Carro movido a óleo de fritura usado

thumb_1174f91918bafe55bae54c477b6b258aPastéis, bolinhos, batatinha… Frituras de dar água na boca em novíssima versão. Tudo na vida dá um pouquinho de trabalho. É como o óleo de fritura, que segundo os médicos, é um veneno no nosso organismo e fonte poluidora no meio ambiente, mas quando guardado e bem tratado, é um santo remédio para o planeta.

Para contar essa história direitinho, é preciso apresentar o citricultor Paulo Lenhardt. Desde sempre um devoto do meio ambiente, ele nasceu e se criou na cidade gaúcha de Montenegro. Paulo cresceu como todo garoto, apaixonado por carros, e levou vantagem, porque o pai era mecânico.

Ainda adolescente, montou sua primeira máquina, com restos. E, para rodar, experimentou de tudo um pouco – de gás de cozinha a carvão e querosene. Três décadas depois, Paulo está a um passo de sair do anonimato. E tudo por conta do carro que ele usa para trabalhar.

619082-4744-it2É um carro praticamente normal, mas tem cheirinho de pastel… “Em função disso, a gente colocou, carinhosamente, o apelido de ‘pasteleira’ na caminhonete. O pessoal já conhece e sabe por onde eu passei, porque fica o cheirinho de pastel no ar”, conta Paulo.

O cheirinho no ar não é de uma caminhonete que faz entregas. O aroma sai direto do motor do carro, que é movido a óleo de cozinha – aquele que sobra das frituras e é jogado fora.

“Se for jogado no esgoto, no ralo ou num lugar onde caia chuva, vai ser levado para o rio. E um litro de óleo na água equivale, mais ou menos, a um milhão de litros de água contaminada”, alerta Paulo.

O motor faz pelo menos dez quilômetros com um litro de óleo de fritura. E já são 95 mil quilômetros rodados! Portanto, mais de 10 bilhões de litros de água dos rios escaparam da poluição, só com a ajuda da “pasteleira” de Paulo. “É muito legal”, comemora.

Processo

Demora uns 20 dias na linha de produção para reciclar o que era lixo. Começa com duas semanas de repouso, para decantar os resíduos. Mais uma, misturado com água, para separar o sal. Por fim, uma fervura, para evaporar essa água. E, depois de abastecer, só mais um detalhe: a própria água quente do motor é usada para esquentar o óleo a quase 90ºC. Assim, ele fica mais fininho, mais parecido com o diesel original.

“Na verdade, a gente tem que adaptar o que já está aí. O motor a diesel nasceu a óleo de amendoim. Foi a indústria do petróleo que adaptou ele para o óleo diesel. A gente quer fazer o inverso”, diz Paulo.

E sob o comando de Paulo, o motor já queima as gordurinhas de 15 restaurantes da cidade. Com esses fornecedores fixos, Paulo garante combustível para outra caminhonete e mais dois tratores.

“É a minha pequena contribuição para reverter esse processo de demolição do planeta”, diz Paulo.

E o filho, o estudante Frederico Lenhardt, já virou discípulo do mestre nesta empreitada. “O cara tem que pegar e fazer, buscar soluções, não ficar só esperando. Todo mundo fala em aquecimento global, mas pouca gente se coça para fazer alguma coisa”, conclui.

Adaptação

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Para viabilizar o uso do óleo reciclado, são necessárias algumas adaptações no veículo. A primeira é uma linha de combustível alternativa, que liga o novo tanque de combustível à bomba. Não se pode prescindir da linha de alimentação original nem do tanque abastecido com óleo diesel, pois esse combustível é utilizado para iniciar o processo.

Isso acontece porque, para que o óleo de fritura seja aproveitado e fique com uma densidade próxima da do diesel, é preciso estar entre 85°C e 90°C, quando entrar na bomba de combustível. Assim, explica Lenhardt, a ignição é feita com o óleo diesel e, quando o motor já está aquecido, é virada uma chave (à esquerda do volante), para mudar para o óleo vegetal reciclado. Existe também uma forma paralela de aquecimento, feito com uma resistência elétrica, colocada próximo à bomba de combustível. A temperatura é controlada por um termômetro, no painel do veículo.

