Estudo liga meditação a menor risco de ataque em cardiopata

Gabriela Cupani

Praticar meditação pode ajudar a reduzir quase pela metade o risco de sofrer um ataque cardíaco ou um AVC (acidente vascular cerebral) em pacientes com doença cardiovascular. Esse é o resultado de um estudo apresentado no congresso da American Heart Association, realizado em Orlando.

Segundo os autores da pesquisa, feita no Medical College of Wisconsin e patrocinada pelo instituto norte-americano de saúde, trata-se do primeiro estudo controlado que constatou os benefícios a longo prazo da técnica sobre eventos no coração.

Os pesquisadores acompanharam 201 pacientes, com idade média de 59 anos, durante cinco anos. Todos tinham aterosclerose (depósito de gordura nas paredes das artérias).

Eles foram separados em dois grupos. Um foi submetido a um programa de meditação transcendental, praticado duas vezes por dia durante 15 ou 20 minutos. O outro foi considerado o grupo controle. Todos continuaram recebendo os remédios que já tomavam.

Ao final do período, no grupo que praticou meditação houve 20 eventos, como ataques cardíacos, derrames e mortes. Entre os demais, foram 32. Os que meditaram também tiveram uma redução da pressão arterial de cinco milímetros de mercúrio (a medida usada para pressão), em média.

“A meditação tem um efeito antiestresse, com queda nos níveis de cortisol e adrenalina”, explica o psicólogo José Roberto Leite, chefe do núcleo de medicina comportamental da Universidade Federal de São Paulo.

Sabe-se que os hormônios relacionados ao estresse (como o cortisol e a adrenalina) interferem no metabolismo e aumentam a frequência cardíaca, a pressão arterial e os níveis de gorduras – o que tem um impacto direto na saúde cardiovascular. A longo prazo, os efeitos do estresse também abalam o sistema imunológico.

“É um trabalho científico sério que corrobora o que já se observava na prática”, diz o cardiologista Carlos Alberto Pastore, do InCor (Instituto do Coração). Segundo ele, qualquer atividade que alivie o estresse reduz também o risco cardíaco.

“A pessoa que medita consegue enfrentar melhor o estresse”, diz Norvan Leite, médico especialista em medicina chinesa e responsável pela implantação da primeira sala de meditação em um hospital público e pelo serviço de acupuntura no Hospital do Servidor Público Municipal, em São Paulo. “A prática altera o organismo como um todo”, observa.

Depressão

Outro estudo sobre o assunto, publicado no periódico científico “American Journal of Hypertension”, demonstrou que a meditação também é eficaz para reduzir a pressão arterial, a ansiedade e a depressão. A pesquisa, feita na American University, em Washington, acompanhou por três meses 298 estudantes universitários, divididos em dois grupos.

“A meditação promove mudanças neuroquímicas significativas com a liberação de endorfinas”, completa José Roberto Leite, da Unifesp.

Segundo o psicólogo, após um mês de prática regular é possível observar alguns benefícios. “Mas deve-se encarar a meditação como a alimentação ou a atividade física e incorporá-la à rotina”, afirma.

http://www1.folha.uol.com.br

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Meditação ajuda a combater insônia (10-06-2009)

A meditação pode ser uma forma eficaz de tratamento contra a insônia, segundo pesquisa apresentada no 23º congresso anual da Associação Profissional de Sociedades do Sono, nos Estados Unidos.

Os pacientes que meditam sentem melhoras na qualidade subjetiva do sono e em sua duração total, no tempo de adormecer, da vigília e no acordar.

O diretor do programa sobre a insônia do Memorial Hospital de Evanston, Ramadevi Gourineni, disse que este transtorno é causado por 24 horas diárias de “hiperatividade”, com altos níveis de tensão durante certos momentos.

No congresso foi apresentado um estudo que analisa os dados de 11 pacientes, de 25 a 45 anos, com problemas de insônia primária crônica. Durante dois meses, eles foram divididos em dois grupos: um participou de Kriya Ioga (uma forma de meditação) e de aulas sobre saúde. O outro recebeu informações sobre como melhorar a saúde com o uso de exercícios, nutrição, perda de peso e gerenciamento do estresse, mas não fez meditação.

Depois do período do estudo, o grupo que fez meditação registrou melhoras na qualidade do sono, o tempo necessário para dormir e o tempo total de sono.

Gourineni afirmou que os resultados do estudo provam que “ensinar técnicas de relaxamento profundo durante as horas do dia pode ajudar a melhorar o sono à noite”.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u579310.shtml

Terapias alternativas complementam o tratamento convencional contra o câncer

18.09.2008 ]

Terapias alternativas complementam o tratamento convencional contra o câncer e melhoram a qualidade de vida dos que lutam para vencer a doença.

Kátia Strigueto e Thiago Lotufo

Há três meses, a psicóloga Jassyendy de Oliveira, 48 anos, foi aprovada com louvor na primeira avaliação radiológica a que foi submetida depois do tratamento para retirar um tumor no pulmão direito. A tomografia do tórax mostrou que não havia novas lesões e o processo interno de cicatrização caminhava bem. Desde que o câncer foi descoberto, em junho do ano passado, Jassyendy fez quatro sessões de quimioterapia para reduzir 30% do tamanho do tumor e submeter-se a uma cirurgia que lhe removeria um terço do pulmão. Foi um período difícil e pelo bombardeio químico recebido por ela era de se esperar que os efeitos colaterais fossem intensos. Em vez disso, a psicóloga sofreu apenas um leve mal-estar. Fiel ao tratamento médico convencional, ela queria algo a mais para suportar emocionalmente o baque da doença e iniciou um tratamento paralelo com acupuntura e florais de Bach. “Enquanto a quimioterapia cuidava do tumor, a acupuntura e os florais fortaleceram minha vontade de viver. Saía das sessões de acupuntura mais disposta e não fiquei deprimida em nenhum momento”, resume a psicóloga. “Esse conjunto de terapias foi responsável pela minha melhora.”

Jassyendy ainda não pode ser considerada curada (são necessários no mínimo cinco anos para que um paciente de câncer receba a alta definitiva), mas o modo como ela cuidou da doença ilustra uma nova e cada vez mais comum tendência de tratar o problema: aliar a medicina convencional a terapias alternativas e complementares (as alternativas não têm comprovação científica, enquanto as complementares são mais aceitas). Esse modo de encarar o câncer está refletido diretamente nos números. Nos Estados Unidos, um estudo da Universidade de Harvard feito em 1997 revelou que 42% dos pacientes com câncer procuraram algum tipo de ajuda complementar ao tratamento padrão. Em 1990, esse índice era de 34%. Já uma compilação de 26 trabalhos realizados em 13 países mostrou que a média dessa procura é de 31%. No Brasil, a primeira fase de uma pesquisa feita entre 1998 e 1999 com três mil pacientes do Hospital A. C. Camargo, em São Paulo, maior referência em câncer no País, revelou que 48% dos entrevistados usam pelo menos um outro tipo de terapia em conjunto com a quimioterapia. “Comecei o estudo porque muitos pacientes perguntavam o que eu acho das terapias alternativas e eu não tinha uma resposta objetiva”, diz o coordenador do trabalho, Riad Younes.

Os principais motivos apontados pelos pacientes para a busca de uma ajuda complementar são a impessoalidade da relação com o médico tradicional, o uso em excesso de termos técnicos para se referir à doença e o desejo de receber um tratamento menos agressivo do que a quimioterapia. E a medicina alternativa costuma oferecer justamente uma relação mais próxima com os terapeutas, além de apresentar a perspectiva de tratamentos menos dolorosos. “Os pacientes querem se agarrar a todas as armas”, afirma Sérgio Petrilli, diretor-clínico do Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (Graac), de São Paulo. Um estudo recente da Universidade de Stanford, nos EUA, mostrou ainda que o interesse por terapias complementares não é necessariamente resultado de más experiências com a medicina convencional. Mas sim uma maneira de os pacientes sentirem que têm um maior controle sobre o tratamento e podem manter uma melhor qualidade de vida. A artista plástica Denise Mascherpa, 30 anos, por exemplo, buscou apoio nos florais e na meditação para recuperar o equilíbrio emocional após ter sofrido uma cirurgia em 1994 para a retirada de um tumor no ovário. “Acredito que o câncer tem um caráter psicológico forte”, diz. “Andava muito triste. Acho que isso contribuiu para o surgimento da doença.” O dentista aposentado Carlos Schwartz, 78 anos, também faz parte dos pacientes que engrossam o novo perfil de tratamento contra o câncer. Há cerca de três meses – por conta de um melanoma (câncer de pele) – ele faz quimioterapia e usa um tratamento alternativo chamado Canova, com remédios homeopáticos. Diz que eles o ajudaram a ficar menos abatido e a recuperar o bem-estar. “Parece que esse tratamento está ajudando a me escorar”, conta.

Mudança – Desde que essa tendência pela união de terapias foi detectada algo começou a mudar na medicina. Em 1992, o governo norte-americano criou o Office of Alternative Medicine, um centro dedicado a investigar terapias não convencionais como meditação, fitoterapia e massagens, entre outras. Passados oito anos, esse centro foi ampliado em mais dez unidades de pesquisa e recebe uma verba anual de cerca de US$ 50 milhões do governo. Lá, as faculdades de Medicina também estão se abrindo e 27 delas incluem cursos de especialização sobre o tema no currículo. Por aqui, a Universidade de São Paulo (USP) há dois anos oferece uma disciplina de práticas complementares com a qual o aluno da faculdade de Enfermagem escolhe se quer ter noções de terapia floral, massagem e toque terapêutico (uma espécie de massagem energética). “A academia é o melhor lugar para estudar a validade dessas práticas”, justifica Maria Júlia Paes da Silva, professora de Enfermagem da USP. Esse novo paradigma de tratamento recebeu mais dois importantes reforços nos Estados Unidos: mais de 30 planos de saúde passaram a oferecer cobertura para terapias não-convencionais e renomados centros de oncologia começaram a adotá-las juntamente com os procedimentos habituais.

No MD Anderson Cancer Center, o maior centro norte-americano de tratamento de câncer, foi aberto há dois anos o “Place of wellness” (algo como lugar do bem-estar), onde os pacientes complementam seus tratamentos com atividades que vão desde aulas de tai chi chuan até arteterapia e auto-hipnose. “Além do corpo, a mente e o espírito têm de se recobrar do câncer”, diz a coordenadora Laura Baynham, na homepage do MD Anderson. O Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, em Nova York, oferece no departamento de Medicina Integrativa (que busca a interação de diversas terapias) acupuntura, massagem, meditação e outras técnicas. Em São Paulo, um dos centros pioneiros a divulgar esse conceito de medicina integrativa para o câncer é o Day Care Center, que conta com a supervisão do Memorial Sloan-Kettering e do Beth Israel Medical Center. Na clínica, onde o atendimento é gratuito, o paciente tem à disposição um suporte emocional que inclui psicoterapia breve (cerca de oito sessões focalizadas no problema), visualização (relaxamento baseado na projeção mental de imagens) e musicoterapia. “Esse apoio se traduz em menos complicações e queixas por conta da quimioterapia”, explica Ana Georgia de Melo, uma das diretoras da clínica.

