Acupuntura e reiki agora têm explicação científica

Pesquisadores avaliam efeitos e mecanismo de terapias alternativas em animais de laboratório
por Bruna Bernacchio

Pesquisas recentes comprovam efeitos benéficos e até encontram explicações científicas para acupuntura e reiki. Estudos sobre o assunto, antes restritos às universidades orientais, ganharam espaço entre pesquisadores norte-americanos, europeus e até brasileiros. Recentemente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) criou uma denominação especial para esses métodos: são as terapias integrativas.

Um artigo exmecanismo da acupuntura contra a dor foi publicado por pesquisadores da Universidade de Rochester na revista Nature Neuroscience em 30 de maio. Criada há quatro mil anos, a prática consiste na aplicação de agulhas em pontos do corpo. Pela explicação tradicional, ela ativa determinadas correntes energéticas para equilibrar a energia do organismo.

Cientificamente, as agulhas teriam efeitos no sistema nervoso central (cérebro e espinha dorsal). As células cerebrais são ativadas e liberam endorfina, um neurotransmissor responsável pela sensação de relaxamento e bem-estar. O estudo dos nova-iorquinos descobriu uma novidade: a terapia, que atinge tecidos mais profundos da pele, teria efeitos no sistema nervoso periférico. As agulhas estimulam também a liberação de outro neurotransmissor, a adenosina, com poder antiinflamatório e analgésico.

No experimento com camundongos com dores nas patas, cientistas aplicavam as agulhas no joelho do animal. Eles constataram que o nível de adenosina na pele da região era 24 vezes maior do que o normal e que houve uma redução do desconforto em dois terços.

Maiken Nedergaard

A equipe tentou potencializar a eficácia da terapia, colocou um medicamento usado para tratar câncer nas agulhas. A droga aprimorou o tratamento: o nível de adenosina  e a duração dos efeitos no organismo dos animais praticamente triplicou e o tempo de duração dos efeitos no organismo dos ratos também triplicou. Mas este método não poderia ser feito em humanos porque o medicamento ainda não é usado clinicamente. “O próximo passo é testar a droga em pessoas, para aperfeiçoá-la ou para encontrar outras drogas com o mesmo efeito”, diz Maiken Nedergaard, coordenadora do estudo.

Reiki

Imposição de mãos nos grupos “Controle-Luva” e “Impostação”, respectivamente.

Seus praticantes acreditam nos efeitos benéficos da energia das mãos do terapeuta colocadas sobre o corpo do paciente contra doenças. Para entender as alterações biológicas do reiki, o psicobiólogo Ricardo Monezi testou o tratamento em camundongos com câncer. “O animal não tem elaboração psicológica, fé, crenças e a empatia pelo tratador. A partir da experimentação com eles, procuramos isolar o efeito placebo”, diz. Para a sua pesquisa na USP, Monezi escolheu o reiki entre todas as práticas de imposição de mãos por tratar-se da única sem conotação religiosa.

Ricardo Monezi

No experimento, a equipe de pesquisadores dividiu 60 camundongos com tumores em três grupos. O grupo controle não recebeu nenhum tipo de tratamento; o grupo “controle-luva” recebeu imposição com um par de luvas preso a cabos de madeira; e o grupo “impostação” teve o tratamento tradicional sempre pelas mãos da mesma pessoa.

Depois de sacrificados, os animais foram avaliados quanto a sua resposta imunológica, ou seja, a capacidade do organismo de destruir tumores. Os resultados mostraram que, nos animais do grupo “impostação”, os glóbulos brancos e células imunológicas tinham dobrado sua capacidade de reconhecer e destruir as células cancerígenas.

