdos televisivos violentos durante esse período acabaram por apresentar maior probabilidade de se tornarem adultos agressivos.

5.2. Efeitos da exposição das crianças à violência na mídia: medo, perda de sensibilidade e aumento de comportamentos violentos

Durante a década de 1990, foram realizadas nos EUA diversas análises que sustentam a conclusão de que os conteúdos violentos veiculados pela mídia de massa contribuem para o desenvolvimento de comportamentos e atitudes agressivas, assim como conduzem a efeitos de dessensibilização e medo. Entre as principais pesquisas deste grupo, incluem-se:

. O relatório dos Centers for Disease Control and Prevention (CDC), que declarou que a violência na televisão é um mal para a saúde pública (1991);

. O estudo da violência na vida norte-americana, elaborado pela National Academy of Sciences (NAS), que relacionou a mídia, juntamente com outros fatores sociais e psicológicos, como um elemento que contribui para a violência (1993);

. O estudo da American Psychological Association (APA), que apontou graves comprometimentos à saúde emocional das crianças em função do contato frequente com conteúdos audiovisuais violentos (1992).

Para as três análises, há clara evidência de que a exposição de crianças à violência na mídia contribui de forma significativa para a violência no mundo real. Entre outros impactos identificados, merecem atenção:

. O efeito da aprendizagem social – Segundo a teoria da aprendizagem social, o processo de aprendizado das crianças acontece pela observação das imagens da televisão assim como ocorre pela observação das ações de pessoas na realidade. Formulada por Albert Bandura (Prentice Hall, 1973), esta abordagem sustenta-se no resultado de experimentos com crianças na pré-escola, comprovando que a partir da exposição a conteúdos da televisão elas podem adquirir formas agressivas de comportamento, que irão manifestar quando agrupadas em brincadeiras escolares.

. O efeito da dessensibilização – As pesquisas demonstram que o ato prolongado de ver violência na mídia pode levar à dessensibilização emocional em relação à violência do mundo real e às suas vítimas – o que, por sua vez, pode levar a atitudes insensíveis em relação à violência dirigida a outros e a uma probabilidade menor de agir em benefício da vítima quando ocorre violência. Com o passar do tempo, mesmo aqueles espectadores que inicialmente reagem com horror à violência na mídia podem se habituar a ela ou se sentir mais psicologicamente confortáveis, uma vez que veem determinado ato de violência como menos grave e podem avaliar a violência na mídia de forma mais favorável.

. O aumento do medo – Outro aspecto marcante identificado pelas pesquisas é que os cenários de violência retratados pela mídia transformam o mundo em um lugar atemorizante para o espectador infanto-juvenil, mais impressionável que o adulto. O Physician Guide to Media Violence – publicado pela American Medical Association (AMA), em 1996 – alerta que “a exposição a um único filme, programa de televisão ou reportagem pode resultar em depressão emocional, pesadelos ou outros problemas relativos ao sono em muitas crianças”, particularmente as mais novas. E crianças amedrontadas estão mais sujeitas a se tornarem vítimas ou agressores.

5.3 FCC: relatório do órgão regulador dos EUA demanda do Congresso a regulação urgente dos conteúdos televisivos violentos

Em 2007, a Federal Communications Commission (FCC), agência reguladora da radiodifusão nos Estados Unidos, publicou o relatório In the matter of violent television programming and its impact on children. O documento sugere de forma veemente que o Congresso americano deve regular os conteúdos violentos na televisão, da mesma forma que já vem fazendo com os de teor sexual, estabelecendo uma faixa horária de proteção para a criança.

Aponta o relatório:

. Não há dúvidas quanto aos efeitos negativos que a violência transmitida pela mídia pode causar nas crianças e adolescentes, especialmente no curto prazo;

. É citada com especial ênfase pesquisa patrocinada pelo Center for Successful Parenting, cujos resultados comprovam haver “uma correlação entre o grau de exposição à violência transmitida pela televisão e cinema e contida no vídeo-game e o funcionamento normal do cérebro”;

. O documento da FCC ressalta que este estudo se valeu de técnicas de ressonância magnética e os resultados mostraram que a violência na mídia afeta diretamente o córtex pré-frontal, área do cérebro responsável pelas tarefas cognitivas mais sofisticadas e complexas da mente humana. Considerada a “sede” da personalidade e da vida intelectiva, essa estrutura do cérebro participa na tomada de decisões e na adoção de estratégias comportamentais adequadas à situação física e social.