Quem frequenta espaços como esses também pode esclarecer dúvidas sobre as diversas terapias que usa e ouve falar. É uma chance e tanto. Isso porque, em média, menos de 40% dos pacientes contam para seu médico que estão adotando algum tipo de terapia alternativa. O restante tem receio de ser criticado. “Esse clima não é bom. O ideal é abrir o jogo com o médico”, diz Sérgio Petrilli, do Graac. O músico Pedro Luiz Albernaz Jr., 35 anos, se conscientizou disso desde que recebeu o diagnóstico de melanoma, em 1997. À quimioterapia que tem de fazer, ele somou práticas como meditação, remédios fitoterápicos e antroposóficos, mas sempre sob a vigilância de seu oncologista. “Falo sobre tudo para que ele me oriente caso alguma dessas escolhas possa atrapalhar a quimioterapia”, conta. Vera Rodrigues Pereira, 47 anos, também não escondeu do médico a opção de usar a cromoterapia (terapia com luzes) para dar um “reforço” à quimioterapia que seu filho, Andrei, dez anos, recebeu no ano passado devido a um tumor na tíbia (osso da perna). Aplicava o conjunto de luzes na perna do garoto diante do especialista e ao mesmo tempo ele passava pela sessão quimioterápica. “O importante era meu filho ficar bem. Acho que isso ajudou a reduzir os efeitos colaterais”, conta Vera.

Interesse médico

A médica norte-americana Barrie Cassileth, autora do livro The alternative medicine handbook, guia sobre as práticas não-convencionais, chefia o Serviço de Medicina Integrativa do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, em Nova York, um dos melhores hospitais do Estados Unidos especializados no atendimento do câncer. Criado em abril do ano passado, o serviço oferece aos pacientes terapias como tai chi chuan, hipnose e técnicas de relaxamento. Barrie falou, por telefone, a ISTOÉ:

ISTOÉ – Os médicos estão mais abertos às terapias não-convencionais para complementar o tratamento do câncer?
Barrie Cassileth – Sem dúvida. Cerca de metade dos médicos está interessada nelas e disposta a usá-las como parte do tratamento. Mas é importante saber que nenhum deles se arriscaria a usar terapias que não possuem comprovação científica. Está se usando cada vez mais terapias complementares como meditação e acupuntura, que já têm seus benefícios estudados pela ciência.

ISTOÉ – A abordagem que estabelece relação entre corpo e mente é a melhor maneira de cuidar da doença?
Barrie – É um caminho que se está mostrando útil. E deve dar ao paciente a opção de escolher o tipo de terapia que lhe for mais agradável.

ISTOÉ – Por que a medicina convencional está se interessando somente agora pelo tema?
Barrie – Na verdade, já se sabia há 20 anos que o apoio psicológico é um ponto importante para se enfrentar o câncer. Hoje esse apoio é muito mais amplo.

ISTOÉ – Existe alguma terapia alternativa mais promissora?
Barrie – Entre os fitoterápicos, o PC-SPES, uma combinação de oito ervas, já se mostrou eficiente no câncer de próstata, e o Viscum album, que é usado na Europa, está sendo melhor estudado.

ISTOÉ – E a babosa?
Barrie – Ela é boa se for usada na forma de creme, externamente, para tratar queimaduras. Para o câncer ela não tem efeito e pode ser mortal se for usada internamente. Pessoas já morreram depois de terem injetado babosa na veia.

Abrangência – Mas será mesmo que cuidar do emocional contribui para enfrentar melhor a doença? “Essa abordagem corpo-mente é útil na qualidade de vida do paciente. Mas ainda resta saber se ela pode aumentar a sobrevida”, pondera Antonio Carlos Buzaid, diretor-executivo do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. No entanto, uma coisa é certa: não faz mais sentido enxergar o paciente de câncer exclusivamente como um tumor a ser combatido. A relação entre corpo e mente é tão inseparável que se tornou óbvia até para o mais cético dos cientistas. “O mundo está acordando para o fato de que não adianta apenas destruir o câncer. É preciso se preocupar em não prejudicar o indivíduo”, aponta Nise Yamaguchi, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia. Realmente. “Aspectos psicológicos como stress e depressão podem interferir na doença”, diz Sérgio Petrilli.

Cuidar da saúde mental dos pacientes, portanto, é fundamental. Mas é preciso ter cuidado. O perigo é o doente achar que pode mudar o curso da doença apenas com a força da mente. Essa é uma idéia pouco consistente e pode gerar sentimento de culpa e frustração se o caso evoluir mal. Assim como depositar as esperanças de cura em uma planta ou gotinhas “milagrosas” pode ser um suicídio. “É normal que as pessoas busquem auxílio nessas técnicas por desespero. Mas sou contra a mistificação. É mentira dizer que algumas gotinhas, chazinhos ou agulhinhas salvam. Já vi pacientes que tinham um tumor operável, mas preferiram usar a terapia alternativa e acabaram morrendo. Estou cansado de ver isso acontecer e ninguém ser punido”, enfatiza o oncologista Drauzio Varella.

A babosa, por exemplo, é uma planta que não tem efeito sobre tumores, mas é amplamente usada pela população. No ranking das terapias alternativas mais procuradas pelos pacientes entrevistados no Hospital A. C. Camargo, ela ficou em primeiro lugar. Só que, além de não agir contra a doença, há quem afirme que a babosa pode causar diarréia e até matar. “Alguns pacientes tiveram de suspender a quimioterapia por causa desse problema e se prejudicaram”, diz Riad Younes. Por isso, mesmo quando um paciente diz ter melhorado por causa da babosa, é preciso cautela. A orientadora educacional Lúcia Adelaide de Araújo, 64 anos, por exemplo, está utilizando um remédio à base da planta desde 1996, quando sua ginecologista decretou que teria de um a seis meses de vida por causa de um câncer no útero. “Um amigo me falou do remédio fitoterápico à base de espinheira-santa, pau-d’arco e babosa e eu comecei a tomar. Consultei um oncologista e ele disse que eu podia acreditar naquilo desde que não interrompesse a quimioterapia”, conta Lúcia. A orientadora seguiu a recomendação. Fez a quimioterapia e submeteu-se a uma cirurgia para a retirada do útero, trompas e ovários. Hoje ela está livre do tumor e faz exames de controle a cada seis meses.

Cautela – Utilizar o tratamento não-convencional como única arma no combate ao câncer é, sem sombra de dúvida, desaconselhável. As terapias complementares não curam a doença. Elas servem para ajudar a controlar seus sintomas e melhorar o bem-estar. Entre os métodos não convencionais, a acupuntura e a meditação são as mais aceitas pela comunidade médica. Embora ainda não se conheça seu verdadeiro mecanismo de ação, a acupuntura estimula o sistema de defesa do corpo, diminui efeitos colaterais da quimioterapia, como náuseas, e alivia a dor. Tanto que tem sido usada há dez anos no Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Rio de Janeiro. É uma das alternativas da clínica de dor do hospital, já que 60% dos pacientes com câncer estão sujeitos a sentir dores. A meditação, por sua vez, ajuda a poupar o organismo porque provoca um alto nível de relaxamento – cerca de seis vezes superior ao do sono – e diminui a produção de cortisol, hormônio relacionado ao stress.

Em relação ao combate direto ao tumor, a principal contribuição vem da fitoterapia, que deu à medicina tradicional mais uma arma para o combate ao câncer de próstata. Trata-se de um composto de oito ervas batizado de PC-SPES, capaz de reduzir o nível do PSA (proteína produzida pela próstata que serve como um indicador do câncer) em homens com tumores avançados, graças a mecanismos ainda não desvendados. O Viscum album, planta usada pela medicina antroposófica, também poderá se tornar mais uma aliada contra a doença. Ela já é utilizada há muitos anos na Lukas Clinic, um hospital suíço que segue os preceitos da antroposofia para tratar pacientes com câncer. Ainda há, entretanto, necessidade de se fazerem mais pesquisas para comprovar efetivamente a sua ação contra o tumor. Alguns trabalhos, por exemplo, apontaram que o Viscum album funciona bem para tumores no ovário e na mama, mas para o melanoma pode ter efeitos indesejados, como uma maior possibilidade de recorrência do problema. “A natureza é um laboratório incrível, mas as chances de se encontrar um bom remédio que possa ser comercializado são muito limitadas”, disse à ISToÉ Gordon Cragg, chefe do Departamento de Produtos Naturais do Instituto Nacional do Câncer dos EUA.

Com o avanço das pesquisas e a maior segurança quanto a eficácia das terapias não-convencionais, a interação entre os diversos tratamentos poderá traçar um novo caminho no combate ao câncer. E isso deve colaborar para derrubar radicalismos. “Muitos médicos ainda têm preconceito contra a acupuntura, assim como os acupunturistas fazem restrições aos médicos. Se aproveitarmos o melhor que cada um pode oferecer, quem lucra é o paciente”, diz o médico Maurílio Martins, acupunturista do Instituto Nacional do Câncer.

Separação do joio e do trigo

Cartilagem de tubarão, cogumelos do sol ou acupuntura? Dessas três opções, apenas a última tem a sua eficácia comprovada por meio de estudos clínicos na redução de dores e da náusea comuns ao tratamento do câncer. O fato é que é preciso ter muito cuidado quando se procura ajuda nas terapias alternativas. Para saber o que realmente funciona e o que é puro embuste são necessárias, por exemplo, pesquisas científicas baseadas também em metodologias consagradas pela medicina convencional. Há parâmetros palpáveis para medir a eficiência dos florais, auriculoterapia (estimulação de pontos na orelha) ou qualquer outra técnica. Não é porque a maioria das técnicas alternativas não interferem diretamente sobre o tumor que seus eventuais benefícios não possam ser percebidos. “Qualidade de vida é perfeitamente mensurável”, afirma Antonio Carlos Buzaid, diretor-executivo do centro de oncologia do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

É necessário também não se deixar inebriar com a atração de que essas terapias são naturais e, portanto, livres de efeitos mais danosos. “Mandioca-brava é natural e mata”, diz Buzaid. A cartilagem de tubarão, algo “natural”, por exemplo, não tem ação nenhuma sobre o câncer de acordo com os estudos mais recentes. Um método de cura para o câncer criado há três anos na Itália pelo médico Luigi Di Bella ilustra o que a divulgação irresponsável de tratamentos “milagrosos” pode fazer com a ajuda da mídia.

Batizado de “Di Bella”, o método se propunha a curar o câncer com uma mistura de vitaminas e hormônios, ao preço aproximado de US$ 5 mil por mês. Trouxe muitas falsas esperanças. Não tinha comprovação científica. Como consequência, milhares de pacientes foram atrás do método que, tempos mais tarde, mostrou-se ineficaz.

Por isso, é importante seguir algumas recomendações para evitar surpresas: converse com o seu médico antes de adotar qualquer terapia complementar; lembre-se de que muitos remédios ainda não tiveram a eficácia comprovada cientificamente e que “natural” não significa “seguro”; evite qualquer método que prometa a cura do câncer; procure informações em hospitais e associações ligadas à doença.

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Meditação desacelera avanço da Aids, diz estudo dos EUA (25-07-2008)

Por Maggie Fox

WASHINGTON (Reuters) – A meditação pode brecar o avanço da Aids depois de apenas algumas semanas de prática, talvez por ter influência no sistema imunológico do paciente, afirmaram pesquisadores norte-americanos na quinta-feira.