“Não sabemos ainda distinguir se a energia que o reiki trabalha é magnética, elétrica ou eletromagnética. Os artigos descrevem-na como ‘energia sutil’, de natureza não esclarecida pela física atual”, diz Monezi. Segundo ele, essa energia produz ondas físicas, que liberam alguns hormônios capazes de ativar as células de defesa do corpo. A conclusão do estudo foi que, como não houveram diferenças significativas nos grupos que não receberam o reiki, as alterações fisiológicas do grupo que passou pelo tratamento não são decorrentes de efeito placebo.

A equipe de Monezi começou agora a analisar os efeitos do reiki em seres humanos. O estudo ainda não está completo, mas o psicobiólogo adianta que o primeiro grupo de 16 pessoas, apresenta resultados positivos. “Os resultados sugerem uma melhoria, por exemplo, na qualidade de vida e diminuição de sintomas de ansiedade e depressão”. O trabalho faz parte de sua tese de doutorado pela Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp).

E esses não são os únicos trabalhos desenvolvidos com as terapias complementares no Brasil. A psicobióloga Elisa Harumi, avalia o efeito do reiki em pacientes que passaram por quimioterapia; a doutora em acupuntura Flávia Freire constatou melhora de até 60% em pacientes com apnéia do sono tratados com as agulhas, ambas pela Unifesp. A quantidade de pesquisas recentes sobre o assunto mostra que a ciência está cada vez mais interessada no mecanismo e efeitos das terapias alternativas.

http://revistagalileu.globo.com

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Terapias do Biocampo: Mais verdades do que mitos, concluem cientistas

Energia sutil do corpo

Pesquisadores da Universidade da Califórnia, uma das mais respeitadas dos Estados Unidos, decidiram fazer uma revisão geral dos inúmeros estudos científicos que estudaram a eficácia das chamadas terapias do biocampo, incluindo Reiki, terapia do toque, toque terapêutico, biomassagem e outras.

As terapias do biocampo geralmente oferecem resultados muito além dos prometidos pelos tratamentos convencionais, baseados em psicoterapia e em medicamentos. Essas modalidades de terapia complementar afirmam utilizar a energia sutil do corpo – o biocampo – para ativar os processos de cura do próprio organismo.

As terapias do biocampo se oferecem como tratamentos complementares, entre outros, para redução da dor em vários tipos de doenças, redução da ansiedade em pacientes hospitalizados e redução de comportamentos agitados em quadros de demência.

Pesquisas científicas sobre biocampo

Os doutores Shamini Jain, especialista em prevenção de câncer, e Paul Mills, psiquiatra, decidiram então fazer uma análise detalhada e isenta das várias pesquisas publicadas por outros cientistas sobre as diversas formas de terapias do biocampo.

Os resultados acabam de ser publicados no periódico médico Journal of Behavioral Medicine.

Terapias do biocampo

Um número cada vez maior de pessoas utiliza as terapias do biocampo em tratamentos e como medidas preventivas, apesar do pequeno número de pesquisas científicas envolvendo o tema e, principalmente, de evidências mais concretas de que elas funcionam de fato.

Essas técnicas vêm sendo utilizados por milênios em várias culturas, para curar problemas físicos e mentais. Somente muito recentemente elas passaram a ser analisadas com os métodos científicos da medicina ocidental.

Em uma revisão detalhada de 66 estudos clínicos que estudaram as terapias do biocampo em diferentes populações de pacientes, sofrendo de uma grande variedade de condições médicas, os dois cientistas decidiram examinar a integridade dos argumentos e das evidências científicas colhidas para mostrar a eficácia dessas terapias complementares.

Evidências fortes e moderadas

Os dois cientistas concluíram que, no geral, os trabalhos científicos publicados nesta área têm uma qualidade média em termos científicos, destacando-se igualmente estudos de excelente qualidade e estudos cujas metodologias apresentam algum tipo de falha.

Quanto aos resultados dos estudos, os dois cientistas encontraram fortes evidências de que as terapias do biocampo reduzem a intensidade da dor em populações não-hospitalizadas.

Para os pacientes hospitalizados e para os pacientes com câncer, as evidências de que as terapias do biocampo reduzem a intensidade da dor foram catalogadas como moderadas.