5.4 Sexualização precoce e consumo excessivo de álcool e tabaco

De acordo com vários estudos, a sexualização precoce e o consumo excessivo de álcool e tabaco na sociedade norte-americana também se relacionam com a exposição de crianças e adolescentes a estes conteúdos na televisão. Dados de 1996 apontavam que, nos EUA, o adolescente médio estava exposto a cerca de 14 mil referências audiovisuais ligadas a sexo, durante o período de um ano.

O documento Watching Sex on Television Predicts Adolescent Initiation of Sexual Behavior8, publicado pela Academia Americana de Pediatria (2004) constata que a exposição dos adolescentes ao sexo em programas de TV tem sido determinante na iniciação sexual dos adolescentes.

Federal Trade Comission (FTC), dos Estados Unidos, denuncia indústria midiática de violar seus próprios códigos de autorregulação

No ano 2000 foi publicado o relatório Marketing violent entertainment to children: a review of self-regulation and industry practices in the motion picture, music recording & electronic game industries, da Federal Trade Comission (FTC), órgão responsável pela proteção dos direitos do consumidor dos EUA.

. O documento constata uma contradição: as próprias empresas que autoclassificam seus produtos como possuidores de conteúdos inadequados para crianças e adolescentes ou como requerendo especial preocupação dos pais em função do conteúdo violento que comportam, dirigem rotineiramente a publicidade desses produtos para o público infanto-juvenil;

. Além disso, os planos de marketing e mídia dessas companhias envolvem estratégias de promoção e publicidade desses produtos em veículos que mais comumente alcançam crianças com menos de 17 anos, incluindo aqueles programas televisivos identificados como os “mais populares” entre o grupo com menos de 17 anos.

Já o Physician Guide to Media Violence, da AMA (1996), aponta como potenciais consequências decorrentes do excesso de exposição à mídia eletrônica por crianças e adolescentes o aumento do uso de tabaco e álcool, da atividade sexual precoce e do consumismo excessivo. Segundo o guia, “Essas investigações comprovam uma tendência, bem documentada, das crianças imitarem os padrões comportamentais mostrados na televisão”.

6. ANÁLISES SOBRE O TEMA EM OUTROS PAÍSES

6.1 Holanda: heróis “exterminadores” e o fascínio pela violência em um mundo globalizado

O estudo Young People’s Perception of Violence on the Screen9 (Unesco; Universidade de Utrecht, 1997), realizado pelo pesquisador Jo Groebel, da Universidade de Utrecht (Holanda), é a maior pesquisa já realizada sobre este assunto e a conduzida da forma mais abrangente. O levantamento ouviu 5 mil crianças de 12 anos de idade, de 23 países, selecionados por meio do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).

As crianças viviam em regiões urbanas e rurais, em áreas com altos e com baixos índices de violência, e em países com elevados ou reduzidos níveis de desenvolvimento tecnológico. A pesquisa revelou que:

. Independente de sua realidade social ou cultural, quase todas as crianças entrevistadas conheciam personagens como Exterminador do Futuro e Rambo, ou citavam um herói local favorito como modelo principal;

. Um herói violento como o Exterminador do Futuro parece representar as características que as crianças consideram necessárias para resolver situações difíceis;

. O fascínio pela violência está frequentemente relacionado com o fato dos heróis serem recompensados por suas ações, já que são capazes de lidar com todos os problemas;

. Assim, conclui o estudo, a violência na tela se torna atraente como um modelo para resolver os problemas da vida real e, portanto, contribui para uma cultura pautada pela agressividade, em nível global.

6.2 Canadá: violência física entre crianças e adolescentes cresce 160% após chegada da televisão em comunidade rural

No estudo Educating oppositional and defiant children (Association for Supervision and Curriculum Development , 2003), os pesquisadores Philip Hall e Nancy Hall, da Associação para Supervisão e Desenvolvimento Curricular do Canadá, mencionam pesquisa de 1986, conduzida por L.A. Joy, M.M. Kimball e M.L. Zabrack, que faz grave constatação:

. Dois anos após a introdução da televisão em Notel, uma pequena cidade da zona rural do Canadá, o volume de violência física entre crianças e adolescentes cresceu 160%.