“Temos que andar com dois tanques de armazenamento porque assim não ficamos sem óleo no caminho, não há postos vendendo óleo de cozinha como combustível nas estradas”, brincou Luciano Sales, biólogo e agroecologista que acompanha o agricultor nas viagens. Segundo os viajantes, a pasteleira percorre 11 a 12 km com um litro.

O motor funciona com dois sistemas paralelos. O primeiro com óleo diesel, para dar o arranque, logo depois é girada a chave para o carro andar apenas com o óleo de cozinha. Segundo Lenhardt, as adaptações necessárias no veículo custaram em média R$ 3 mil e o desenvolvimento e a capacidade do motor não são alteradas.

Preservação do meio ambiente

619091-7750-gaLenhardt e Sales são representantes da Rede Ecovida, conjunto de organizações de agroecologistas do sul do País. “O objetivo é desenvolver e divulgar métodos para o desenvolvimento de uma atividade agrícola sustentável”, explicou Lenhardt. Segundo ele, a rede compreende 21 núcleos espalhados nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O agricultor trabalha no núcleo Vale do Caí, próximo a Porto Alegre, uma organização formada por 190 famílias. Lá, a experiência do óleo de cozinha como combustível já é tradicional: um caminhão, dois tratores e duas caminhonetes já são movidas a óleo.

“Primeiro fizemos uma campanha direcionada aos donos dos restaurantes da região. Queríamos conscientizá-los sobre os perigos que a destinação inadequada do óleo pode trazer ao meio ambiente. Hoje, quase todos os restaurantes da região estocam e nos entregam o óleo”, explicou. Ao chegar no núcleo, o óleo passa por uma estação de limpeza, e depois de 20 dias já está pronto para ser utilizado. “Nosso estoque chega a quase 4,5 t por mês.”

O objetivo da comunidade é montar um miniusina para a produção de óleo a partir do girassol e do amendoim. “Assim poderemos utilizá-lo em nossas casas, nos nossos veículos ou vendê-lo nas feiras”, disse. Segundo ele, além de ser um combustível não poluente, o óleo de cozinha vegetal e não industrializado possui uma capacidade nutritiva bem maior do que os da produção industrial encontrados no mercado.

Lenhardt também disse que já sente a mobilização na preocupação do meio ambiente, a começar pela destinação correta do óleo. “Um dia um feirante de outro núcleo nos contou que possuía sozinho quase 700 l estocados em casa. Ele dizia aos clientes que compravam as frutas na feira que seu trator era movido a óleo e todo mundo levava aquele pouco que sobrava nas casas.”

A ideia despertou o interesse dos estudiosos da área ambiental que participavam da Ecolatina 2007, conferência latino-americana sobre meio ambiente e responsabilidade social que aconteceu na capital mineira, onde o veículo movido a óleo vegetal foi apresentado. Mas também as pessoas que passavam na rua e viam o carro se interessaram pelo projeto. O caminhoneiro e taxista Omar Chaves, 70 anos, considera a idéia válida. “Esse óleo ia ser jogado nos rios, poluindo a nossa água. Agora se descobriu que podemos reaproveitá-lo, isso é ótimo.”

Para o engenheiro agrícola, Geraldo Demeralino, o principal ponto do projeto é sua importância ambiental. “Ao invés de se utilizar o diesel, que é mais poluente e não renovável, utiliza-se o óleo vegetal que é o contrário disso tudo.”

MAIS INFORMAÇÕES:

– Paulo Roberto Lenhardt – agricultor e autor do projeto do carro movido a óleo de cozinha usado
E-mail: morrodacutia@morrodacutia.org

Fonte:
http://noticias.terra.com.br
http://estadodeminas.vrum.com.br

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Óleo vegetal, uma alternativa polêmica

Enquanto o Brasil dá seus primeiros passos na produção de biodiesel, os agricultores voltam suas atenções a uma polêmica técnica: o uso de óleo vegetal in natura nos motores e máquinas agrícolas. Na luta contra os altos custos de produção, vale até azeite de supermercado na alimentação de tratores. O assunto é tema de discussões e demonstrações na Expodireto, que se encerra hoje em Não-Me-Toque.