Os cientistas também encontraram evidências moderadas de que essas terapias acalmam comportamentos agitados em pacientes com vários tipos de demência. Os resultados são similares quando o tratamento complementar é voltado para reduzir a ansiedade em pacientes hospitalizados.

Novas pesquisas científicas

As evidências coletadas pelos diversos estudos não são conclusivas quanto ao uso das terapias do biocampo para o tratamento de sintomas de fadiga e para a melhoria da qualidade de vida de pacientes com câncer, assim como para a redução da dor e da ansiedade em pacientes especificamente com problemas cardiovasculares.

Os autores concluem que há uma grande necessidade de mais estudos de alta qualidade sobre o tema e sugerem áreas específicas para a realização de novas pesquisas científicas.

Médicos devem conhecer as terapias do biocampo

A principal conclusão dos dois cientistas, contudo, é no sentido de que os médicos passem a conhecer as terapias do biocampo.

“A fim de informar melhor os pacientes dos benefícios potenciais, ou dos não-benefícios, dessas intervenções baseadas no biocampo, os médicos e os cientistas na área da medicina comportamental devem se familiarizar com a teoria e com a prática dessas terapias, assim como das pesquisas feitas na área,” concluem os especialistas.

Fonte: http://www.diariodasaude.com.br

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Terapias alternativas complementam o tratamento convencional contra o câncer

18.09.2008 ]

Terapias alternativas complementam o tratamento convencional contra o câncer e melhoram a qualidade de vida dos que lutam para vencer a doença.

Kátia Strigueto e Thiago Lotufo

Há três meses, a psicóloga Jassyendy de Oliveira, 48 anos, foi aprovada com louvor na primeira avaliação radiológica a que foi submetida depois do tratamento para retirar um tumor no pulmão direito. A tomografia do tórax mostrou que não havia novas lesões e o processo interno de cicatrização caminhava bem. Desde que o câncer foi descoberto, em junho do ano passado, Jassyendy fez quatro sessões de quimioterapia para reduzir 30% do tamanho do tumor e submeter-se a uma cirurgia que lhe removeria um terço do pulmão. Foi um período difícil e pelo bombardeio químico recebido por ela era de se esperar que os efeitos colaterais fossem intensos. Em vez disso, a psicóloga sofreu apenas um leve mal-estar. Fiel ao tratamento médico convencional, ela queria algo a mais para suportar emocionalmente o baque da doença e iniciou um tratamento paralelo com acupuntura e florais de Bach. “Enquanto a quimioterapia cuidava do tumor, a acupuntura e os florais fortaleceram minha vontade de viver. Saía das sessões de acupuntura mais disposta e não fiquei deprimida em nenhum momento”, resume a psicóloga. “Esse conjunto de terapias foi responsável pela minha melhora.”

Jassyendy ainda não pode ser considerada curada (são necessários no mínimo cinco anos para que um paciente de câncer receba a alta definitiva), mas o modo como ela cuidou da doença ilustra uma nova e cada vez mais comum tendência de tratar o problema: aliar a medicina convencional a terapias alternativas e complementares (as alternativas não têm comprovação científica, enquanto as complementares são mais aceitas). Esse modo de encarar o câncer está refletido diretamente nos números. Nos Estados Unidos, um estudo da Universidade de Harvard feito em 1997 revelou que 42% dos pacientes com câncer procuraram algum tipo de ajuda complementar ao tratamento padrão. Em 1990, esse índice era de 34%. Já uma compilação de 26 trabalhos realizados em 13 países mostrou que a média dessa procura é de 31%. No Brasil, a primeira fase de uma pesquisa feita entre 1998 e 1999 com três mil pacientes do Hospital A. C. Camargo, em São Paulo, maior referência em câncer no País, revelou que 48% dos entrevistados usam pelo menos um outro tipo de terapia em conjunto com a quimioterapia. “Comecei o estudo porque muitos pacientes perguntavam o que eu acho das terapias alternativas e eu não tinha uma resposta objetiva”, diz o coordenador do trabalho, Riad Younes.