Também foi realizado no Canadá o estudo Children, adolescents & the media10 (Sage Publications, 2002). Os resultados apontam que a exposição a conteúdos sexuais veiculados pelos meios de comunicação pode estar relacionada à iniciação precoce da atividade sexual e ao desenvolvimento de comportamento de risco.

6.3 Suécia: influência da mídia nas mudanças de comportamento das crianças e dos adolescentes

A pesquisa Children, ethics, media (Save the Children Sweden, 2002), realizada por Helena Thorfinn para a Save the Children Suécia analisou como as crianças podem aprender novos comportamentos, adquirir ideias, emoções, pensamentos e fantasias a partir dos meios de comunicação. A pesquisa mostra que:

. Dependendo do tipo de conteúdo veiculado, as mudanças no comportamento podem variar de elementos negativos (especialmente na forma de violência, negligência e arrogância) a positivos (como altruísmo, amizade e solidariedade);

. A mensagem da mídia mescla-se com as experiências, sentimentos e frustrações anteriores dos indivíduos e é processada por cada pessoa de maneira única e imprevisível.

6.4 Alemanha: telenovelas reforçam estereótipos e seus personagens são referências para crianças e adolescentes

O Instituto Central Internacional para a Juventude e a Televisão Educativa11 da Alemanha, com sede em Munique, desenvolve inúmeras pesquisas sobre o tema do impacto do conteúdo televisivo sobre o público infanto-juvenil. Um dos trabalhos que merece destaque focaliza a influência das telenovelas e seriados no dia-a-dia das crianças e adolescentes.12

Os pesquisadores entrevistaram 401 indivíduos entre 6 e 19 anos que se declararam “fãs de novelas”. Segundo o estudo, para crianças e adolescentes que assistem esses programas por um período que corresponde a pelo menos um terço de seu tempo livre, os conteúdos veiculados se transformam em importantes aspectos de seu processo de socialização – o que requer um alto grau de responsabilidade por parte dos produtores e uma reflexão de toda a sociedade sobre as consequências da intensa exposição das crianças e adolescentes à mídia, típica das sociedades contemporâneas.

Algumas conclusões da pesquisa:

. Cenas espetaculares não são indicadas para crianças do ensino fundamental. Houve vários relatos de pesadelos e crises de choro por crianças quando expostos a cenas violentas. Violência (sexual ou não) contra personagens com os quais as crianças se identificam permanecem por anos em suas mentes;

. Os personagens são tidos como uma forma de espelho, de auto-imagem idealizada. São diferenciados entre “o vilão” e “o mocinho” de forma estereotipada. Na pesquisa, as crianças nomearam mais os “mocinhos”, avaliando suas atividades pessoais, comportamento e também sua aparência física;

. A novela é uma maneira das crianças e jovens identificarem formas de falar, se vestir e se pentear quando querem parecer “na moda”;

. Personagens femininas geralmente estão enquadradas em construções estereotipadas. Elas não são apenas magras e bem vestidas, mas tornam-se também referências de um ideal de beleza. Os conteúdos levam à disseminação de clichês relacionados a gênero e, em vez de exporem uma variedade de características, terminam reforçando estereótipos;

. Crianças e adolescentes também desenvolvem relações para-sociais com os personagens. Como estas condições ideais não podem ser alcançadas nas interações com as pessoas de seu entorno, isto acaba se tornando um obstáculo para o desenvolvimento de relacionamentos na vida real.

CONCLUSÃO

É em função deste amplo conjunto de evidências que, ao longo das últimas décadas, as principais democracias do planeta vêm adotando sistemas similares ao da Classificação Indicativa utilizada pelo Ministério da Justiça brasileiro com o fim de proteger os direitos humanos de crianças e adolescentes expostos ao conteúdo da televisão.

Com a Classificação Indicativa, as programações televisivas passam a dar indicação à família sobre a faixa etária para a qual as obras audiovisuais são recomendadas. Isso porque é um direito inalienável das famílias decidir o que seus filhos podem ou não assistir. Entretanto, para que esse direito possa ser exercido, é preciso que o Estado – o poder concedente – ofereça as condições objetivas necessárias.