Pela primeira vez, a empresa Helianthus, que produz sementes de girassol, está apresentando em uma feira o processo completo para uso de óleo vegetal em veículos. No estande, é mostrada a máquina que extrai óleo dos grãos, deixando um resíduo sólido que serve de alimentação para animais. O líquido vai imediatamente para o tanque de um trator. Antes de entrar no motor, passa por um equipamento acoplado à máquina que o aquece a 90 graus – esse processo evita que resíduos se depositem na estrutura, danificando-a.

– O litro do óleo feito na propriedade fica por R$ 0,80, bem mais barato do que o do diesel. O agricultor produz o próprio combustível – afirma Gilberto Grando, sócio da empresa.

O produtor rural Fernando Sohne, de Chapada, aposta nessa alternativa. Em novembro e dezembro, colheu 45 toneladas de girassol em 30 hectares. Vendeu sua produção à cooperativa, mas deixou 2,3 mil quilos do grão para testar a produção do combustível caseiro. Na Expodireto, se informava sobre as máquinas de extração do óleo. O presidente da Associação dos produtores de Soja de Mato Grosso, Rui Prado, diz que a prática é comum naquele Estado.

– Tem gente que compra óleo de soja na prateleira do supermercado e mistura com o diesel. No curto prazo não tem problema – relatou Prado em palestra na Expodireto.

O óleo vegetal também pode ser extraído de outras plantas como soja, canola e mamona, que atraiu a atenção do público na Emater.

A prática é tão antiga quanto polêmica. O primeiro motor a diesel, em 1900, funcionou com óleo de amendoim. Mas os veículos de hoje estão adaptados ao diesel comum misturado somente com o biodiesel – que é baseado no óleo vegetal, mas passa por transformações químicas que o tornam seguro. A Associação Nacional do Petróleo afirma que o uso do óleo vegetal pode danificar os veículos e proíbe a venda desse produto.

– O grande problema é que o óleo vegetal tem resíduos que alteram o desempenho do motor. Ainda são precisos testes para descobrirmos formas adequadas de utilizá-lo sem danificar o motor – afirma Carlos Trein, professor da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e especialista em mecanização agrícola.

Sebastião Ribeiro

http://www.biodieselbr.com

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Engenheiro defende uso de óleo vegetal puro nos motores diesel

Tese apresentada na Agrifam diz que biodiesel é ‘um engano’ por ser solução ‘paliativa e cara’.

Ao mesmo tempo em que o governo e os centros de pesquisa se empolgam com o biodiesel, o engenheiro mecânico Thomas Renatus Fendel, de Rio Negro (PR), defende que, ao invés de adicionar o óleo vegetal ao diesel, os motores de ciclo diesel devem ser adaptados para consumir o óleo puro.

No sábado, dia 5, em palestra na 4ª Agrifam (Feira de Agricultura Familiar), o técnico afirmou que o biodiesel “é um engano”. “É a mesma coisa que adicionar álcool à gasolina para fazer biogasolina”. Daí sua tese de adaptar os motores ao óleo vegetal, que não polui e pode ser extraído de qualquer fonte, até mesmo do reaproveitamento de frituras.

Na opinião de Fendel, o biodiesel é uma solução paliativa, cara, complexa e sujeita ao oligopólio energético. Para sustentar sua tese, ele apresentou um automóvel Golf movido a diesel e adaptado para óleo vegetal.

Relatou ter andado 25 mil quilômetros com uma Saveiro que fazia 18 km/l com óleo de soja colhido em cozinhas de pastelarias. Falou ainda de automóveis tipo popular que podem fazer até 30 km/l com óleo vegetal.

Mercado aos ‘pequenos’
A principal proposta do engenheiro é abrir o mercado energético para o pequeno produtor, dentro da mesma idéia defendida pela Fetaesp ao trazer a microdes-tilaria de álcool à Agrifam.

“Nós temos os motores e os meios para convertê-los a queimar os óleos de produtos que hoje exportamos in-natura. Vamos processar isso tudo aqui”, propõe.