Os principais motivos apontados pelos pacientes para a busca de uma ajuda complementar são a impessoalidade da relação com o médico tradicional, o uso em excesso de termos técnicos para se referir à doença e o desejo de receber um tratamento menos agressivo do que a quimioterapia. E a medicina alternativa costuma oferecer justamente uma relação mais próxima com os terapeutas, além de apresentar a perspectiva de tratamentos menos dolorosos. “Os pacientes querem se agarrar a todas as armas”, afirma Sérgio Petrilli, diretor-clínico do Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (Graac), de São Paulo. Um estudo recente da Universidade de Stanford, nos EUA, mostrou ainda que o interesse por terapias complementares não é necessariamente resultado de más experiências com a medicina convencional. Mas sim uma maneira de os pacientes sentirem que têm um maior controle sobre o tratamento e podem manter uma melhor qualidade de vida. A artista plástica Denise Mascherpa, 30 anos, por exemplo, buscou apoio nos florais e na meditação para recuperar o equilíbrio emocional após ter sofrido uma cirurgia em 1994 para a retirada de um tumor no ovário. “Acredito que o câncer tem um caráter psicológico forte”, diz. “Andava muito triste. Acho que isso contribuiu para o surgimento da doença.” O dentista aposentado Carlos Schwartz, 78 anos, também faz parte dos pacientes que engrossam o novo perfil de tratamento contra o câncer. Há cerca de três meses – por conta de um melanoma (câncer de pele) – ele faz quimioterapia e usa um tratamento alternativo chamado Canova, com remédios homeopáticos. Diz que eles o ajudaram a ficar menos abatido e a recuperar o bem-estar. “Parece que esse tratamento está ajudando a me escorar”, conta.

Mudança – Desde que essa tendência pela união de terapias foi detectada algo começou a mudar na medicina. Em 1992, o governo norte-americano criou o Office of Alternative Medicine, um centro dedicado a investigar terapias não convencionais como meditação, fitoterapia e massagens, entre outras. Passados oito anos, esse centro foi ampliado em mais dez unidades de pesquisa e recebe uma verba anual de cerca de US$ 50 milhões do governo. Lá, as faculdades de Medicina também estão se abrindo e 27 delas incluem cursos de especialização sobre o tema no currículo. Por aqui, a Universidade de São Paulo (USP) há dois anos oferece uma disciplina de práticas complementares com a qual o aluno da faculdade de Enfermagem escolhe se quer ter noções de terapia floral, massagem e toque terapêutico (uma espécie de massagem energética). “A academia é o melhor lugar para estudar a validade dessas práticas”, justifica Maria Júlia Paes da Silva, professora de Enfermagem da USP. Esse novo paradigma de tratamento recebeu mais dois importantes reforços nos Estados Unidos: mais de 30 planos de saúde passaram a oferecer cobertura para terapias não-convencionais e renomados centros de oncologia começaram a adotá-las juntamente com os procedimentos habituais.

No MD Anderson Cancer Center, o maior centro norte-americano de tratamento de câncer, foi aberto há dois anos o “Place of wellness” (algo como lugar do bem-estar), onde os pacientes complementam seus tratamentos com atividades que vão desde aulas de tai chi chuan até arteterapia e auto-hipnose. “Além do corpo, a mente e o espírito têm de se recobrar do câncer”, diz a coordenadora Laura Baynham, na homepage do MD Anderson. O Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, em Nova York, oferece no departamento de Medicina Integrativa (que busca a interação de diversas terapias) acupuntura, massagem, meditação e outras técnicas. Em São Paulo, um dos centros pioneiros a divulgar esse conceito de medicina integrativa para o câncer é o Day Care Center, que conta com a supervisão do Memorial Sloan-Kettering e do Beth Israel Medical Center. Na clínica, onde o atendimento é gratuito, o paciente tem à disposição um suporte emocional que inclui psicoterapia breve (cerca de oito sessões focalizadas no problema), visualização (relaxamento baseado na projeção mental de imagens) e musicoterapia. “Esse apoio se traduz em menos complicações e queixas por conta da quimioterapia”, explica Ana Georgia de Melo, uma das diretoras da clínica.