Se confirmada em estudos mais amplos, a descoberta poderia oferecer uma alternativa barata e agradável para ajudar as pessoas a enfrentar essa doença incurável e muitas vezes fatal, disse a equipe de cientistas da Universidade da Califórnia em Los Angeles.

Os pesquisadores testaram um programa de combate ao estresse chamado meditação de foco, definida como a prática de uma postura receptiva ao presente, sem se preocupar com o passado e o futuro.

Quanto maior a frequência com que os pacientes meditavam, mais altas suas contagens de células CD4 – uma medida padrão para se saber a eficiência com que seus sistemas imunológicos combatiam o vírus da Aids. As contagens de CD4 foram feitas antes e depois do programa de dois meses.

“O estudo fornece os primeiros indícios de que o programa de administração de estresse conhecido como meditação de foco pode ter um impacto direto quando se trata de brecar o avanço da Aids”, afirmou em um comunicado David Creswell, que comandou o estudo.

A equipe examinou 67 adultos HIV-positivos da área de Los Angeles, 48 dos quais realizaram algum tipo de meditação. A maior parte deles tendia a conviver com rotinas bastante estressantes, afirmou Creswell.

“A maioria dos participantes do estudo era do sexo masculino, afro-americanos, homossexuais e desempregados e não estavam tomando remédios anti-retrovirais”, escreveram os cientistas na revista Brain, Behavior, and Immunity.

As aulas de meditação incluíam oito sessões semanais de duas horas cada uma, um retiro de um dia e uma sessão diária a ser realizada em casa. “As pessoas que tiveram essas aulas empolgaram-se de verdade e realmente gostaram do programa”, afirmou Creswell.

“O programa de meditação de foco é um tratamento de baixo custo baseado em grupos e, se as descobertas iniciais forem confirmadas em pesquisas mais amplas, é possível que tal treinamento possa ser usado como um complemento eficiente no combate à Aids”, acrescentou.

http://br.noticias.yahoo.com/s/reuters/internet_ciencia_meditacao_aids_pol

A Medicina Doente

Por Jomar Morais

(Capa da Revista Super Interessante em maio de 2001)

Mortes provocadas por remédios que deveriam curar, exames e cirurgias caros e desnecessários, tratamento desumano de pacientes. Um conjunto de distorções abala a confiança nos médicos e expõe a crise sem precedentes por que passa a medicina.

Flagrante do cotidiano em um consultório médico do terceiro milênio: o executivo Roberto entrega ao doutor um calhamaço de exames e logo fica sabendo que sua saúde não anda bem. O colesterol alcançou a estratosférica taxa de 800 miligramas por decilitro – mesmo no futuro, uma taxa superior a 250 miligramas indica que o sujeito vai mal –, o que faz de Roberto um candidato fortíssimo a ter um infarto fulminante. O caso exige cuidados imediatos. Mas, ao contrário do que ocorre hoje, o médico não saca a caneta para gerar uma prescrição. Limita-se a digitar em um banco de dados online a seqüência de genes das células sangüíneas do executivo e a aguardar, por alguns instantes, o trabalho de uma pequena impressora. É dali que emerge uma receita completa e específica com a indicação, entre quase 200 remédios disponíveis no mercado, daquele que melhor interage com o paciente.

É tudo tão rápido que a tradicional consulta médica dura só alguns minutos. Afinal, são máquinas inteligentes, conectadas a bancos de dados colossais, que se encarregam praticamente sozinhas do diagnóstico, levando em consideração todas as características orgânicas e genéticas do paciente, seu histórico médico, entre outros parâmetros. Transformado em simples intermediário entre o paciente e a tecnologia, ao doutor cabe apenas alimentar o sistema com dados de análises de sangue e tecidos orgânicos realizadas – adivinhe – por outros engenhos eletrônicos. É o máximo em automação e customização do atendimento, num contexto em que a prescrição de uma simples aspirina pode mobilizar e cruzar milhões de informações.

Com certeza você ainda não conhece nenhum médico que trabalhe assim, apesar da parafernália tecnológica já utilizada pela medicina moderna. Mas o quadro descrito acima deverá fazer parte da vida real nos próximos cinco anos, graças a um novo ramo da ciência que une a farmacopéia às descobertas recentes sobre o genoma humano – a farmacogenômica. O curioso é que, em vez de trazer a certeza de que, nessa cena futurista, os serviços médicos atingirão o ápice em qualidade, a promessa de mais automatismo na medicina só atiça uma polêmica emergente em todo o mundo: o modelo biomédico, sobre o qual se apóiam as rotinas atuais de clínicas e hospitais – e também a produção de medicamentos –, atende, de fato, às necessidades do homem no campo da saúde?

Eis aí um paradoxo. Enquanto a intimidade microscópica do organismo é devassada pela ciência e mais e mais recursos high-tech são incorporados aos sistemas de diagnóstico e terapia, cresce também a insatisfação das pessoas com os custos, o atendimento, e, sobretudo, com a promessa fria de eficácia dos procedimentos médicos. “Em todos os setores a sofisticação tecnológica reduziu custos e aumentou a satisfação do cliente, exceto na medicina”, diz Flávio Corrêa Próspero, presidente da Associação Brasileira de Qualidade de Vida. Hoje as pessoas buscam muito mais os médicos do que no passado, gastam pequenas fortunas com exames, estão quase que continuamente tomando algum remédio e, no final, sempre descobrem que não se livraram de antigas complicações ou que contraíram alguma das novas doenças que não param de engordar a lista oficial de moléstias catalogadas – ela já soma 30 000 itens. Além disso, a tecnologia médica parece ter promovido o distanciamento entre o terapeuta e o paciente, desumanizando a prática profissional e abalando uma relação milenar associada ao processo de cura. A julgar pelo novo horizonte trazido pela farmacogenômica, esse fosso deverá ampliar-se ainda mais quando as máquinas de prescrição invadirem os consultórios.

A noção de que há algo errado com a medicina como a conhecemos é consensual. Falam disso usuários e críticos dos serviços de saúde. E também os próprios médicos, tradicionalmente uma das categorias profissionais mais marcadas pelo corporativismo. O que varia são as leituras da situação, que apontam causas e soluções distintas para o problema. Outro sinalizador da crise que, aos poucos, se instala na área da saúde é a corrida de usuários da medicina convencional para as chamadas terapias alternativas, métodos de cura baseados em paradigmas que se opõem ao modelo médico hegemônico, geralmente originárias do Oriente. Na França, estima-se que 82% dos pacientes superpõem a seus tratamentos na medicina oficial as terapias alternativas. Nos Estados Unidos, 35% da população já freqüenta consultórios de homeopatas, acupunturistas e outros terapeutas que não fazem uso de drogas químicas, os chamados remédios alopatas. Inflando a onda de contestações, há uma série de falhas que contribuem para minar a confiança de pacientes nos ritos médicos tradicionais.

Medicamentos matam mais de 100.000 norte-americanos por ano

Tomem-se, por exemplo, alguns números dos Estados Unidos, o centro médico mais avançado do mundo. Ali, segundo estimativa da própria Associação Médica Americana, a cada ano 2,2 milhões de pessoas contraem doenças e outras 106 000 morrem devido a efeitos colaterais de medicamentos, a quarta causa de óbitos no país. Um espanto quando se considera o rigor da FDA, a agência federal de controle de drogas. O órgão costuma autorizar a comercialização de um novo remédio somente após uma seqüência de estudos que envolvem milhares de pacientes ao longo de cinco ou mais anos. (No Brasil, quinto país do mundo em consumo de medicamentos, a Fundação Oswaldo Cruz estima em 24 000 as mortes anuais por intoxicação medicamentosa.) Nos hospitais, 98 000 americanos teriam morrido, no ano passado, vitimados por erros médicos grosseiros. Mas Janet Corrigan, diretora de Serviços de Saúde do Instituto de Medicina (IoM), um órgão do governo, acha que o número foi subestimado. “O erro médico tem sido ocultado”, diz Janet. O número seria maior se computados os casos ocorridos em casas de repouso, prontos-socorros e consultórios. Incluam-se nesse rol de problemas as queixas contra efeitos colaterais das vacinas – foram 108 000, no ano passado, apenas através do site do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos – e se perceberá que o raio-x da medicina oficial está marcado por nódulos e obstruções.

Seria loucura negar, sob o pretexto dessas distorções, a contribuição dos serviços médicos à melhoria da qualidade de vida e à longevidade no mundo atual. Quem, vivendo em algum lugar minimamente civilizado, não conhece pelo menos um caso de alguém salvo da morte ou libertado da doença graças à pronta intervenção médica? O que os problemas em debate revelam é que essa contribuição pode estar aquém do que se imagina, numa relação custo-benefício bastante desfavorável para quem paga a conta – o paciente. Um estudo da Universidade Stanford, dos Estados Unidos, com o objetivo de aferir os fatores que levam uma pessoa a viver mais de 65 anos, mostrou que a assistência médica é o que menos pesa: apenas 10% num conjunto em que o estilo de vida participa com 53%, as condições ambientais com 20% e a herança genética com 17%. É muito pouco quando se compara esse percentual aos preços salgados e aos lucros gordos que envolvem a assistência médica.

Cerca de 85% dos exames solicitados têm resultados negativos

Na última década, os serviços médico-hospitalares cresceram em torno de 12% ao ano nos Estados Unidos. Estima-se que eles responderão por 15% do PIB americano este ano, algo em torno de 1,3 trilhão de dólares. (Isso dá mais de duas vezes o PIB brasileiro.) Em média, cada cidadão americano gasta 4 800 dólares por ano com consultas médicas, exames e internações. No Brasil, onde a assistência médica compõe 4% do PIB (algo como 24 bilhões de dólares), a Fundação Getúlio Vargas estima que na cidade de São Paulo, o maior centro médico do país, a indústria da saúde cresce em torno de 15% ao ano.

Os números de Stanford apontam para problemas que, até há pouco, se mantinham encobertos pela suposição de que a simples sofisticação tecnológica e a variedade de drogas produzidas pela indústria farmacêutica bastavam para derrotar tanto as velhas doenças quanto as novas moléstias. Sabe-se agora que é enorme o desperdício na utilização da tecnologia – um dos principais fatores dos altos custos médicos –, bem como o abuso na prescrição de remédios e indicação de cirurgias. “A escola americana de medicina, modelo seguido no Brasil, é muito intervencionista”, afirma a doutora Regina Parizi, presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo. “Nesse modelo apela-se demais à cirurgia e aos procedimentos agressivos.” Compare: enquanto no Japão apenas um em cada 100 000 habitantes é submetido a algum tipo de cirurgia coronária por ano, nos Estados Unidos essa proporção sobe para 61 por 100 000. Não há também justificativa lógica para o fato de 51% dos partos no Estado de São Paulo acontecerem mediante operações cesarianas.

Na verdade, diz o psiquiatra paulistano e doutor em psicossomática Wilhelm Kenzler, cerca de 85% dos exames solicitados pelos médicos – o número varia de seis a 28 na consulta inicial – apresentam resultados negativos. E mais de 90% dos diagnósticos se resumem nas siglas NDN (nada digno de nota) ou DNV (distúrbio neurovegetativo, ou seja, uma crise nervosa). Mesmo assim a maioria dos pacientes volta para casa com uma receita de medicamento, cujo uso – dispensável na maioria dos casos, como se pode perceber – pode ser o ponto de partida de “doenças iatrogênicas”, aquelas que são causadas por tratamentos médicos inadequados.