Formado pela Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá (hoje Unesp), o palestrante é apaixonado pelas inovações. Ganha a vida produzindo máquinas especiais para a indústria e a agricultura mas, paralelamente, trabalha em seus inventos.

Já produziu uma motocicleta econômica, trabalha em processos de geração de energia e recuperação de calor e diz que sua paixão é substituir os combustíveis fósseis pelo óleo vegetal, álcool, biogás e outros.

Gerar (e vender) energia
Fendel revelou aos presentes à sua palestra que há 12 anos mantém uma pequena microusina de eletricidade que gera 10 kW/h e que injeta, clandestinamente, essa eletricidade na rede. Sua esperança é conseguir desenvolver um processo de co-geração e receber por isso.

Sua tese é de que pequenas usinas particulares sejam autorizadas a funcionar no período das 18h às 21h ou 22h — período quando ocorre o pico de consumo.

Para gerar essa energia, as usinas usariam óleo vegetal, lenha ou qualquer outro combustível de biomassa, aproveitando-se o calor do radiador e dos escapamentos do motor para aquecer água.

“Isso, num hotel ou empresa, representa uma grande economia e seria a garantia de abastecimento no horário de pico”, defende.

Pelo sistema os pequenos produtores venderiam eletricidade no pico e a comprariam na baixa demanda.

Jair Aceituno

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Enchendo o tanque com óleo de fritura

Em uma recente viagem de Massachusetts até minha casa em Nova Jersey, uma distância de 260 quilômetros, eu queimei um total de 2 copos de diesel em meu Volkswagen Jetta TDI 2001.

Como isto indicaria uma economia de combustível de mais de 255 quilômetros por litro, algo não fazia sentido.

A parte que faltava da equação era esta: eu estava voltando de Easthampton, Massachusetts, onde Daryl Beck, um mecânico bem versado em tais assuntos, tinha acabado de instalar um sistema secundário de combustível no meu carro. O combustível principal que usei para voltar para casa não foi o diesel, que o Jetta foi projetado para queimar, mas óleo vegetal comum.

Eu usei o diesel apenas nos primeiros 15 quilômetros da viagem. Depois disso, o medidor de diesel permaneceu no mesmo lugar enquanto o VW prosseguia alegremente à base de óleo de soja –o mesmo que os restaurantes usam para frituras e tempero de saladas. Eu usei cerca de 11 litros de óleo para os 240 quilômetros restantes da minha viagem para casa, o que representa mais de 21 quilômetros por litro. Nada mal.

Agora, após mais de 3.200 quilômetros à base de óleo vegetal, parece haver poucas desvantagens na transformação. Meu carro parece estar consumindo menos, parece estar rodando mais silenciosamente e parece ter o mesmo vigor que tem com diesel. Segundo os resultados de teste que vi, o óleo vegetal queima de forma um pouco mais limpa na maioria das categorias do que o diesel, e emite absolutamente nenhum enxofre. O que um carro vegetariano emite é um odor ligeiramente fragrante de óleo sendo queimado -ou, no caso de óleo usado, o odor do que cozinhou antes.

Óleo vegetal, é claro, é uma fonte renovável que emite tanto dióxido de carbono quanto a safra do próximo ano absorverá e não exige que soja seja extraída no Refúgio Nacional da Vida Selvagem do Ártico ou qualquer outro lugar. Os ambientalistas até lhe darão mais pontos no jogo do verde por usar óleo usado anteriormente na cozinha.

Mas você não receberá pontos da Agência de Proteção Ambiental (EPA) federal, que recentemente declarou que o uso de óleo vegetal como combustível é uma violação da Lei do Ar Limpo e que a modificação do carro para uso de óleo vegetal sujeita o proprietário a uma multa de US$ 2.750.

Justin Carven, o fundador e proprietário da Greasecar, disse que sua empresa deu início ao processo de habilitação de seu kit de conversão para certificação da EPA.