Quem frequenta espaços como esses também pode esclarecer dúvidas sobre as diversas terapias que usa e ouve falar. É uma chance e tanto. Isso porque, em média, menos de 40% dos pacientes contam para seu médico que estão adotando algum tipo de terapia alternativa. O restante tem receio de ser criticado. “Esse clima não é bom. O ideal é abrir o jogo com o médico”, diz Sérgio Petrilli, do Graac. O músico Pedro Luiz Albernaz Jr., 35 anos, se conscientizou disso desde que recebeu o diagnóstico de melanoma, em 1997. À quimioterapia que tem de fazer, ele somou práticas como meditação, remédios fitoterápicos e antroposóficos, mas sempre sob a vigilância de seu oncologista. “Falo sobre tudo para que ele me oriente caso alguma dessas escolhas possa atrapalhar a quimioterapia”, conta. Vera Rodrigues Pereira, 47 anos, também não escondeu do médico a opção de usar a cromoterapia (terapia com luzes) para dar um “reforço” à quimioterapia que seu filho, Andrei, dez anos, recebeu no ano passado devido a um tumor na tíbia (osso da perna). Aplicava o conjunto de luzes na perna do garoto diante do especialista e ao mesmo tempo ele passava pela sessão quimioterápica. “O importante era meu filho ficar bem. Acho que isso ajudou a reduzir os efeitos colaterais”, conta Vera.

Interesse médico

A médica norte-americana Barrie Cassileth, autora do livro The alternative medicine handbook, guia sobre as práticas não-convencionais, chefia o Serviço de Medicina Integrativa do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, em Nova York, um dos melhores hospitais do Estados Unidos especializados no atendimento do câncer. Criado em abril do ano passado, o serviço oferece aos pacientes terapias como tai chi chuan, hipnose e técnicas de relaxamento. Barrie falou, por telefone, a ISTOÉ:

ISTOÉ – Os médicos estão mais abertos às terapias não-convencionais para complementar o tratamento do câncer?
Barrie Cassileth – Sem dúvida. Cerca de metade dos médicos está interessada nelas e disposta a usá-las como parte do tratamento. Mas é importante saber que nenhum deles se arriscaria a usar terapias que não possuem comprovação científica. Está se usando cada vez mais terapias complementares como meditação e acupuntura, que já têm seus benefícios estudados pela ciência.

ISTOÉ – A abordagem que estabelece relação entre corpo e mente é a melhor maneira de cuidar da doença?
Barrie – É um caminho que se está mostrando útil. E deve dar ao paciente a opção de escolher o tipo de terapia que lhe for mais agradável.

ISTOÉ – Por que a medicina convencional está se interessando somente agora pelo tema?
Barrie – Na verdade, já se sabia há 20 anos que o apoio psicológico é um ponto importante para se enfrentar o câncer. Hoje esse apoio é muito mais amplo.

ISTOÉ – Existe alguma terapia alternativa mais promissora?
Barrie – Entre os fitoterápicos, o PC-SPES, uma combinação de oito ervas, já se mostrou eficiente no câncer de próstata, e o Viscum album, que é usado na Europa, está sendo melhor estudado.

ISTOÉ – E a babosa?
Barrie – Ela é boa se for usada na forma de creme, externamente, para tratar queimaduras. Para o câncer ela não tem efeito e pode ser mortal se for usada internamente. Pessoas já morreram depois de terem injetado babosa na veia.