Eis aqui outro paradoxo. Enquanto se queixam do relacionamento frio e impessoal com a medicina, os pacientes cada vez mais transferem para os médicos e seu arsenal químico e tecnológico a responsabilidade pela própria saúde e a de seus familiares. Não raro, são eles próprios que acionam o circuito do desperdício e da dependência, pressionando pela prescrição de exames e de drogas. Se isso não acontece, costumam entrar em pânico ou duvidar do profissional, como afirma o pediatra americano Wells Shoemaker. Ao atender em seu consultório, no interior da Califórnia, um menino acometido de resfriado comum, o médico recomendou apenas repouso e boa alimentação. Para sua surpresa, a mãe da criança, inconformada, exclamou que não voltaria para casa sem uma receita. “Meu filho precisa de antibióticos”, disse a mulher. “É assim que ele cura seus resfriados.” O pediatra ainda tentou explicar que antibióticos combatem bactérias e não vírus, os causadores de resfriados, além de serem substâncias perigosas, com muitos efeitos adversos no organismo. Em vão. Aos berros, a mãe do menino encerrou a consulta: “Vou procurar um doutor que saiba cuidar de crianças”.

Mas, afinal, o que está mesmo acontecendo com a medicina? Por que tantos exageros e descontentamentos numa época em que o conhecimento das ciências médicas, segundo o doutor em neurofisiologia Renato Sabbatini, da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, em Campinas, dobra a cada três anos e em que não existe limite para a tecnologia que desbrava o corpo humano? “Isso ocorre devido a três pontos críticos”, diz Wilhelm. “À despersonalização, à tecnificação e à mercantilização da medicina.” Na raiz desses males estaria o próprio conjunto de conceitos e hipóteses que fundamentam a moderna prática médica – o modelo biomédico moldado há três séculos.

Para entendê-lo é necessário recuar no tempo para encontrar dois marcos na história do conhecimento: o físico inglês Isaac Newton e o filósofo francês René Descartes. No século XVII, Newton concebeu o universo como um imenso mecanismo de relógio, possível de ser compreendido a partir do estudo de suas partes. Na mesma época, Descartes estabeleceu a visão dualista do homem, separando mente e corpo como entidades independentes. Nos séculos seguintes, tais idéias constituíram o cerne do que hoje é conhecido como o paradigma cartesiano-newtoniano, base de todos os sistemas conceituais nos diversos ramos da ciência. Na medicina, a aplicação do paradigma mecanicista deu ênfase ao estudo isolado de órgãos e tecidos, o que foi reforçado ainda mais pelos grandes avanços da microbiologia no século XIX.

O modelo biomédico consiste basicamente em três premissas: o corpo é uma máquina, a doença é conseqüência de uma avaria em alguma de suas peças e a tarefa do médico é consertá-la. A partir daí é que se determinou a prática médica atual, a organização da assistência à saúde e a formação dos recursos humanos nessa área, caracterizando-se a ruptura com a tradição inspirada no grego Hipócrates (século V a.C.) e seus valores humanísticos. “As raízes da medicina hipocrática se assentavam na filosofia da natureza e seu sistema teórico partia de uma visão holística que entendia o homem como um ser dotado de corpo e espírito”, afirma Dante Gallian, pesquisador do Centro de História e Filosofia das Ciências da Saúde da Universidade Federal de São Paulo. O médico clássico era um filósofo. Conhecia a alma humana e a cultura local, andava muito próximo de seus pacientes e atuava como conselheiro em assuntos como o despertar da sexualidade nos adolescentes, os problemas de relacionamento do casal e outras questões da vida familiar. Diante das limitações terapêuticas, permanecia ao lado do enfermo e seus familiares, ajudando-os no sofrimento e na preparação para a morte. A figura romântica desse clínico geral foi sepultada pela explosão das especializações no século XX, quando o reducionismo impôs-se de vez à prática médica ocidental. O médico, então, tornou-se um técnico, um especialista com grande conhecimento específico e quase sempre sem noção do todo.

A indústria farmacêutica quer faturar 400 bilhões de dólares em 2002

Note: a implantação do modelo biomédico não emergiu do nada, mas de uma convergência de fatores históricos e culturais que validaram, na época, os axiomas básicos da medicina ocidental como a conhecemos. O trabalho do químico francês Louis Pasteur, pioneiro no estudo dos microorganismos, é talvez o pilar mais importante desse modelo. Pasteur demonstrou a correlação entre bactérias e doenças e atribuiu a micróbios específicos a causação de doenças específicas. Opôs-se assim a Claude Bernard, cuja teoria, muito difundida no século XIX, apresentava a doença como resultado de uma perda de equilíbrio do organismo provocada por fatores externos e internos. Bernard afirmava que os micróbios são inócuos e que o corpo do homem é hábitat natural de bactérias, úteis à eliminação de toxinas. Em apenas 1 mililitro de saliva humana, por exemplo, existem 150 milhões de bactérias. Essa coexistência pacífica dos microorganismos com o nosso corpo só seria rompida, segundo Bernard, quando este, agredido por fatores ambientais e hábitos não saudáveis, se desregulasse e se transformasse em um “terreno” propício ao surgimento de doenças. Em vez de ser a causa primária das doenças, as bactérias seriam manifestações sintomáticas de um distúrbio fisiológico oculto. Os danos a tecidos e órgãos, na tese de Bernard, decorreriam da reação excessiva do organismo provocada por descontrole dos mecanismos de defesa.

Pasteur, que, além de pesquisador meticuloso era um polemista hábil, acabou infundindo sua teoria, favorecido pela eclosão, na Europa, de epidemias que lhe permitiram demonstrar o conceito de causação específica. Desde então, o combate aos microorganismos geradores de doenças passou a ser o foco da medicina ocidental em sua pretensão de tornar-se uma ciência exata. No século XX, o desenvolvimento de vacinas e medicamentos contra enfermidades infecciosas, especialmente os antibióticos, os antidepressivos e a descoberta do hormônio cortisona e seu poder antiinflamatório, selaram o triunfo do modelo biomédico no controle de males devastadores. Também a eficácia da medicina de emergência em casos de acidentes, infecções agudas e outros imprevistos contribuiu para esse êxito. Os novos recursos da medicina e da farmacologia passaram a ser vistos como os grandes responsáveis pela melhoria das condições de saúde e o aumento da expectativa de vida nos últimos 100 anos. (Em 1900 um brasileiro vivia, em média, 37 anos; hoje vive 68, quase o dobro.)

O brilho de tanto sucesso ofuscou por várias décadas questões como o perigo dos efeitos colaterais dos medicamentos, a influência dos fatores sociais, econômicos e culturais no aumento da expectativa de vida e a contribuição poderosa dos processos psíquicos e dos hábitos para a saúde do organismo. Mas, nos últimos tempos, pesquisas como a da Universidade Harvard, atestando a supremacia do estilo de vida entre os fatores de saúde e longevidade, trouxeram para o centro do debate antigos argumentos. Um deles, apresentado pelo inglês Thomas Mckown, em seu livro The Role of Medicine: Mirage or Nemesis (O papel da medicina: ilusão ou castigo), ainda inédito no Brasil, é o que atribui o enorme declínio da mortalidade, a partir do século XVIII, ao aumento da produção de alimentos, com reflexos na nutrição das pessoas, à melhoria das condições de higiene e saneamento e à redução da pobreza. Segundo Thomas, as principais doenças infecciosas já tinham atingido o seu pico e estavam em declínio bem antes da chegada dos antibióticos ou das campanhas de imunização, fato que demonstraria a responsabilidade modesta que a intervenção médica teve naqueles casos. Quando a vacina contra sarampo foi adotada nos Estados Unidos, em 1964, por exemplo, o índice de mortes provocadas pela doença já havia declinado 95% desde 1915.

Metade dos médicos brasileiros atua no eixo Rio-São Paulo

Seja como for, os medicamentos passaram a ser vistos como a chave para a cura de todos os problemas de saúde. E, como conseqüência, a produção de remédios tornou-se um dos negócios mais lucrativos do planeta, detalhe que veio a influenciar profundamente o ensino e a prática da medicina. A aliança das ciências médicas com a indústria farmacêutica, ainda hoje um dos muitos temas tabus entre os médicos, foi notada pela primeira vez no início do século XX, quando a Associação Médica Americana promoveu uma pesquisa sobre as escolas de medicina. O objetivo do estudo era proporcionar uma base científica à formação do médico. Mas havia um objetivo paralelo: selecionar escolas que receberiam verbas vultosas de fundações como a Rockefeller e a Carnegie, desde que atendessem a critérios preestabelecidos. A pesquisa deu origem ao chamado Relatório Flexner, documento que influenciou a reforma do ensino médico nos Estados Unidos.

“O interesse do big business não é curar, mas manter as doenças sob controle de remédios”, diz Wilhelm. Segundo o psiquiatra, que também é professor de medicina psicossomática na Faculdade de Medicina Santo Amaro, em São Paulo, a grande indústria farmacêutica mobiliza bilhões de dólares para financiar escolas e centros de pesquisa médica, além de cortejar médicos e pesquisadores com mordomias que incluem viagens a congressos e estágios no exterior. “O pesquisador passa a ser praticamente um colaborador do laboratório farmacêutico e o médico, um de seus propagandistas”, afirma Wilhelm. A finalidade desses estudos seria quase sempre validar novos produtos prestes a entrar num mercado novo.

Há 20 anos, o mercado global de medicamentos movimentava apenas 12 bilhões de dólares. Agora a indústria farmacêutica quer chegar a 2002 faturando 400 bilhões de dólares. É como se dois terços de toda a riqueza produzida no Brasil no ano passado fosse empregada apenas na compra de remédios alopáticos. Mas o que move a parceria da indústria farmacêutica com a pesquisa e o ensino médico não é o mero desejo de lucro, diz Serafim Branco Neto, secretário Executivo da Abifarma, a Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica. “Perde-se muito dinheiro em pesquisas que não chegam a nada ou desaconselham o uso de algum novo produto.” Segundo Serafim, o valor médio investido na pesquisa de uma única nova droga é de 400 milhões de dólares.

“Não há nada errado no modelo biomédico. O paradigma da patologia celular continua válido e é suficiente para explicar as doenças e buscar a sua cura”, diz Renato Sabbatini. “A boa medicina é científica, apóia-se em evidências.” Para Renato, muitas das limitações da medicina convencional, entre elas os efeitos adversos dos remédios, devem ser superadas nos próximos anos graças aos progressos da biologia molecular. Medicamentos feitos sob medida, a partir do conhecimento do código genético do paciente, serão mais precisos. E as intervenções no DNA poderão tornar o organismo humano mais resistente às condições ambientais ou dotado de habilidades próprias de outras espécies como, por exemplo, enxergar no escuro.

O problema da medicina, diz Renato, está circunscrito à exploração econômica da atividade, que transformou o médico num assalariado mal pago e afetou a qualidade do ensino da medicina com a proliferação desordenada de cursos – outro grande filão na área da saúde. O Brasil possui 104 faculdades de medicina. Apenas em Ribeirão Preto, cidade média do interior de São Paulo, existem quatro. Entre as 81 faculdades submetidas, no ano passado, ao exame de avaliação do MEC, o provão, mais de um terço recebeu conceito ruim ou péssimo.