Optar pela solução vegetariana não faz o tipo de direção “abasteça e ande” com o qual os americanos estão habituados. Em redes de desconto como Costco ou Sam’s Club, o óleo de soja custa cerca de US$ 13 por uma lata de 16 quilos, um recipiente mais ou menos quadrado com capacidade de cerca de 17 litros. Isto representa alguns centavos a menos por litro do que o atual preço do diesel.

E é possível pagar menos –ou nada. Eu também recolhi 20 latas de óleo usado, apenas pedindo, em vários restaurantes e junto a um generoso usuário com um excesso de óleo. Agora que tenho minha estação de filtragem funcionando em um canto da minha garagem, mesmo as visitas aos mercados locais serão menores e mais espaçadas.

Há algumas poucas coisas com as quais preciso manter a atenção: eu preciso lembrar de limpar as linhas de combustível do óleo vegetal e voltar ao diesel poucos minutos antes de encerrar a viagem. Se eu esquecer disto em uma noite fria, o óleo poderá congelar e tornar a partida na manhã seguinte impossível sem a ajuda de um secador de cabelo.

Eu preciso me lembrar de usar a função limpeza no seletor de combustível montado no painel por não de cerca de 20 segundos. Se eu deixar na função limpeza, ele poderá deixar que o diesel flua para o tanque de óleo vegetal o fazendo transbordar, fluindo para a entrada de ar, um estrago que prefiro não experimentar.

Adicione alguns poucos fatores à categoria de pequenas inconveniências que acompanha minha euforia com independência de energia: eu preciso carregar um filtro de óleo vegetal sobressalente para o momento inevitável em que o original disser basta. Eu também tenho uma chave para filtro e um par de luvas de forno que me permite trocar o filtro enquanto o motor ainda está quente. E não devo esquecer o “turkey baster” (recheador de peru): isto para encher o novo filtro com óleo vegetal do tanque, para não introduzir uma bolha de ar no sistema, que faria o motor parar.

Meu porta-malas é menos espaçoso –na verdade, muito menos– do que costumava ser, por causa da lata sobressalente de óleo que carrego, juntamente com um grande funil que me permite encher o tanque sem respingar. O pneu estepe também ocupa espaço dentro do porta-malas; o tanque de óleo vegetal ocupa a área antes destinada para guardar o estepe.

Apesar das inconveniências, minha esposa, Ginger, está tão apaixonada por esta experiência quanto eu. Ela já tomou posse do Jetta, mas se candidatou a ajudar no trabalho mecânico de converter outro carro para mim. Ela chama a experiência de “projeto Noah”, batizado segundo nosso neto de 11 anos, que ela espera que se beneficiará de um mundo melhor caso outros façam o mesmo.

Apesar dos benefícios óbvios de usar um combustível que contribui para a independência de energia do país, que é relativamente barato e que pode ser queimado após já ter servido seu propósito original –cozinhar– vale a pena notar que dificilmente o óleo vegetal substituirá o petróleo tão cedo.

À medida que crescer o número de conversões, os usuários acabarão sobrecarregando o estoque de óleo para cozinha. Assim como o álcool e outros combustíveis de origem agrícola, ainda resta saber se o cultivo de soja é uma forma eficiente de produzir combustíveis não-petrolíferos, já que o cultivo consome grandes quantidades de combustível e fertilizantes ricos em produtos químicos. Além disso, o uso de plantações como combustível poderia ter efeitos imprevisíveis sobre os preços e oferta de alimentos.

O território também não está mapeado de outras formas, como visto nos comentários postados em um fórum online patrocinado pela Greasecar.com. Veja o caso de “Chase”, um morador de Massachusetts que talvez não tenha tido o cuidado devido na estocagem de seu óleo. Chase escreveu que se deparou com grande urso preto com o focinho em um galão aberto e virado. “A sorte é que o óleo vazou para minha entrada de pedriscos, de forma que deverá ser absorvido em breve. Também foi sorte o urso não ter virado as outras 12 latas. Alguns gritos e gestos o fizeram ir embora.”