Abrangência – Mas será mesmo que cuidar do emocional contribui para enfrentar melhor a doença? “Essa abordagem corpo-mente é útil na qualidade de vida do paciente. Mas ainda resta saber se ela pode aumentar a sobrevida”, pondera Antonio Carlos Buzaid, diretor-executivo do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. No entanto, uma coisa é certa: não faz mais sentido enxergar o paciente de câncer exclusivamente como um tumor a ser combatido. A relação entre corpo e mente é tão inseparável que se tornou óbvia até para o mais cético dos cientistas. “O mundo está acordando para o fato de que não adianta apenas destruir o câncer. É preciso se preocupar em não prejudicar o indivíduo”, aponta Nise Yamaguchi, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia. Realmente. “Aspectos psicológicos como stress e depressão podem interferir na doença”, diz Sérgio Petrilli.

Cuidar da saúde mental dos pacientes, portanto, é fundamental. Mas é preciso ter cuidado. O perigo é o doente achar que pode mudar o curso da doença apenas com a força da mente. Essa é uma idéia pouco consistente e pode gerar sentimento de culpa e frustração se o caso evoluir mal. Assim como depositar as esperanças de cura em uma planta ou gotinhas “milagrosas” pode ser um suicídio. “É normal que as pessoas busquem auxílio nessas técnicas por desespero. Mas sou contra a mistificação. É mentira dizer que algumas gotinhas, chazinhos ou agulhinhas salvam. Já vi pacientes que tinham um tumor operável, mas preferiram usar a terapia alternativa e acabaram morrendo. Estou cansado de ver isso acontecer e ninguém ser punido”, enfatiza o oncologista Drauzio Varella.

A babosa, por exemplo, é uma planta que não tem efeito sobre tumores, mas é amplamente usada pela população. No ranking das terapias alternativas mais procuradas pelos pacientes entrevistados no Hospital A. C. Camargo, ela ficou em primeiro lugar. Só que, além de não agir contra a doença, há quem afirme que a babosa pode causar diarréia e até matar. “Alguns pacientes tiveram de suspender a quimioterapia por causa desse problema e se prejudicaram”, diz Riad Younes. Por isso, mesmo quando um paciente diz ter melhorado por causa da babosa, é preciso cautela. A orientadora educacional Lúcia Adelaide de Araújo, 64 anos, por exemplo, está utilizando um remédio à base da planta desde 1996, quando sua ginecologista decretou que teria de um a seis meses de vida por causa de um câncer no útero. “Um amigo me falou do remédio fitoterápico à base de espinheira-santa, pau-d’arco e babosa e eu comecei a tomar. Consultei um oncologista e ele disse que eu podia acreditar naquilo desde que não interrompesse a quimioterapia”, conta Lúcia. A orientadora seguiu a recomendação. Fez a quimioterapia e submeteu-se a uma cirurgia para a retirada do útero, trompas e ovários. Hoje ela está livre do tumor e faz exames de controle a cada seis meses.

Cautela – Utilizar o tratamento não-convencional como única arma no combate ao câncer é, sem sombra de dúvida, desaconselhável. As terapias complementares não curam a doença. Elas servem para ajudar a controlar seus sintomas e melhorar o bem-estar. Entre os métodos não convencionais, a acupuntura e a meditação são as mais aceitas pela comunidade médica. Embora ainda não se conheça seu verdadeiro mecanismo de ação, a acupuntura estimula o sistema de defesa do corpo, diminui efeitos colaterais da quimioterapia, como náuseas, e alivia a dor. Tanto que tem sido usada há dez anos no Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Rio de Janeiro. É uma das alternativas da clínica de dor do hospital, já que 60% dos pacientes com câncer estão sujeitos a sentir dores. A meditação, por sua vez, ajuda a poupar o organismo porque provoca um alto nível de relaxamento – cerca de seis vezes superior ao do sono – e diminui a produção de cortisol, hormônio relacionado ao stress.