Lançados em ritmo de linha de montagem no mercado urbano (há três anos metade dos 216 000 médicos atuantes no Brasil trabalhava em São Paulo e no Rio de Janeiro), muitos desses profissionais acabam incorrendo em transgressões éticas que vão além da indiferença no trato com o paciente. “O que esperar de um médico que ganha 3 reais por consulta no Sistema Único de Saúde, o SUS, se ele pode ganhar 400 solicitando uma tomografia ou 40 000 numa cirurgia paga pelo cliente?”, pergunta Renato. Uma expressiva parcela dos médicos tornou-se, enfim, vítima de situações estressantes, nem sempre levadas em conta quando eles cuidam da própria saúde e da de seus pacientes.

Chega a ser irônico que a expectativa de vida dos profissionais da área médica, mesmo em países desenvolvidos, como os Estados Unidos, seja cerca de dez anos menor que a média das outras pessoas. Também causa espanto que o alcoolismo, o abuso de drogas e o suicídio apresente elevados índices entre os médicos. Um estudo da Universidade da Califórnia, realizado no ano passado entre 9 600 médicos americanos, mostrou que 20% deles usaram drogas derivadas de ópio, prática facilitada pelo acesso rotineiro à morfina e substâncias similares utilizadas em hospitais. O alcoolismo é um vício tão espraiado entre médicos que foi criada uma versão especial dos grupos de auto-ajuda Alcoólicos Anônimos só para atendê-los – o International Doctors in Alcoholics Anonymous, IDAA. O mais grave em tudo isso é que, com raras exceções, os médicos dependentes de drogas continuam na ativa, às vezes atendendo em UTIs e realizando cirurgias.

Como entram os pacientes nessa história? Para começo de conversa, é preciso frisar que muitos dos males apontados na medicina ocidental têm relação causal com a postura passiva de indivíduos como eu e você. De modo geral, os pacientes delegam aos médicos a responsabilidade integral pelo diagnóstico da doença e pela decisão sobre que terapia adotar. Essa tradição paternalista agrada à maioria dos pacientes, que não está nem um pouco interessada numa participação que lhes exija algum tipo de esforço. Afinal, por que operar sofridas mudanças de comportamento e de hábitos alimentares, por exemplo, se é tão mais fácil engolir uma pílula mágica? Essa atitude, no entanto, começou a mudar. E, com isso, alguns pilares da rotina médica ocidental passaram a se mover.

“A voz dos pacientes precisa ser ouvida”, diz Patrick Terry, líder de um grupo de pacientes de Sharon, Massachusetts, nos Estados Unidos, acometidos de PXE, doença que resulta da acumulação de cálcio nos tecidos e pode cegar suas vítimas. A voz dos usuários começa a ser ouvida em diferentes estágios da cadeia médica. Grupos similares ao de Patrick, como o Genetic Interest Group, da Inglaterra, e outros na Holanda, na Bélgica e nos Estados Unidos não se mobilizam apenas por mais humanismo na medicina. Eles querem influenciar o desenvolvimento de drogas contra doenças incuráveis, inclusive propondo-se a adquirir patentes de novos remédios com a intenção de barateá-los.

Iniciativas como essa já produzem resultados lá fora. E no Brasil também. Nos últimos anos, por exemplo, centenas de escolas de medicina dos países desenvolvidos anunciaram ajustes em sua grade de conteúdos, com a inclusão de disciplinas que abrangem relações humanas, dinâmica familiar, violência doméstica e até fé e compaixão. “No Brasil também estamos discutindo a reformulação do ensino médico”, diz Regina. “O objetivo é formar profissionais mais generalistas e capazes de lidar com pessoas, seguindo os passos das principais faculdades de medicina do mundo.” Uma pesquisa patrocinada pelo governo americano revelou que, para 85% dos pacientes, o valor de um médico se deve mais à sua capacidade de ouvir e explicar do que ao peso do seu currículo.

Estudo indica que 20% dos médicos norte-americanos são dependentes do ópio

É pouco provável que o modelo de medicina hegemônico no Ocidente venha a ser alterado em sua base nos próximos anos. Mesmo com as limitações e distorções agora em debate, a medicina convencional ainda é o recurso mais próximo e mais rápido para o enfrentamento de situações extremas no campo da saúde. Mas é bom prestar atenção ao que se passa na vizinhança do establishment médico. Neste momento, cerca de 200 hospitais americanos já utilizam terapias não-alopáticas para complementar o tratamento de seus pacientes. Escolas de medicina do primeiro time, como as das universidades Harvard, Stanford e Columbia, mantêm departamentos voltados exclusivamente para a pesquisa de terapias alternativas e de práticas holísticas baseadas no conhecimento oriental. Grupos de médicos brasileiros ligados a grandes hospitais, como o Hospital do Servidor Municipal de São Paulo, e à Universidade de São Paulo, discutem uma abertura da medicina convencional na direção de outros sistemas de cura. Como em qualquer crise, a da medicina moderna pode ser um sinal de renovação.

Ai!
A dor ainda é um dos maiores desafios à medicina e aos médicos, que não sabem lidar com ela

A dor é o sintoma patológico que mais leva pessoas aos médicos. Só no Brasil 80% das consultas são relacionadas a esse fenômeno biológico, o mais explícito dos sinais do organismo. Recentemente, a dor foi considerada o quinto sinal vital. Apesar disso, a incapacidade dos médicos de lidar com a dor de seus pacientes continua a ser um dos pontos críticos da medicina moderna. Como a dor não pode ser medida objetivamente, a exemplo da pressão do sangue e dos níveis de colesterol, é difícil para a maioria dos profissionais avaliar sua extensão e efeitos sobre o doente. O tema tem sido enfocado em congressos internacionais e, neste mês, será debatido em São Paulo durante o Simpósio Brasileiro e Internacional sobre Dor, organizado pelo especialista Cláudio Fernandes Correa.

Há alguns avanços nesse campo. O dolorímetro, aparelho que capta ondas infravermelhas produzidas pelo calor do corpo, já permite ao médico obter uma medida aproximada da intensidade da dor física. Outra técnica menos sofisticada, mas eficaz principalmente em crianças, é a escala de dor – uma faixa contendo cores, números ou figuras com expressões que vão do sorriso à careta. O paciente, então, é solicitado a dizer qual ícone ou número expressa com mais exatidão a sua dor. Mesmo diante de um número concreto, o médico deve ponderar que a percepção da dor varia de paciente para paciente. Problemas psicológicos podem aumentar em até 20% a sensação dolorosa de uma pessoa. Por outro lado, dores crônicas costumam gerar depressão e problemas de relacionamento.

Em clínicas especializadas, como a do Hospital Nove de Julho, em São Paulo, a cura da dor é tentada com a utilização de eletrodos para bloquear as vias nervosas que transportam a sensação desagradável ao cérebro. Os terapeutas holísticos acham isso um erro. “A dor é a luz vermelha que nos adverte. Suprimi-la com remédios ou outros recursos é como tapar a boca de quem está se afogando”, diz o psiquiatra e terapeuta holístico Wilhelm Kenzler.

Um outro jeito de curar

Mais suaves e nada invasivas, as terapias alternativas roubam clientes da medicina oficial.  Mas ainda têm muito a explicar

A medicina convencional, baseada na alopatia, no combate aos sintomas e em intervenções de modo geral agressivas ao organismo do paciente, está aos poucos perdendo a sua posição hegemônica nos países ocidentais. Surpreendida pela revolução comportamental que varreu o Ocidente nas últimas décadas do século XX, questionando vários dos princípios iluministas que regem a cultura européia – e seus herdeiros nas Américas -, a medicina convencional passou a dividir espaço com a homeopatia, a acupuntura, o yoga, a meditação e dezenas de outras práticas terapêuticas não-invasivas, quase todas de origem oriental, antes confinadas entre nós ao terreno do curandeirismo.

Chame-se isso de medicina alternativa ou complementar, integrativa ou holística, a verdade é que algo está mudando numa área vital para as pessoas: a manutenção da sua saúde. E a tendência de mudança não reflete apenas o interesse dos indivíduos por tratamentos mais suaves e com menos riscos de efeitos adversos. Há aí também indícios de uma abertura em direção a um novo paradigma científico, cujo impacto na maneira de o homem lidar com a medicina, com as doenças e com sua própria vida promete ser avassalador.

A velocidade com que as coisas estão acontecendo espanta. Atualmente, 75% das escolas de medicina dos Estados Unidos já oferecem cursos de especialização em terapias alternativas ou desenvolvem estudos sobre o tema. Calcula-se que metade dos 270 milhões de americanos costuma recorrer a algum tipo de tratamento não-convencional, o que representa um enorme fator de pressão sobre os prestadores de serviços de saúde. Sem falar nos lucros de um mercado que se constrói à margem da medicina convencional e que já movimenta 30 bilhões de dólares por ano nos Estados Unidos. É o próprio governo americano, através do Instituto Nacional de Saúde (NIH), um órgão equivalente ao Ministério da Saúde no Brasil, que comanda um mutirão de pesquisas para medir a eficácia dessas terapias. Na Inglaterra já há hospitais formados apenas por homeopatas e o Canadá acaba de tornar-se o primeiro país das Américas a reconhecer a medicina tradicional chinesa como especialidade médica e a autorizar a formação regular de profissionais nessa área.

O fenômeno se repete no Brasil, ainda que em menor escala. O país possui cerca de 14 000 médicos homeopatas, 48 vezes mais do que há duas décadas, quando a homeopatia foi reconhecida como especialidade médica pela Associação Médica Brasileira. Mais de 5 000 médicos se dedicam à acupuntura no país, outra terapia alternativa só há pouco elevada à condição de especialidade médica. Da mesma forma, sob o pretexto de debater a humanização da medicina, cresce o número de médicos alopatas, formados à luz da medicina oficial, que promovem reuniões discretas e encontros públicos nos quais as terapias alternativas são apresentadas como métodos substitutivos de tratamentos baseados em drogas e cirurgias. “Está na hora de admitirmos que existem outras formas de curar doenças”, diz a cardiologista Diana Ribeiro Dantas, que coordenará o próximo encontro a ser realizado em Natal, em junho.

O adjetivo holístico é, com certeza, o que melhor expressa a natureza desses novos tipos de cura. O holismo é uma teoria que vê o homem como um todo indivisível, impossível de ser explicado como se seus componentes físico, psicológico e espiritual pudessem existir separadamente. A medicina holística é, assim, a antítese do modelo biomédico, mecanicista, que se concentra no estudo isolado das partes da “máquina” humana e dos processos químicos específicos que a fazem funcionar. Diante de um doente qualquer, um terapeuta holístico subestimará a classificação da doença, voltando a atenção para o estilo de vida do doente, suas relações sociais, seu estado emocional, sua alimentação. Esse processo de interação com o paciente faria toda a diferença. As entrevistas demoradas, um traço marcante da medicina alternativa, transformam consultas simples em verdadeiras sessões de terapia psicológica nas quais laços de confiança e afeto unem o doente ao terapeuta.

