Ioga melhora a vida do doente com câncer, 24-05-2010

Fernanda Bassette
Gabriela Cupani

A prática regular de ioga ao menos duas vezes por semana melhora a qualidade de vida, proporciona um sono melhor, reduz a fadiga e a necessidade de tomar remédios para dormir.

Todos esses benefícios foram constatados em estudo feito com 410 pacientes com câncer (a maioria mulheres com tumor de mama). Os resultados serão apresentados em junho no congresso da Asco (Sociedade Americana de Oncologia Clínica).

Os pesquisadores dividiram o grupo em dois: metade fez aulas de ioga suave e restauradora (incluindo posturas especiais e exercícios de respiração) e a outra metade era o grupo controle.

Ao final de um mês, quem praticou ioga relatou 22% de melhora na qualidade do sono – duas vezes mais do que quem não fez o exercício.

O primeiro grupo também afirmou ter reduzido o cansaço pela metade e ter diminuído a quantidade de medicamentos usados para dormir.

Sandro Bosco

“Aplicamos essas séries não apenas para pessoas com câncer, mas com outros problemas como dores na coluna, de cabeça, dores menstruais, hérnia de disco, insônia”, afirma Sandro Bosco, professor de iyengar yoga (técnica restauradora) da escola Yoga Dham.

RESPIRAÇÃO

Bosco diz que as posturas restauradoras trabalham focando na abertura do tórax para promover a expansão do aparelho respiratório e, consequentemente, promover a melhoria da respiração.

Outro foco dessa modalidade de exercícios é o alinhamento da coluna. “Trabalhar no realinhamento da coluna é como abrir um espaço para readequar os órgãos. Isso melhora a irrigação sanguínea e a oxigenação”, diz.

Bosco, que dá aula para mulheres com câncer, diz que elas fazem uma série diferenciada de exercícios em relação às outras alunas: 80% da série é focada nas posturas restauradoras.

“São exercícios com a pessoa sentada, deitada, apoiada em uma cadeira, com cobertores, almofadas. Esses objetos reduzem o esforço físico e ajudam o aluno a permanecer na postura correta por mais tempo, aumentando os benefícios”, afirma.

Paulo de Tarso Lima

Para Paulo de Tarso Lima, membro do Programa de Medicina Integrativa do hospital Albert Einstein, a ioga é um instrumento eficaz na melhoria da respiração.

“Um dos grandes benefícios da ioga é que ela ensina as pessoas a “reaprender” a respirar. E as pacientes com câncer de mama têm dificuldades óbvias para respirar porque a cirurgia é no tórax, a respiração fica mais curta e tem todo um fator psicológico envolvido”, afirma.

Segundo Lima, se a pessoa aprender a respirar adequadamente, consequentemente sentirá menos cansaço e terá um sono restaurador.

“Esse trabalho demonstra, de forma clara, todos os benefícios da ioga já relatados pelos pacientes que fazem uso da terapia complementar e que não tinham respaldo acadêmico”, diz Lima.

OUTROS ESTUDOS

Artur Katz

“Esse estudo está em linha com outros que mostram benefícios de práticas como a meditação nesses pacientes”, diz o oncologista Artur Katz, do Sírio-Libanês.

Segundo ele, um dos méritos da pesquisa é o fato de ser feita com grupo controle, o que afasta a subjetividade.

“Praticar ioga ou meditação pode ajudar a reduzir os níveis de ansiedade, que está relacionada a alguns efeitos colaterais do tratamento do câncer”, diz Katz.

“Outros exercícios, como caminhar ou nadar, também promovem benefícios semelhantes”, completa Lima.

http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/739799-ioga-melhora-a-vida-do-doente-com-cancer.shtml

Vitamina D ajuda a prevenir diabetes, câncer, hipertensão e infecções

05.11.2009 ]

Fernanda Bassette
Julliane Silveira

vitamina D2

Não passa uma semana sem que surja uma nova pesquisa associando a falta de vitamina D no organismo a alguma doença. Os problemas vão além da saúde óssea prejudicada – relação já estabelecida, pois o nutriente contribui para a fixação do cálcio nos ossos. Hoje, estudos mostram que a deficiência pode levar a hipertensão, diabetes, infecções e alguns tipos de câncer.

Há até pouco tempo, os especialistas acreditavam que a discussão sobre a falta da vitamina era desnecessária no Brasil, já que um país tropical recebe luz solar suficiente – a maior parte da vitamina D é sintetizada com a ajuda dos raios solares.

No entanto, pesquisas recentes já apontam problemas entre os brasileiros. Um estudo realizado com 603 funcionários do Hospital Universitário da USP (Universidade de São Paulo) mostrou deficiências da vitamina tanto no fim do inverno quanto no término do verão.

“Ninguém esperava esses resultados para São Paulo. Ainda faltam estudos em outras partes do país, mas talvez seja possível extrapolar os resultados para toda a região que vai de Belo Horizonte ao Sul, principalmente nas grandes cidades”, diz Rosa Moysés, nefrologista do Hospital das Clínicas de São Paulo e autora da pesquisa.

Um outro trabalho, feito por pesquisadores da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), com 177 idosos que vivem em instituições e outros 243 idosos que moram em casa. Entre os primeiros, 41% tinham níveis muito baixos de vitamina D e, entre os outros, 30%.

“Os números são assustadores. Mesmo trabalhos com mulheres no Recife encontraram grande deficiência, porque elas também se escondem do sol. É um problema das grandes cidades”, afirma a endocrinologista Marise Castro, chefe do Setor de Doenças Osteometabólicas da universidade.