Em relação ao combate direto ao tumor, a principal contribuição vem da fitoterapia, que deu à medicina tradicional mais uma arma para o combate ao câncer de próstata. Trata-se de um composto de oito ervas batizado de PC-SPES, capaz de reduzir o nível do PSA (proteína produzida pela próstata que serve como um indicador do câncer) em homens com tumores avançados, graças a mecanismos ainda não desvendados. O Viscum album, planta usada pela medicina antroposófica, também poderá se tornar mais uma aliada contra a doença. Ela já é utilizada há muitos anos na Lukas Clinic, um hospital suíço que segue os preceitos da antroposofia para tratar pacientes com câncer. Ainda há, entretanto, necessidade de se fazerem mais pesquisas para comprovar efetivamente a sua ação contra o tumor. Alguns trabalhos, por exemplo, apontaram que o Viscum album funciona bem para tumores no ovário e na mama, mas para o melanoma pode ter efeitos indesejados, como uma maior possibilidade de recorrência do problema. “A natureza é um laboratório incrível, mas as chances de se encontrar um bom remédio que possa ser comercializado são muito limitadas”, disse à ISToÉ Gordon Cragg, chefe do Departamento de Produtos Naturais do Instituto Nacional do Câncer dos EUA.

Com o avanço das pesquisas e a maior segurança quanto a eficácia das terapias não-convencionais, a interação entre os diversos tratamentos poderá traçar um novo caminho no combate ao câncer. E isso deve colaborar para derrubar radicalismos. “Muitos médicos ainda têm preconceito contra a acupuntura, assim como os acupunturistas fazem restrições aos médicos. Se aproveitarmos o melhor que cada um pode oferecer, quem lucra é o paciente”, diz o médico Maurílio Martins, acupunturista do Instituto Nacional do Câncer.

Separação do joio e do trigo

Cartilagem de tubarão, cogumelos do sol ou acupuntura? Dessas três opções, apenas a última tem a sua eficácia comprovada por meio de estudos clínicos na redução de dores e da náusea comuns ao tratamento do câncer. O fato é que é preciso ter muito cuidado quando se procura ajuda nas terapias alternativas. Para saber o que realmente funciona e o que é puro embuste são necessárias, por exemplo, pesquisas científicas baseadas também em metodologias consagradas pela medicina convencional. Há parâmetros palpáveis para medir a eficiência dos florais, auriculoterapia (estimulação de pontos na orelha) ou qualquer outra técnica. Não é porque a maioria das técnicas alternativas não interferem diretamente sobre o tumor que seus eventuais benefícios não possam ser percebidos. “Qualidade de vida é perfeitamente mensurável”, afirma Antonio Carlos Buzaid, diretor-executivo do centro de oncologia do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

É necessário também não se deixar inebriar com a atração de que essas terapias são naturais e, portanto, livres de efeitos mais danosos. “Mandioca-brava é natural e mata”, diz Buzaid. A cartilagem de tubarão, algo “natural”, por exemplo, não tem ação nenhuma sobre o câncer de acordo com os estudos mais recentes. Um método de cura para o câncer criado há três anos na Itália pelo médico Luigi Di Bella ilustra o que a divulgação irresponsável de tratamentos “milagrosos” pode fazer com a ajuda da mídia.

Batizado de “Di Bella”, o método se propunha a curar o câncer com uma mistura de vitaminas e hormônios, ao preço aproximado de US$ 5 mil por mês. Trouxe muitas falsas esperanças. Não tinha comprovação científica. Como consequência, milhares de pacientes foram atrás do método que, tempos mais tarde, mostrou-se ineficaz.

Por isso, é importante seguir algumas recomendações para evitar surpresas: converse com o seu médico antes de adotar qualquer terapia complementar; lembre-se de que muitos remédios ainda não tiveram a eficácia comprovada cientificamente e que “natural” não significa “seguro”; evite qualquer método que prometa a cura do câncer; procure informações em hospitais e associações ligadas à doença.

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