Estudo liga meditação a menor risco de ataque em cardiopata

Gabriela Cupani

Praticar meditação pode ajudar a reduzir quase pela metade o risco de sofrer um ataque cardíaco ou um AVC (acidente vascular cerebral) em pacientes com doença cardiovascular. Esse é o resultado de um estudo apresentado no congresso da American Heart Association, realizado em Orlando.

Segundo os autores da pesquisa, feita no Medical College of Wisconsin e patrocinada pelo instituto norte-americano de saúde, trata-se do primeiro estudo controlado que constatou os benefícios a longo prazo da técnica sobre eventos no coração.

Os pesquisadores acompanharam 201 pacientes, com idade média de 59 anos, durante cinco anos. Todos tinham aterosclerose (depósito de gordura nas paredes das artérias).

Eles foram separados em dois grupos. Um foi submetido a um programa de meditação transcendental, praticado duas vezes por dia durante 15 ou 20 minutos. O outro foi considerado o grupo controle. Todos continuaram recebendo os remédios que já tomavam.

Ao final do período, no grupo que praticou meditação houve 20 eventos, como ataques cardíacos, derrames e mortes. Entre os demais, foram 32. Os que meditaram também tiveram uma redução da pressão arterial de cinco milímetros de mercúrio (a medida usada para pressão), em média.

“A meditação tem um efeito antiestresse, com queda nos níveis de cortisol e adrenalina”, explica o psicólogo José Roberto Leite, chefe do núcleo de medicina comportamental da Universidade Federal de São Paulo.

Sabe-se que os hormônios relacionados ao estresse (como o cortisol e a adrenalina) interferem no metabolismo e aumentam a frequência cardíaca, a pressão arterial e os níveis de gorduras – o que tem um impacto direto na saúde cardiovascular. A longo prazo, os efeitos do estresse também abalam o sistema imunológico.

“É um trabalho científico sério que corrobora o que já se observava na prática”, diz o cardiologista Carlos Alberto Pastore, do InCor (Instituto do Coração). Segundo ele, qualquer atividade que alivie o estresse reduz também o risco cardíaco.

“A pessoa que medita consegue enfrentar melhor o estresse”, diz Norvan Leite, médico especialista em medicina chinesa e responsável pela implantação da primeira sala de meditação em um hospital público e pelo serviço de acupuntura no Hospital do Servidor Público Municipal, em São Paulo. “A prática altera o organismo como um todo”, observa.

Depressão

Outro estudo sobre o assunto, publicado no periódico científico “American Journal of Hypertension”, demonstrou que a meditação também é eficaz para reduzir a pressão arterial, a ansiedade e a depressão. A pesquisa, feita na American University, em Washington, acompanhou por três meses 298 estudantes universitários, divididos em dois grupos.

“A meditação promove mudanças neuroquímicas significativas com a liberação de endorfinas”, completa José Roberto Leite, da Unifesp.

Segundo o psicólogo, após um mês de prática regular é possível observar alguns benefícios. “Mas deve-se encarar a meditação como a alimentação ou a atividade física e incorporá-la à rotina”, afirma.

http://www1.folha.uol.com.br

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Dieta rica em proteína pode aumentar aterosclerose, 26-08-2009

Adeptos das dietas de ingestão de pouco carboidrato e muita proteína têm conseguido resultados que consideram satisfatórios, apesar de a ciência ainda pouco saber sobre os efeitos a longo prazo de tais métodos, especialmente com relação à saúde vascular.

Um novo estudo, feito nos Estados Unidos, acaba de aumentar o conhecimento sobre o assunto, com má notícia para os defensores dessas alternativas para emagrecimento.

A pesquisa apontou que camundongos submetidos a dieta de pouco carboidrado e bastante proteína apresentaram, após 12 semanas, um elevado aumento da aterosclerose, processo inflamatório caracterizado pela formação de placas de gordura na parede das artérias, uma das principais causas de infarto e de derrames.

O estudo identificou que a dieta levou a uma redução na capacidade de formar novos vasos sanguíneos em tecidos com fluxo sanguíneo prejudicado, como costuma ocorrer durante um infarto.

O trabalho, que será publicado esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas), também destaca que indicadores costumeiros de risco cardiovascular, entre os quais o colesterol, não se alteraram nos animais submetidos à dieta, apesar da clara evidência de aumento de problemas vasculares.

“É muito difícil saber, por meio de estudos clínicos, como as dietas afetam a saúde vascular. Por conta disso, a tendência é tomar como base a eficiência de métodos com marcadores facilmente observáveis, como o colesterol. Mas nossa pesquisa indica que, pelo menos em animais, essas dietas podem ter efeitos cardiovasculares adversos que não se refletem em marcadores simples”, disse Anthony Rosenzweig, diretor de pesquisa cardiovascular no Beth Israel Deaconess Medical Center e professor da Escola Médica Harvard, um dos coordenadores do estudo.

Os autores do estudo verificaram que um aumento na formação de placas de gordura nos vasos sanguíneos e o prejuízo na capacidade de formar novos vasos estavam associados com uma redução na quantidade de células que dão origem aos vasos. Essas células, sugerem, podem ter um papel de proteção na saúde vascular.

A dieta submetida aos camundongos foi constituída por 12% de carboidratos, quase 43% de gordura, 45% de proteína e 0,15% de colesterol. Um segundo grupo de camundongos passou por uma dieta típica do animal e um terceiro por uma dieta ocidental comum.

Os cientistas observaram que os camundongos do primeiro grupo ganharam, após 12 semanas, 28% menos peso do que os alimentados com o equivalente a uma dieta ocidental comum, percentual consistente com valores geralmente verificados em humanos.

Análises mais aprofundadas, entretanto, revelaram que os vasos sanguíneos dos animais do grupo da dieta de alta proteína e baixo carboidrato apresentaram um grau de aterosclerose significativamente mais elevado. O acúmulo de placas de gordura foi de 15,3%, contra 8,8% da dieta ocidental regular. O grupo da dieta de camundongos apresentou evidência mínima de aterosclerose.

Em busca de explicação para a maior formação de placas, os pesquisadores chegaram às células endoteliais progenitoras (EPC, na sigla em inglês), que formam vasos sanguíneos.

“Exames nas medulas ósseas e no sangue periférico dos animais mostraram que as medidas de EPCs caíram cerca de 40% entre aqueles submetidos à dieta de baixo carboidrato. E isso após apenas duas semanas. Embora a natureza e o papel específico dessas células ainda estejam sendo investigados – e precaução é fundamental na hora de extrapolar efeitos de camundongos para situações clínicas –, os resultados me convenceram a cortar a dieta”, disse Rosenzweig. O pesquisador era adepto da dieta de alta proteína e baixo carboidrato.

O artigo Vascular effects of a low-carbohydrate high-protein diet, de Anthony Rosenzweig e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da Pnas em http://www.pnas.org.

http://www.agencia.fapesp.br/materia/10973/dieta-pode-aumentar-aterosclerose.htm