Para exemplificar, vale aqui usar uma analogia:

Todos têm direito à saúde, mas se o hospital público mais próximo está a 500 quilômetros de uma certa localidade, dificilmente os direitos daquela população estarão garantidos. Assim, cabe ao Estado construir a unidade médica. Da mesma forma, ocorre com o direito das famílias em escolher o que seus filhos assistirão ou não:

. De saída, os pais ou responsáveis precisam estar presentes no lar para orientar os filhos – daí a pertinência de remeter a programação potencialmente inadequada para o horário noturno;

. Depois, os pais precisam saber quais conteúdos (violência, por exemplo) vão encontrar no programa que começam a assistir na companhia dos filhos – daí a relevância de tornar obrigatória e vinculante o cumprimento das regras da Classificação Indicativa por parte das empresas concessionárias.

A Classificação Indicativa trata-se, portanto, de uma política pública implementada para garantir o respeito aos direitos das crianças e dos adolescentes que, sem dúvida, estão mais vulneráveis ao conteúdo a que serão expostos na televisão, já que ainda se encontram em processo de formação. Para os pais poderem cumprir com suas responsabilidades em relação à proteção do processo de desenvolvimento de seus filhos, antes o Estado e as empresas devem fazer sua parte, estabelecendo e obedecendo os limites para a veiculação de conteúdos potencialmente danosos.

NOTAS

[1] As primeiras pesquisas sobre os prováveis impactos do conteúdo de sexo e violência veiculado pela mídia sobre a formação de crianças e adolescentes datam de 1929 e coincidem com o crescimento do cinema como meio de entretenimento e informação. Desde então, esses estudos passaram a ser desenvolvidos de forma frequente, por meio de um conjunto variado de métodos, entre os quais pesquisas experimentais, correlacionais, longitudinais e meta-análises.

[2] MediaBook 2011. Hábitos da Mídia e Investimento Publicitário em 2010. Ibope, São Paulo, 2010.

[3] Informação acessada em http://www.alana.org.br/CriancaConsumo/Comunicacao.aspx?page=1&v=4.

[4] Cecilia von Feilitzen e Ulla Carlsson (org.), A criança e a violência na mídia (Unesco, 1999).

[5] Informação acessada em http://www2.aap.org/advocacy/releases/jstmtevc.htm.

[6] Informação acessada em http://aappolicy.aappublications.org/cgi/reprint/pediatrics;108/5/1222.pdf.

[7] Pesquisadores responsáveis pelo estudo: Rowell Huesmann, Jéssica Moise-Titus, Cheryl-Lynn Podolski e Leonard D. Eron.

[8] O documento foi elaborado pelos médicos e pesquisadores Rebecca Collins, Marc. N. Elliott, Sandra H. Berry, Daviv E. Kanouse, Dale Kunkel, Sarah B. Hunter, e Ângela Miu.

[9] Projeto conjunto da Unesco e Universidade de Utrecht.

[10] O estudo foi realizado pelos pesquisadores Victor C. Strasburger e Barbara J. Wilson.

[11] Internationales Zentralinstitut für das Jugend und Bildungsfernsehen.

[12] Pesquisa publicada no livro The reception of soap operas in children’s and adolescents’ everyday life (Instituto Central Internacional para a Juventude e a Televisão Educativa, 2010).

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Outfoxed: A Guerra de Rupert Murdoch Contra o Jornalismo

Outfoxed: Rupert Murdoch’s War on Journalism (2004)

Sinopse:
Se você realmente acredita que o que se fala nos noticiários é a verdade vinda de um trabalho jornalistico que procura melhorar a sociedade, você tem que assistir a esse documentário. Provavelmente sua impressão sobre o telejornalismo nunca mais será a mesma.
“Outfoxed” entrevista ex-jornalistas da Fox News e mostra o lado obscuro por trás das notícias. Os interesses das grandes corporações e das oligarquias, que formam e controlam a “opinião pública”, transformando o jornalismo na chamada “imprensa marrom” liderada por Rupert Murdoch.

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Direção: Robert Greenwald
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