Uma pergunta freqüente sobre o óleo vegetal é se o desempenho dos carros é menor com ele. Veja o caso de “TDIGuy”, que buscou orientação sobre se um estouro da gaxeta do cabeçote poderia ter resultado ao “dirigir um VW rápido demais por tempo demais” e “pisar bem fundo”. Após receber alguns comentários úteis, TDIGuy se explicou: “Quando disse acelerar um pouco e pisar fundo, eu quis dizer que estava tentando chegar a 225 km/h no carro. Eu cheguei a 210, mas acho que forcei demais o motor.”

Uma preocupação comum na conversão do carro para óleo vegetal é a possibilidade de danificar o motor. Mas algumas pessoas que fizeram a conversão disseram não ter visto dano, mesmo após muitos quilômetros. Phil Gibbs, um bombeiro de Nova York que percorre 120 quilômetros duas vezes por semana para vir de sua casa em Putnam County, disse que já rodou 120 mil quilômetros com seu Jetta 2002 à base de óleo vegetal sem nenhum problema.

O carro já tinha rodado 110 mil quilômetros antes da conversão. “Ele roda igual a quando era novo”, disse Gibbs. O segredo, ele acrescentou, é só passar para o óleo vegetal quando atingir a temperatura apropriada.

A conversão típica envolve a instalação de um sistema de combustível paralelo com um tanque independente (o meu é de alumínio, na forma de um disco de hóquei com capacidade para 49 litros), um sistema de aquecimento que passa um refrigerador para o motor quente por meio de serpentinas de cobre localizadas dentro do tanque e que envolvem um filtro de óleo vegetal especialmente instalado no compartimento do motor, assim como um conjunto de válvulas ativadas por solenóides controlado por uma chave montada no painel, que alterna o uso de diesel e óleo vegetal.

Há também um medidor de temperatura de combustível que diz ao motorista quando passar do diesel para o óleo vegetal após a ignição, e um medidor de combustível aproximado que dá uma idéia de quanto óleo vegetal há no tanque.

A Greasecar, a empresa responsável pelo meu kit de conversão, foi criada em 2000 por Carven, um bacharel em projetos mecânicos pela Hampshire College que experimentou um projeto estudantil em um carro sucata de US$ 300. Ele comemorou sua formatura com uma viagem cross-country em uma velha van VW que ele equipou com um sistema à base de óleo vegetal.

Agora a Greasecar conta com 14 funcionários e envia cerca de 300 kits por mês de sua loja em fábrica de tijolos do século 19.

Muitos compradores seguem o manual de instruções que acompanha o kit e fazem eles mesmos a instalação. Outros, como eu, procuram mecânicos experientes que sabem exatamente o que estão fazendo e estão atualizados nos mais recentes desdobramentos na arte do óleo. Vários fabricantes de kits semelhantes possuem redes de instaladores recomendados.

Além dos kits disponíveis comercialmente, muitos sistemas caseiros estão sendo instalados por mecânicos de fundo de quintal por todo o país. Você pode entrar em contato com eles por fóruns na Internet como os de sites com o Greasecar.com; o de outro fabricante de kit, a Frybrid.com; e no Biodiesel.infopop.cc/eve.

Para converter um carro para óleo vegetal, você precisa começar com um carro a diesel; ele não pode ser feito em um motor a gasolina. Nem todos os Estados permitem a venda de veículos novos de passageiros movidos a diesel, e há leis estaduais diferentes que regem a venda de carros usados. (Eu comprei o meu na B&B Auto Sales em North Providence, Rhode Island, às cegas, por meio de leilão no eBay.) Eu tive sorte, apesar do carro apresentar 236 mil quilômetros no odômetro, ele estava em boas condições, exatamente como descrito pelo vendedor.

Eu fiquei surpreso em saber que Rudolf Diesel, o inventor do ciclo de combustão que leva seu nome, originalmente pretendia que seu motor rodasse com óleo vegetal. Em 1912, sete anos após apresentar seu motor em uma exposição em Paris, ele disse: “O uso de óleos vegetais como combustíveis para motor pode parecer insignificante hoje. Mas tais óleos poderão se tornar com o passar do tempo tão importantes quanto derivados de petróleo e coltar no presente.”

Para mim e meu “Volksvegan”, tal momento é agora.

Jim Norman
Tradução: George El Khouri Andolfato

http://www.biodieselbr.com

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