As principais terapias holísticas compõem o repertório de recursos da medicina tradicional chinesa e da medicina ayurvédica, da Índia, com seus sistemas inspirados no taoísmo e no hinduísmo. A grande exceção é a homeopatia, criada pelo médico alemão Samuel Hahnemann no século XVIII. A rápida expansão de todas elas, no entanto, só foi possível depois que algumas descobertas da ciência no século XX proporcionaram outro tipo de sustentação às idéias holísticas.

“As teorias da física quântica, dos sistemas auto-organizadores e da psicologia transpessoal demonstraram com as próprias ferramentas da ciência cartesiana-newtoniana que somos parte de algo mais vasto que os nossos organismos”, afirma o neurocirurgião fluminense Francisco di Biase. Ele é um dos autores do livro “Science and the primacy of consciousness” (A ciência e a primazia da consciência), em parceria com especialistas americanos em física quântica e psicologia transpessoal, ainda inédito no Brasil. O grande aval foi dado pela teoria quântica, ao demonstrar que as unidades subatômicas da matéria são abstratas e podem se apresentar ora como partículas, ora como ondas. Tais padrões dinâmicos, segundo a teoria, formam as estruturas estáveis que constituem a matéria e lhe conferem o aspecto sólido no nível macroscópico, que percebemos a olho nu. Ou seja: tudo o que enxergamos, inclusive nossos corpos, seria resultado da condensação de energias, padrões dinâmicos imateriais. Uma explicação muito semelhante à cosmovisão de antigas doutrinas místicas.

“É bobagem”, rebate o neurofisiologista Renato Sabbatini, da Unicamp. “Os princípios da mecânica quântica só se aplicam ao mundo subatômico e não existe nada que comprove efeitos quânticos na consciência e nas estruturas macromoleculares”. Verdade? “Sim, mas só em parte”, treplica o indiano Harbas Lal Arora, doutor em física pela Universidade de Waterloo, no Canadá, e terapeuta holístico com atuação em hospitais de Fortaleza. O próprio Einstein, autor da equação que demonstra que a matéria é energia condensada, no último ano de sua vida, segundo Harbas, admitiu a existência de formas de energias sutis que ainda não podem ser medidas diretamente mas que são muito poderosas. Tais energias, deduz Harbas, manifestariam-se, entre outras formas, como emoções, sentimentos, vontades e intuições. E seus efeitos no corpo poderiam ser mensurados por meio de mudanças nas ondas cerebrais, ritmos respiratório e cardíaco e secreções glandulares. “São energias que atuam no nível subatômico. Seus campos transcendem às limitações do espaço, do tempo e das energias físicas. E elas têm extrema relevância nos estados de doença, saúde e bem-estar”, diz Harbas.

Ao espetar agulhas em pontos estratégicos do corpo, um acupunturista chinês se propõe a desbloquear as trilhas, conhecidas como meridianos, por onde fluiria a energia vital, o chi. Um médico convencional dirá que ele apenas estimula pontos especiais do sistema nervoso capazes de provocar a liberação pelo cérebro de endorfinas, neurotransmissores de ação sedativa cujas moléculas se assemelham às da heroína. Já a homeopatia, aos olhos da medicina convencional, não conta com explicações plausíveis. A tese homeopata parte do princípio de que qualquer mal pode ser curado por uma substância vegetal ou mineral que produza em um homem são o mesmo sintoma da doença (exatamente o oposto do que faz a alopatia), mas nesse caso utiliza-se apenas a quintessência do princípio ativo, ou seja, a sua energia.

“Medicina alternativa é apenas o nome politicamente correto para o que normalmente chamamos de fraude”, diz Leon Jaroff, ex-editor da revista americana Discover, especializada em ciência. O rápido crescimento da medicina alternativa e a livre prática de suas modalidades, de fato, trazem embutido o risco do surgimento de picaretagens ou, no mínimo, esquisitices como a urinoterapia, que consiste em o paciente beber a própria urina, um excremento rico em toxinas. Só que, de um lado, há doutrinas orientais com milhares de anos de eficácia. E, de outro, até defensores ferrenhos da medicina alopática admitem que as terapias holísticas produzem, sim, um benefício, mesmo que não exatamente por causa de suas propriedades intrínsecas.

“O que funciona é o efeito placebo”, afirma Renato, numa referência aos resultados obtidos com grupos de controle em pesquisas de medicamentos alopáticos. Tais indivíduos, tratados com substâncias sem ação específica sobre os sintomas da doença, como pílulas de farinha e açúcar, acabam apresentando sinais de melhoria simplesmente por suporem estar recebendo o remédio real. “A crença do paciente no tratamento é fundamental e, sabe-se hoje, que ela responde por 50% da eficácia de qualquer medicamento, inclusive antidepressivos”, diz Renato. O assunto ganhou tamanha importância no meio científico que o NIH promoveu em novembro passado um painel com cientistas das principais universidades americanas com o único propósito de debater a adoção de placebos na rotina médica. Seria um meio de evitar o uso excessivo ou desnecessário de drogas. “O efeito placebo é uma conseqüência da participação do estado psíquico na cura do paciente, o que nos leva a inferir que a saúde física resulta do bem-estar psicossomático. Infelizmente essa inter-relação entre corpo e mente é praticamente desprezada na medicina convencional”, afirma Harbas.

Holistas como o psicólogo Giulio Vicini, membro da equipe que implanta, no Senac de São Paulo, um curso de graduação em medicina tradicional chinesa, e a especialista em alimentação e educação Hildegard Richter prevêem que a medicina do futuro será totalmente “vibracional”, baseada nas energias sutis e nos processos psíquicos. Mas a médio prazo o que se espera é uma composição entre sistemas médicos divergentes. “A medicina acadêmica e a medicina alternativa não são antagônicas, mas complementares”, lembra o homeopata paulistano Antonio César Ribeiro Deveza da Silva. O único receio de boa parte dos terapeutas holísticos é que a medicina oficial acabe assimilando as terapias alternativas, adaptando-as ao modelo biomédico e restringindo seu exercício aos médicos. “Isso desfiguraria por completo aspectos terapêuticos que são parte de um sistema coerente,” afirma Eduardo Alexsander Amaral de Souza, terapeuta oriental e reichiano no Rio de Janeiro.

Para saber mais

Na livraria:
– Reclaiming Our Health, John Robbins, HJKramer, Estados Unidos, 1996.
– O Ponto de Mutação, Fritjof Capra, Cultrix, 1999.
– The Placebo Effect, Anne Harrigton, Harvard University Press, Estados Unidos, 1999.
– O Homem Holistico, Francisco di Biase, Vozes, 2001.

Na internet:
http://nccam.nih.gov <http://nccam.nih.gov/&gt;
http://www.nib.unicamp.br/publ.htm
http://www.taps.org.br/biblio.htm

Fonte: http://super.abril.com.br

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Aprenda sobre os benefícios do silêncio

Eunice Ferrari

Precisamos aprender a ouvir os sinais que o mundo invisível costuma nos mandar ininterruptamente, mas devido aos nossos limitados sentidos inferiores, quase nunca conseguimos ouvi-los. Tudo acontece de forma muito mais fácil quando ouvimos e respeitamos esses sinais. Nossas vidas são feitas de fases, que na maioria das vezes não percebemos. Se você parar para refletir, perceberá que poderia ter evitado muita angústia e desapontamentos se tivesse respeitado os sinais de seu corpo, sua mente ou de suas emoções.

Quando falo em mundo invisível, não me refiro necessariamente ao mundo espiritual. Como você quer ouvir o mundo espiritual, se nem ao menos consegue ouvir seu corpo?

Mas como podemos começar a aguçar nossas sensibilidades e ter acesso a esses sinais? Infelizmente, enquanto não aprendermos a silenciar, não conseguiremos abrir os canais mais sensíveis.

O primeiro passo é aprender a parar e respirar. Em seguida, relaxar e, por fim, meditar. Aprender a meditar não é algo que se faça da noite para o dia, muitas vezes é trabalho para toda vida. O que você precisa é começar. Dessa forma, terá chance de desenvolver o gosto por esse estado. E esse desenvolvimento é absolutamente natural, pois é isso que sua alma pede a você há muitos séculos.

Quando começar a sentir os benefícios do estado de silêncio, não sentirá mais vontade de parar. E dessa forma, naturalmente, você buscará por mais e mais silêncio e equilíbrio.

Nosso corpo e alma possuem uma propriedade natural de auto-regulação e é através do relaxamento, da respiração e do estado de silêncio que essa propriedade tem chance de atuar em nós.

Toda natureza tende ao equilíbrio e por causa de nossa conturbada vida de estresse, neuroticamente, evitamos todo contato com esse estado. Todo relaxamento pressupõe entrega e entregar-se é um estado que quase nunca conseguimos experimentar.

Quando você consegue vivenciar momentos de entrega, toda ansiedade desaparece, pelo menos temporariamente. Nesse momento abre-se uma brecha para a auto-regulação. No entanto, raramente nos entregamos porque sentimos medo, muito medo. Entrega pressupõe confiança na vida e confiança é algo que desaprendemos há muito tempo, se é que algum dia a aprendemos.

Até em nossa memória biológica trazemos o medo, desde os tempos das cavernas, todo estresse que fomos obrigados a vivenciar na luta pela sobrevivência. Temos medo de viver, de morrer, do sexo, do amor, da loucura, somos movidos por esse sentimento. O medo faz parte de nossa formação biológica e emocional. É um sentimento saudável, desde que utilizado para nossa proteção, e neurótico quando se torna tão grande que não conseguimos sequer dar um passo em direção ao nosso crescimento.

Entregar-se não é fácil exatamente por causa dos medos inconscientes que trazemos dentro de nós. Procure investigar profundamente a origem de seus medos. Se não conseguir, é porque eles estão severamente cristalizados e escondidos dentro de você. Nesse caso, busque ajuda profissional.

Procure meditar todos os dias. Discipline-se nesse sentido. Não dê desculpas a você mesmo(a). Toda desculpa abriga em si os seus medos. Você possui todos os recursos necessários para ter uma vida mais plena e feliz, no entanto há um lado em você que impede essa busca. Observe esse lado quando estiver em silêncio. Peça resposta a você mesmo e espere um tempo. Observe atentamente aos sinais durante todos os dias. Seu próprio inconsciente dará a você todas as respostas necessárias.

Você precisa dar o primeiro passo, aquele que pode tirá-lo dessa roda viva. Sem esse primeiro passo, você não conseguirá seguir adiante. Comece hoje, não deixe para depois.

Fonte: http://esoterico.terra.com.br

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Causas da felicidade estão dentro da mente

Por Emilce Shrividya

Por que meditar? Porque todos nós buscamos a felicidade e a meditação é a arte de ser feliz. É a arte do equilíbrio.

Tudo o que fazemos é em busca da felicidade. Estudamos, trabalhamos, nos apaixonamos, casamos, temos filhos, compramos muitos objetos, adquirimos posses, buscamos alimentos saborosos, viajamos para outras cidades e países, para férias ao sol ou nas montanhas. Enfim, toda a nossa busca é uma tentativa de encontrar a felicidade, a satisfação e evitar o sofrimento.

