Óleo vegetal, uma alternativa polêmica

Enquanto o Brasil dá seus primeiros passos na produção de biodiesel, os agricultores voltam suas atenções a uma polêmica técnica: o uso de óleo vegetal in natura nos motores e máquinas agrícolas. Na luta contra os altos custos de produção, vale até azeite de supermercado na alimentação de tratores. O assunto é tema de discussões e demonstrações na Expodireto, que se encerra hoje em Não-Me-Toque.

Pela primeira vez, a empresa Helianthus, que produz sementes de girassol, está apresentando em uma feira o processo completo para uso de óleo vegetal em veículos. No estande, é mostrada a máquina que extrai óleo dos grãos, deixando um resíduo sólido que serve de alimentação para animais. O líquido vai imediatamente para o tanque de um trator. Antes de entrar no motor, passa por um equipamento acoplado à máquina que o aquece a 90 graus – esse processo evita que resíduos se depositem na estrutura, danificando-a.

– O litro do óleo feito na propriedade fica por R$ 0,80, bem mais barato do que o do diesel. O agricultor produz o próprio combustível – afirma Gilberto Grando, sócio da empresa.

O produtor rural Fernando Sohne, de Chapada, aposta nessa alternativa. Em novembro e dezembro, colheu 45 toneladas de girassol em 30 hectares. Vendeu sua produção à cooperativa, mas deixou 2,3 mil quilos do grão para testar a produção do combustível caseiro. Na Expodireto, se informava sobre as máquinas de extração do óleo. O presidente da Associação dos produtores de Soja de Mato Grosso, Rui Prado, diz que a prática é comum naquele Estado.

– Tem gente que compra óleo de soja na prateleira do supermercado e mistura com o diesel. No curto prazo não tem problema – relatou Prado em palestra na Expodireto.

O óleo vegetal também pode ser extraído de outras plantas como soja, canola e mamona, que atraiu a atenção do público na Emater.

A prática é tão antiga quanto polêmica. O primeiro motor a diesel, em 1900, funcionou com óleo de amendoim. Mas os veículos de hoje estão adaptados ao diesel comum misturado somente com o biodiesel – que é baseado no óleo vegetal, mas passa por transformações químicas que o tornam seguro. A Associação Nacional do Petróleo afirma que o uso do óleo vegetal pode danificar os veículos e proíbe a venda desse produto.

– O grande problema é que o óleo vegetal tem resíduos que alteram o desempenho do motor. Ainda são precisos testes para descobrirmos formas adequadas de utilizá-lo sem danificar o motor – afirma Carlos Trein, professor da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e especialista em mecanização agrícola.

Sebastião Ribeiro

http://www.biodieselbr.com

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