O deficit também existe entre adolescentes. A nutricionista Bárbara Peters, pesquisadora da Unifesp, detectou o problema em uma pesquisa feita com 136 jovens de Indaiatuba (interior de São Paulo) -62% deles apresentavam índice insuficiente de vitamina D.

“Não esperava esse resultado, pois são adolescentes saudáveis que vivem em uma cidade bastante ensolarada.”

Trabalhos feitos em animais mostraram que a vitamina D tem um papel inibidor da renina, hormônio que contribui para elevar a pressão arterial.

Um trabalho finlandês divulgado na semana passada no “American Journal of Epidemiology” confirma o alerta. Por 27 anos, foram monitoradas 5.000 pessoas.

Houve relação entre baixos índices da vitamina e maior risco de derrame e de outras doenças cardiovasculares.

“Pessoas com níveis adequados de vitamina D têm menos risco de calcificação das artérias, pois a vitamina possui uma ação anti-inflamatória”, afirma Marcelo de Medeiros Pinheiro, reumatologista da Unifesp.

O nutriente também estimula a produção de insulina, melhorando o controle da glicose, e diminui a resistência ao hormônio – o que ocorre em quem tem diabetes tipo 2. Sua falta pode favorecer o desenvolvimento da doença.

Tumores de cólon, de próstata e de mama também já foram associados à deficiência de vitamina D em pesquisas. A explicação pode estar no papel da vitamina no ciclo de proliferação celular – a substância ajuda a equilibrar a divisão das células.

Quem tem deficiência da vitamina é também mais vulnerável a infecções, pois o nutriente atua na produção de proteínas antibacterianas.

“Uma das mais estudadas é a tuberculose. Um estudo em laboratório mostrou o papel da vitamina D na doença”, acrescenta Moysés.

Combate

A explicação para as baixas taxas da vitamina no sangue são a pouca exposição ao sol – já que as pessoas passam boa parte do tempo em escritórios – e o baixo consumo de alimentos com o nutriente em quantidade razoável.

Com relação ao sol, ainda existe uma grande polêmica: o uso de filtro solar. Para alguns especialistas, o protetor dificulta a absorção dos raios UVB, responsáveis por atuar na sintetização da vitamina.

Por isso, eles sugerem uma exposição de pernas e braços descobertos por cerca de 15 minutos diários sem filtro.

“O produto certamente diminui a produção da vitamina D. Mas hábitos saudáveis [como exercícios ao ar livre] também podem ajudar a diminuir a hipovitaminose D, pois aumentam a exposição solar, mesmo naqueles que irão usar o protetor”, diz Moysés.

No entanto, Marcus Maia, dermatologista e oncologista da Santa Casa de São Paulo, discorda e diz que não existe fotoproteção tão intensa capaz de impedir a síntese da vitamina.

Ele diz que sete minutos de exposição solar, três vezes por semana, são o suficiente. Maia analisou os níveis de vitamina D no sangue de 50 pessoas: 25 com melanoma (tipo mais agressivo de câncer de pele) e que usavam protetor solar diariamente nas doses recomendadas e 25 pessoas que não tinham a doença.

Ele constatou que nenhum paciente tinha níveis insuficientes da vitamina. “Nem quem precisa usa o filtro solar corretamente. Proteção solar absoluta, capaz de bloquear a síntese da vitamina D, é impossível. Por isso, outras possíveis causas do deficit da vitamina teriam de ser estudadas”, diz.

O consumo de alimentos que contêm o nutriente é indicado, mas não resolve o problema. Só de 10% a 20% do valor diário recomendado podem ser obtido por meio dos alimentos.

Segundo Marcelo Pinheiro, pesquisa feita com 2.400 pessoas constatou que o brasileiro consome cinco vezes menos vitamina D do que o recomendado internacionalmente – que é de dez a 15 microgramas.

Por esse motivos, especialistas acreditam que seja necessária uma política de fortificação de alimentos e de suplementos da vitamina. No Brasil, o nutriente só é encontrado em versão manipulada.

Roseli Sarni, presidente do Departamento de Nutrição da Sociedade Brasileira de Pediatria, diz que crianças de até 18 meses devem receber suplementação, pois o que ingerem com o leite materno não é suficiente.

Sarni afirma que a suplementação de vitamina independe do fato de a criança tomar sol. Nessa faixa etária, a recomendação semanal é de meia hora se o bebê estiver só de fraldas ou de duas horas se estiver com rosto, mãos e pés expostos ao sol.

Colaborou Cláudia Collucci

Alimentos com mais vitamina D
É indicada a ingestão de 10 a 15 microgramas por dia, além da exposição ao sol.

Salmão
100 g = 7 microgramas

Sardinha
100 g = 4,5 microgramas

Atum
100 g = 3,5 microgramas

Gema de ovo
1 unidade = 0,9 micrograma

Ostra
100 g = 8 microgramas

Leite integral
1 copo (250 ml) = 0,5 micrograma

Leite de soja fortificado
1 copo (250 ml) = 2,5 microgramas

Fonte: Bárbara Santa Rosa Emo Peters, nutricionista, e Marcelo Pinheiro, reumatologista

Sintetizando
A maior parte da vitamina D presente no organismo é produzida com a ajuda do sol.

1 – Uma substância chamada 7-dehidrocolesterol está presente na epiderme;

2 – Os raios UVB do sol entram em contato com a pele e o calor converte a substância em vitamina D3;

3 – A vitamina D3 cai na corrente sanguínea e chega ao fígado;

4 – No órgão, se transforma em 25-hidroxivitaminas D;

5 – Nos rins, se transformam em vitamina D ativa;

6 – Então, participa de processos como fixação de cálcio no osso, absorção de cálcio pelo intestino e funções neuromusculares.

http://www1.folha.uol.com.br

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