Não há nada de errado em buscarmos a felicidade material nas posses, nos relacionamentos, no trabalho. É importante que possamos nos realizar em todos os setores de nossa vida. Mas é essencial compreender que as coisas externas não perduram, se modificam a todo instante e não podem ser a causa de nossa felicidade.

As causas da felicidade estão dentro da mente e não podemos ser felizes com uma mente inquieta, negativa, ansiosa, triste e deprimida.

A mente muda de momento para momento. É instável, inquieta e nos arrasta de um pensamento a outro, nos levando ora para o passado, ora para o futuro, gerando tristeza, preocupações, ansiedades. E neste vai e vem da mente, nesta inquietude de ondas mentais, perdemos a paz. Não vivemos o único momento que existe, o momento presente, que é um presente precioso.

O objetivo da meditação é a felicidade e a paz interior. A meditação estabiliza a mente e nos liberta da inquietude e sofrimento.

Você só pode sentir o que pensa. Se você pensa algo positivo, logo se sente bem e alegre, mas se tem pensamentos negativos logo se sente infeliz.

Contemple isto agora, como um exercício. Pense em alguma coisa bem agradável e mantenha este pensamento por alguns instantes.

Perceba como você começa a se sentir muito bem internamente. Você pode experimentar isto a qualquer momento e perceber os resultados. E o oposto também acontece. Ao alimentar pensamentos tristes, de culpa, de raiva, você imediatamente perde a alegria e o entusiasmo e se sente deprimido, angustiado. Seus sentimentos dependem do que você pensa.

Os pensamentos de preocupação e medo envenenam a vida, destroem a harmonia, a vitalidade, a eficiência. Enquanto que os pensamentos opostos de coragem, bom humor, de alegria acalmam em vez de irritar, curam e produzem mais criatividade.

Existe uma felicidade estável, duradoura que está em nosso interior. A meditação é como uma chave que nos abre este mundo interno. Ao aquietar as ondas mentais, deslizamos para dentro de um espaço tranqüilo e encontramos nossos tesouros interiores como paz, coragem, contentamento, serenidade, bondade, força interior.

Com a prática regular da meditação, começamos uma verdadeira transformação. Você aciona o poder da cura interior. Você faz seu próprio milagre.

É uma verdadeira terapia para o corpo, para a mente e para a alma porque a meditação purifica os padrões mentais e condicionamentos antigos, nos libertando de traumas e conflitos da infância, do passado, de mágoas, frustrações e ressentimentos. Ficamos livres de vícios e hábitos nocivos.

É a arte de ser feliz, pois nos liberta da raiva, da ansiedade, dos medos, da culpa, da depressão, da insônia.

O grande sábio Patanjali, codificador do Yoga, diz em seus Yoga-Sutras:

“Yoga é o controle das ondas de pensamentos, é aquietar as modificações da mente”. [1.2]

Com a meditação, você compreende que é possível acalmar a turbulência da mente. Mas é importante não lutar com a mente, mas começar a observá-la, a entendê-la. Desta maneira, as ondas cerebrais e mentais vão se acalmando e você vai sentindo a tranqüilidade que já existe na mente mais profunda, na mente neutra.

Conseguir o controle sobre seus pensamentos, emoções e sentimentos é um processo lento e gradual. É um desenvolvimento, um treinamento, mas com esforço contínuo, persistência e determinação você vai se transformando para melhor.

Tudo se torna fácil com a prática. Se você persistir em seus esforços para meditar, para permanecer positivo e alegre, você desenvolverá muita força interior. Sua recompensa será sua própria felicidade.

Não pense que é difícil ou que levará um longo tempo para mudar seus hábitos mentais e conquistar a paz da mente. É apenas uma questão de ser persistente.

A Bhagavad Gita, uma das escrituras do Yoga diz:

“Que a separação da união com a dor seja conhecida como yoga.
Yoga deve ser praticada com determinação e com uma mente livre de desânimo.”[6:23]

Esta definição de yoga é muita elevada e nos transmite uma grande esperança: podemos ficar livres da dor, podemos romper a união com a dor.

A causa de nosso contínuo sofrimento é a mente que não pára de divagar e a meditação acalma a mente, estabelece a felicidade que é independente de fatores externos.

Nada pode se comparar ao contentamento de uma pessoa que tem a mente sob controle.

A meditação desperta o amor dentro de nós. Passamos a nos amar, a nos respeitar e aceitar, desenvolvendo uma auto-estima elevada. E começamos a amar mais as outras pessoas, com paciência, tolerância, compaixão.

Referências bibliográficas:

How to know God – the Yoga Aphorisms of Patanjali- Vedanta Press.
Bhagavad Gita – Ed. Pensamento.
Aonde você vai? – Muktananda, Swami-Ed. Siddha Yoga Dham Brasil.
Meu Senhor ama um coração puro – Chidvilasananda, Swami- Ed. Siddha Yoga Dham Brasil.

Fonte: http://www.uol.com.br

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A Dieta do Meditador

O homem é a única espécie cuja dieta não é previsível. A dieta de todos os outros animais é correta. As necessidades físicas básicas deles e sua natureza decidem o que eles devem ou não comer; a quantidade que eles devem ou não comer, quando devem comer e quando devem parar de comer. Mas o homem é completamente imprevisível, ele é absolutamente incerto. Nem sua natureza lhe diz o que ele deve comer, nem sua consciência lhe diz a quantidade que ele deve comer, nem seu entendimento decide quando ele deve parar de comer.

Como nenhuma dessas qualidades do homem são previsíveis, a vida dele seguiu direções muito incertas. Porém, se houver mesmo um pouco de entendimento – se o homem começar a viver com alguma inteligência, com um pouco de reflexão, abrindo um pouco seus olhos – então não é absolutamente difícil mudar para uma dieta apropriada. É muito fácil, não pode haver nada mais fácil. Para entender a dieta correta, vamos dividir em duas partes.

A primeira coisa: o que o homem deve comer e o que ele não deve comer? O corpo do homem é feito de elementos químicos. Todo o processo do corpo é muito químico. Se o álcool for ingerido pelo homem, então seu corpo será afetado pela química – ele ficará intoxicado, inconsciente. Por mais saudável que seja, por mais pacífico que o homem possa ser, a química da intoxicação afetará seu corpo. Por mais santo que o homem seja, se lhe for dado veneno, ele irá morrer.

Qualquer alimento que leve o homem para algum tipo de inconsciência, algum tipo de excitação, algum tipo de extremidade, algum tipo de perturbação, é prejudicial. E o maior, o dano mais profundo é quando essas coisas alcançam o umbigo.

Talvez você não esteja cônscio que na naturopatia por todo o mundo, sacos de lama, comida vegetariana, comida leve, tiras de pano embebidas com água e banheiras estão sendo usadas para curar o corpo. Mas nenhuma naturopatia ainda entendeu o ponto que o efeito das tiras embebidas em água, sacos de lama, ou das banheiras sobre o corpo não é tanto devido às qualidades especiais delas, mas por causa de como elas afetam o centro do umbigo. E assim, o centro do umbigo afeta o resto do corpo. Todas essas coisas – a lama, a água, a banheira – afetam a energia dormente no centro do umbigo e quando essa energia surge, a saúde começa a aparecer na vida da pessoa.

Todavia, a naturopatia ainda não está ciente disso. A naturopatia acha que talvez esses efeitos benéficos estão vindo dos sacos de lama ou dos banhos nas banheiras ou das tiras embebidas sobre o estômago! Eles trazem benefícios, mas os benefícios reais estão vindo do despertar da energia nos centros adormecidos do umbigo.

Se o centro do umbigo for maltratado, se uma dieta errada, uma comida errada for utilizada, então vagarosamente, o centro do umbigo se torna dormente e sua energia fica enfraquecida. Bem lentamente, esse centro começa à adormecer. Finalmente, ele praticamente vai dormir. Desse maneira, nós sequer o percebemos como um centro.

Assim, percebemos somente dois centros: um é o cérebro aonde pensamentos estão constantemente se movendo e o outro é um pouco do coração onde as emoções estão se movendo. Mais fundo que isso não temos nenhum contato com coisa alguma. Dessa maneira, quanto mais leve for a comida, menor o peso que ela cria sobre o corpo, mais valiosa e significante ela será para o início de sua jornada interior.

Para uma dieta adequada, a primeira coisa a lembrar é que ela não deve criar excitação, ela não deve ser tóxica, ela não deve ser pesada. Depois de comer adequadamente você não deve se sentir pesado e sonolento. Mas talvez, nos sintamos pesados e sonolentos após nossas refeições – assim sabemos que estamos comendo erradamente.

Algumas pessoas adoecem porque elas não ingerem comida suficiente e algumas pessoas adoecem por ingerirem muita comida. Algumas pessoas morrem de fome e outras morrem por comer demais. E o número de pessoas que morrem pelo excesso de comida tem sido sempre maior do que o número de pessoas que morrem de fome. Poucas pessoas morrem de fome. Muito poucas pessoas morrem de fome. Mesmo se um homem quiser permanecer faminto não há nenhuma possibilidade dele morrer por pelo menos três meses. Qualquer pessoa pode viver sem comida por três meses. Mas se um homem comer demasiadamente por três meses, então não haverá nenhuma possibilidade dele sobreviver.

Nossas atitudes erradas com relação à alimentação estão se tornando perigosas para nós. Elas estão provando ser muito custosas. Elas nos levaram a um ponto onde apenas estamos de alguma maneira vivos. Nossa comida não parece estar criando saúde em nós, ela parece estar criando doença. É uma situação surpreendente quando a comida começa a nos adoecer. É como se o sol que nasce pela manhã trouxesse escuridão. Isso devia ser um acontecimento igualmente estranho e surpreendente. Mas todos os médicos do mundo são da opinião de que a maioria das doenças do homem são por causa de sua dieta inadequada.

Portanto, a primeira coisa é que toda pessoa deve estar bem ciente e cônscia de sua alimentação. E estou dizendo isso especialmente para o meditador. É necessário para um meditador permanecer ciente do que ele come, quanto ele come, e quais os efeitos disso sobre seu corpo. Se um homem experimentar por alguns meses com consciência, ele irá certamente descobrir qual a comida ideal para ele, qual comida lhe dá tranqüilidade, paz e saúde. Não existem dificuldades reais, contudo, devido a que não damos nenhuma atenção à comida, nunca somos capazes de descobrir a alimentação adequada.

Fonte: http://paginas.terra.com.br/saude/corpomente/Osho/Osho_discursos.htm

Meditar faz bem ao coração

Pesquisas mostram que a meditação ajuda no tratamento das doenças cardíacas

Cilene Pereira

A meditação – técnica cujo objetivo é interromper o fluxo de pensamentos na mente – está se tornando uma aliada cada vez mais forte no tratamento das doenças do coração. Diversos estudos apontam neste sentido. Um dos mais recentes foi realizado pela Universidade da Pensilvânia (EUA) com portadores de insuficiência cardíaca: incapacidade de o coração bombear sangue para o resto do corpo.

Foram selecionados 23 pacientes recém-hospitalizados. Eles foram divididos em dois grupos. O primeiro foi orientado a praticar a meditação todos os dias, durante 20 minutos, enquanto o segundo recebeu o suporte de informações médicas a respeito da doença. O experimento durou seis meses e neste período todos os pacientes continuaram a tomar seus medicamentos convencionais.

Aqueles que praticaram a meditação tiveram melhor desempenho nos testes efetuados três e seis meses após o início da pesquisa. Eles demonstraram maior condicionamento físico e apresentaram menores índices de depressão, febre e hospitalização. “A meditação pode ser um complemento eficaz para melhorar a qualidade de vida do paciente”, diz o médico Ravishankar Jayadevappa, coordenador do trabalho.

Outro estudo, feito na Universidade Maharishi (EUA), concluiu que essa prática auxilia na redução da pressão arterial. De acordo com a pesquisa, realizada com 150 pacientes acompanhados durante um ano, o grupo que meditou obteve melhor controle da pressão e precisou de menos remédios comparados aos pacientes que se submeteram a exercícios de relaxamento ou aos que só receberam informações de saúde.

Diante de conclusões como essas, há um esforço para entender os mecanismos que explicariam os benefícios. Por enquanto, existem algumas hipóteses. Uma delas é resultado de um estudo conduzido no Cedars-Sinai Research Institute (EUA). Ele indicou que a meditação atuaria no sistema nervoso, ajudando a regular a resposta do organismo ao stress, conhecido fator de risco para o coração. Em outra pesquisa, cientistas da Universidade de Harvard descobriram que a prática está associado ao aumento de óxido nítrico no sangue – a substância é vasodilatadora e quando em maior concentração facilita o fluxo sangüíneo, diminuindo a pressão arterial.

No Brasil, esse método ganha espaço. A advogada Maria Rita Paes de Almeida, 48 anos, o pratica há cinco anos. Freqüentadora do Centro Integrado de Ioga, Meditação e Ayurveda (medicina indiana) Ciymam, em São Paulo, ela acredita que isso a auxilia a controlar a pressão. “Ela me acalma”, diz. A meditação também é adotada em dois hospitais e 42 postos municipais de saúde de São Paulo. “É uma maneira de tratar doenças enxergando o indivíduo de forma mais ampla”, explica a médica Tazue Branquinho, coordenadora do programa de Medicina Tradicional e Práticas Integrativas em Saúde, de São Paulo.

É importante salientar que se trata de um método complementar. “É um recurso coadjuvante. Os pacientes não podem abandonar as recomendações médicas”, esclarece o médico Hilton Chaves, secretário da Sociedade Brasileira de Hipertensão.

Fonte: http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/1970/artigo57132-1.htm

Entenda a relação entre meditação e ondas cerebrais

por Nicole Witek

Quase que me transformei de *Dr. Jekyll em Mr. Hyde! Eu costumo ter um comportamento tipo ‘paz e amor’, aplico as regras de ética do yoga. A primeira delas é a não-violência ou ahimsa. Mas nessas duas últimas semanas fui até os ‘extremos’ da violência.

Eu, que prestigio tanto a saúde dos olhos, que promovo exercícios de relaxamento, de acomodação para melhorar o aparelho visual, apesar de tudo que faço e professo, tive um problema que necessitou tratamento a laser.

Fiz duas sessões, uma em cada olho: uma para parar com o descolamento da retina, na semana do acidente, outra para prevenir um eventual descolamento da retina do outro olho, uma semana depois.

Essas duas sessões de laser me deixaram irritada, mal humorada, infernal: como se o diabo tivesse saído das minhas entranhas para morder e machucar. Pensei que esse humor infernal era devido à minha impossibilidade de levar minha vida normal: ler, dirigir, caminhar, praticar yoga… E fiquei curiosa para entender o porquê dessa transformação do tipo: Dr. Jekyll em Mr. Hyde.

Cheguei a essa conclusão que gostaria de compartilhar com você leitor. Gostaria também de receber comentários e idéias a respeito dessa pesquisa. Quero informar o que minha formação não tem nada a ver com a física e que se alguém puder dar explicações mais claras, agradeço.

Desde os tempos mais remotos da criação do universo, estamos crescendo, evoluindo, mudando num meio onde ritmo e caos se sucedem. O ritmo da vida evoluiu com o passar das eras.

Vivemos num ambiente eletromagnético onde cada flutuação perturba nossos campos eletromagnéticos. Impulsões viajam ao redor do planeta várias vezes por segundo entre a superfície e a ionosfera, mandando sinais de coordenação para todos os organismos vivos.

Esses sinais nos ligam ao campo eletromagnético global. Esse campo é chamado de **Campo de Ressonância Schumann. Esse sinal se manifesta como um pulso, como o batimento cardíaco da Terra. O ritmo desse grande tambor ritma nossa saúde e nosso bem-estar.

Sem perceber, estamos imersos nesse batimento gigante, onde nossos ritmos estão tentando se adequar para nossa sobrevivência e evolução. Tem uma relação entre a Terra, nosso corpo e espírito. O campo isoelétrico de baixa freqüência da Terra, o campo magnético terrestre e o campo eletrostático que emana de nosso corpo são imbricados – sobrepostos. Nossos ritmos internos interagem com os ritmos externos, modificando nosso equilíbrio, nossa saúde, nossa concentração mental.

Mas provavelmente as ondas da Ressonância Schumann participam na regulação de nosso relógio biológico, atuando sobre os ciclos de sono e sonho, modificando as secreções hormonais.

O físico finlandês Matti Pitkanen acha que até nossa vida consciente é modificada pelos campos magnéticos planetários e interplanetários. O avanço dos estudos dele permitiu essa conclusão: as microondas e as ondas de rádios têm uma influência sobre a nossa biologia, o nosso equilíbrio e até nas interações mentais com os outros. O físico explica que nossos neurônios, quando animados por sinais coerentes, produzem ondas maiores na superfície do cérebro.

Estudos mostram que pessoas isoladas dos ritmos eletromagnéticos do universo têm irregularidades crescentes e ritmos fisiológicos caóticos. De maneira surpreendente, esses são ajustados novamente por campos elétricos baixos de 10 Hz. Até os astronautas americanos tiveram essas manifestações ruins de isolamento dos ritmos cósmicos até instalar geradores de Ressonância Schumann nas naves espaciais.

Por quê? Nossas células precisam dessa freqüência, dessa música, para se alinhar e manter nossa saúde. Essa música, que era de 7.8 HZ em torno dos anos 50/60 passou para 11 Hz***.

Qual é a relação com o yoga?

Quando paramos nossas atividades voltadas para o mundo interno, quando a agitação externa pára, quando a mente fica mais tranqüila, mudamos o tipo de ondas produzidas pelo cérebro.

Ondas Beta: entre 13 e 40 Hz no estado normal de vigília, são associadas às atividades que requerem uma certa concentração;
Ondas Alpha: entre 7 e 13 Hz, presentes no estado de sonho e na meditação leve, quando os olhos estão fechados. Essas ondas pulsam através de todo o córtex cerebral;
Ondas Theta: entre 4 e 7 Hz no estado de sono, mas também nos estados de meditação profunda. Durante os sonhos lúcidos somos receptivos às informações além da nossa consciência normal;
Ondas Delta: entre 0 e 4 HZ, presentes durante o sono muito profundo. Foi observado que o hormônio de crescimento (melatonina) fica estimulado durante esse período. Esse hormônio é propício à cura e à regeneração dos tecidos;

Durante o estado de meditação, o hipotálamo pode se impregnar dos ritmos do universo sem ser perturbado por nossas emoções, nem nossos pensamentos. O hipotálamo é o maestro de todas as atividades fisiológicas, recebendo as informações do meio interior e exterior ele monitora a produção das secreções hormonais e o sistema neurovegetativo.

Um dos efeitos da meditação é aquietar a mente. A definição do sábio Patanjali para o Raja Yoga, o ponto mais elevado do yoga, é “pacificar os turbilhões da mente”. O método de meditação é instalar ‘a livre impregnação do cérebro’, que podemos até chamar de ‘silêncio talâmico’, ou seja, silenciar os neurônios.

Assim, o cérebro é engrenado pelos ritmos geofísicos naturais. Essa música ou ‘magneto-recepção’ é transmitida ao hipotálamo.

Meditação profunda e ondas mentais

O estado de meditação profunda modifica as ondas mentais. As ondas dos ritmos alfa e theta percorrem o cérebro todinho e, assim sendo, possibilitam que o ser humano entre em contato com o planeta… por ressonância.

Os seres humanos são ligados intuitivamente a essa fonte de informação. Os povos ‘primitivos’ sabiam como se harmonizar à musica da Terra. Os transes com músicas rítmicas, tambores, movimentos de balanço são verdadeiras técnicas de fine tuning (ajuste) com as forças cósmicas.

O yoga através dos exercícios de meditação, ajuda na harmonização do ser humano com os ritmos do universo. Assim sendo, ele facilita a manifestação de todos os ritmos do corpo: respiração, batimento cardíaco, etc. Deixar essas informações impregnar o ser humano, é permitir o equilíbrio natural das forças que contribuem para o nosso equilíbrio total.

Com a meditação, podemos deixar nossos sistemas se impregnar dessas informações começando pela própria música do nosso coração… Até a voz da Terra. Deixar essas forças trabalharem em nós, é permitir acompanhar a evolução do nosso planeta até as mudanças mais extremas.

O corpo humano percebe boa parte dos ritmos do universo pelas informações que chegam à retina.

Como se faz prevenção do descolamento de retina? Com laser. Se trata de impactar (bombardear) a retina com flashes de luz coerente para provocar uma reação cicatricial que vai permitir “colar” a retina no fundo do olho. Essa técnica evita a cirurgia convencional mais traumática e mais pesada. Mas o raio penetra diretamente no lugar mais profundo do cérebro através da retina. Essa luz, perturba o ajuste do nosso ser todinho ao meio interno e externo.

Estamos mergulhados numa ‘sopa eletromagnética’ em permanência. Essa sopa é composta de ingredientes cósmicos e de ingredientes decorrentes do nosso avanço tecnológico: ondas de radio, televisão, freqüências de telefones celulares, microondas, etc.

A terapia a laser é um componente também dessa sopa. Quando se trata do olho, o raio penetra diretamente no lugar mais profundo do cérebro através da retina.

Talvez a prática do yoga estabilize as ondas mentais e faça uma boa prevenção para a saúde do nosso cérebro. A meditação cria uma harmonização com os ritmos profundos do universo, começando pelo interior, acoplando batidas do coração à respiração.

Pode acontecer que os flashes repetidos do laser modifiquem o comportamento, rompam o equilíbrio. Esse desequilíbrio pode até transformar qualquer um em Mr. Hyde, agressivo e violento.

Para voltar ao Dr. Jekyll… já adivinhou? Só meditação.

* Dr. Jekyll and Mr. Hyde: o caso do Dr. Jekyll foi bem documentado principalmente pelas numerosas versões cinematográficas. ‘O Médico e o Monstro’, do escritor Robert Stevenson, narra a luta entre o bem e o mal. Mr. Hyde é a personalidade oculta e perversa. Ele se manifesta em Dr. Jekyll, agradável e conceituado médico que assume esta outra personalidade depois de beber de uma poção por ele mesmo fabricada.

**Ressonância Schumann, efeito eletromagnético que ocorre entre a ionosfera e a superfície terrestre, foi prevista matematicamente pela primeira vez em 1952 pelo físico alemão Winfried Otto Schumann. Fonte: Wikipedia

*** Gregg Braden: “awakening to Zero Point”

Fonte: http://www1.uol.com.br

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